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quinta-feira, dezembro 02, 2010

A nova tática do narcotráfico

Carlos Chagas

Eufórico, o governador Sérgio Cabral anunciou que o Exército permanecerá no Complexo do Alemão até outubro. Valeu-se da declaração do presidente Lula de que as forças armadas atuarão em defesa da segurança pública pelo tempo que for necessário.

Trata-se de uma decisão que desperta os aplausos gerais. Os paraquedistas transformaram-se em heróis da população carioca, fluminense e de todo o país. Quebrou-se o tabu de que soldados não foram feitos para subir o morro, porque subiram, lá permanecem e, pelo jeito, não sairão tão cedo.

É bom, no entanto, tomar cuidado. Apesar de muitos praças, sargentos e oficiais ostentarem experiência de guerrilha urbana adquirida no Haiti, não foram preparados para continuadamente lidarem com a bandidagem. Vivem para a extinção do inimigo. Além do que, pela lei 117 de 2004, do uso das Forças Armadas em atribuições subsidiárias, sua ação deve ser episódica e por tempo limitado. Mesmo assim, vale raciocinar com as esperanças de Sergio Cabral e com as promessas do Lula.

Dúvidas inexistem de que os narcotraficantes darão o troco. O primeiro movimento foi deles, os bandidos, ao deflagrarem o animalesco episódio da queima de carros e ônibus. Tiveram que engolir a ocupação dos morros e a desmoralização. Deve a sociedade preparar-se para a tréplica, ainda que o objetivo maior do narcotráfico seja continuar com seu negócio, mais faturando do que guerreando.

Caso, no entanto, comecem a atacar soldados do Exército, até para tentar recuperar espaço e faturas perdidas, monumental obstáculo se levantará diante das comemorações gerais pela vitória no primeiro round. Como sempre, os animais agirão de surpresa, covardemente, atirando e agredindo os soldados num minuto e fugindo no outro. Estarão provocando precisamente o que pretendem: a reação daqueles que foram preparados para a guerra, treinados para destruir o inimigo. Nessa hora, depois de choques e entreveros, fatalmente com vítimas entre a população, quem estará sendo mais atingido do que as comunidades até agora felizes com os acontecimentos do último domingo?

Numa palavra, a tática do narcotráfico parece de trocar o asfalto, onde queimavam carros, pelo alto do morro, onde tentarão demonstrar que as comunidades viviam melhor com eles do que com o Exército. Não é de graça que a mídia, nas últimas 48 horas, começa abrir espaços para denunciar abusos, saques e excessos de parte da tropa que subiu o morro. Foram fatos inevitáveis, próprios da natureza humana e da tensão diante de confrontos cujo resultado não podia ser previsto, mas é bom prestar atenção como e porque estão ganhando dimensão. A estratégia dos bandidos continuará sendo de exercer o controle da venda de drogas, já que fregueses, infelizmente, continuam não faltando.

SUSTENTANDO A AFIRMAÇÃO

Choveram e-mails, telefonemas e mensagens endereçadas a este velho escriba, protestando por conta da afirmação de que o narcotráfico está longe de ser debelado pela simples razão de existirem usuários e viciados aos montes. Enquanto eles estiverem dispostos a se drogar, não haverá como impedir a ação dos que vendem drogas.

Verdadeiros tratados de sociologia, psicologia e ciência política povoaram nosso computador, uns indignados na defesa dos drogados, outros alegando que os viciados e usuários sempre existiram na Humanidade, devendo ser desconsiderados como agentes motores dos confrontos. São coitadinhos, fatores desimportantes no entrevero entre a autoridade pública e o crime organizado.

Com todo o respeito e humildade, vale sustentar o raciocínio, sem conclusão nem fórmulas mágicas para mudar o mundo: as drogas não desaparecerão enquanto existirem drogados, sem que isso represente a estultice de concluirmos pela solução de interná-los no hospital ou na cadeia…

SURTO DE SENSATEZ

No Maranhão, terça-feira, o presidente Lula surpreendeu com uma palavra de simpatia por Fernando Henrique Cardoso, ao dizer que ele só não fez mais, no governo, por conta das dificuldades econômicas.

O sociólogo reagiu de bate-pronto, comentando: “até que enfim o Lula pisou no real, não na moeda, mas na realidade, num surto de sensatez”. Acrescentou que isso aconteceu antes mesmo de seu sucessor tornar-se ex-presidente.

Há quem imagine estar sendo criado um clima de menos beligerância entre os dois, por conta de um cenário que dependerá das concepções de Dilma Rousseff. Afinal, a Constituição prevê uma série de organismos auxiliares do chefe do governo, como o Conselho da República, que nunca se reuniu. Caso a nova presidente, diante de uma crise qualquer, decidir valer-se dos conselhos não apenas do antecessor, com cadeira cativa no palácio do Planalto, mas dos demais ex-presidentes, precisaria convocar ao redor da mesma mesa o Lula, Fernando Henrique, Itamar Franco, Fernando Collor e José Sarney. Uma salada mista para ninguém botar defeito.

ELEFANTE BRANCO

Conhecedores dos meandros da luta pelo poder mundial são unânimes em afirmar que um país só ingressa no clube dos poderosos quando detém, senão a bomba atômica, ao menos um submarino nuclear, eufemismo para concluir que possuindo este, disporá da tecnologia para chegar àquela.

Pois descobre-se que o ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, comentou com Washington que o esforço de nosso país para ter um submarino nuclear equivale à busca de um elefante branco. Com todo o respeito, o diplomata quis mesmo nos fazer de bobos. Fica evidente estarem os americanos utilizando todos os expedientes possíveis para impedir o Brasil de chegar lá, tanto que precisamos celebrar um acordo com a França.

HUMILHAÇÃO NÃO É

Passando do mar para o ar, pegou mal o comentário do Lula em favor da compra de um novo avião para a presidência da República, acentuando ser uma humilhação o Aerolula precisar aterrissar para abastecer, em toda viagem superior a 12 horas. Humilhação não é, mas apenas cautela diante de gastos não prioritários. Beira as raias da ostentação aplicar meio bilhão de reais na compra de uma aeronave moderníssima, só para Dilma chegar a Pequim ou Moscou sem precisar descer em algum aeroporto intermediário.

Fonte: Tribuna da Imprensa

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