Carlos Chagas
Evolui com cautela e simplicidade o time reserva que o presidente Lula colocou em campo, após a saída dos ministros candidatos às eleições de outubro. Os secretários-executivos e chefes de gabinete guindados às cadeiras ministeriais procuram evitar dribles complicados e chutes de longa distância, comportando-se dentro da rotina e passando rápido a bola, infensos a aparecer na imprensa como craques consumados, que não são.
Estão certos, ou estariam, não fosse a desastrada performance de um deles. Pretendendo jogar o que não pode, ou não sabe, Carlos Gabas, novo ministro da Previdência Social escorrega, vai ao chão, leva bola debaixo das pernas, chuta contra seu próprio gol e distribui ponta-pés a valer. Destoa do conjunto aplicado e impessoal.
Por quê? Porque logo no seu primeiro dia de ministério passou a merecer cartão vermelho quando mandou recado aos aposentados: “Reajuste salarial? Podem esquecer…”
Nas arquibancadas, quer dizer, no Congresso, foi uma vaia só. No reverso da medalha, não se ouviu uma única palavra de apoio ao mais recente algoz dos velhinhos. O Senado aprovou, meses atrás, projeto extinguindo o fator previdenciário e igualando ao reajuste dos aposentados de salário mínimo os demais vencimentos de quem parou de trabalhar. O projeto anda a passos de tartaruga na Câmara, dada a exigência do governo pela sua rejeição. Como ninguém tem coragem de votar contra, em especial num ano eleitoral, a solução da maioria é protelar a decisão.
Pois não é que Carlos Gabas acaba de inscrever-se no rol dos pernas-de-pau? Pretendendo agradar o treinador que o escalou, marcou um gol contra seu próprio time. Ou fez pênalti, o que dá no mesmo…
Jardim Zoológico
Dilma Rousseff decidiu engrossar, depois de deixar o governo. Agrediu José Serra dizendo que quando ministro do Planejamento, no governo Fernando Henrique, seu adversário não planejou nada, ou melhor, planejou o apagão. Foi adiante, a candidata, acentuando que os tucanos são lobos em pele de cordeiros.
Caso a campanha eleitoral descambe para a virulência, menos informações chegarão ao eleitorado, a respeito dos planos e programas dos pretendentes ao Palácio do Planalto. Ninguém duvide se depois dos lobos e dos cordeiros, outros bichos forem convocados para o debate. Até as hienas.
Cuidando do futuro
De um lado, José Gregori, Andréa Matarazzo, Aloysio Nunes Ferreira, Luis Paulo Veloso Lucas, José Aníbal, Luiz Gonzáles, Xico Graziano, Caio Carvalho, Márcio Fortes, Ronaldo César Coelho e muito mais gente.
De outro, Antônio Palocci, Márcio Thomas Bastos, Rui Falcão, José Eduardo Cardoso, Franklin Martins, Marco Aurélio Garcia, Clara Ant, Fernando Pimentel, João Santana, José Eduardo Dutra…
Vencendo José Serra ou Dilma Rousseff, começam a ser esboçados os seus possíveis ministérios.
A revolta da natureza
Não adianta ficar criticando o governador Sérgio Cabral ou o prefeito Eduardo Paes, do Rio, como não adiantou, também, culpar José Serra e Gilberto Kassab, de São Paulo. Terão todos parcelas de responsabilidade, seja por omissão, seja por prioridades erradas em suas administrações.
Mas o que acontece no Rio e já aconteceu em São Paulo transcende os limites da ação dos governantes. Mesmo sabendo que cuidaram mal do recolhimento do lixo, da limpeza e ampliação das redes pluviais, da dragagem dos rios e canais, da ocupação desordenada de áreas urbanas, do caos no trânsito e de tanta coisa a mais – fica claro estar a natureza cobrando o seu resgate. No mundo inteiro sucedem-se enchentes, secas, terremotos, tsunamis e sucedâneos, em ritmo raras vezes visto. Fica evidente haver um fio interligando tantas anomalias. No caso, o aquecimento global, gerado pela incúria e a ambição de muitos. Para a destruição do planeta, conclui-se não serem necessárias guerras nucleares…
Fonte: Tribuna da Imprensa