Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) admite, pela primeira vez, ser candidato ao governo do Estado em 2010. Ele não esconde estar entusiasmado com a receptividade do seu nome junto à opinião pública, mas não se deixa picar pela mosca azul. Geddel é, sim, postulante ao Palácio de Ondina, mas não um obcecado pela ideia. O vento sopra a seu favor e em todas as direções. Primeiro, ele quer disputar o cargo. Segundo, o PMDB baiano está vibrando com a possibilidade de lançar oficialmente sua candidatura o quanto antes e, terceiro, o ministro sente-se desobrigado a cumprir acordos que não foram firmados. Como assim? Não está escrito em nenhuma estrela que Geddel comprometeu-se com A ou B em não concorrer à cadeira hoje ocupada por Jaques Wagner. Óbvio que a história não é estática, muito menos a política. Estamos ainda a 19 meses das eleições, tempo suficiente para as nuvens tomarem o formato que bem entenderem. Entretanto, hoje, a sua meta já está traçada. Haverá percalço no meio do caminho. Aliás, existem várias pedras no caminho de Geddel que ele espera, com habilidade e sobretudo diálogo, franqueza e transparência removê-las. O ministro está convencido de que joga democraticamente. Sem subterfúgios. Não poderão acusá-lo amanhã de ter esperado o momento certo para dar o bote. Ele conta a seu favor números acalentadores que o empurram em direção ao que considera uma nova jornada. Geddel não os revela, mas confirma a realização de pesquisas digeridas internamente que o colocam em situação senão privilegiada, pelo menos apto a partir para o front. Geddel não tolera camisa de força, daí não temer possíveis retaliações sejam dos governos federal ou estadual. Com o primeiro, a relação é tida como das melhores. Ele diz que o cargo de ministro não lhe pertence. Foi uma indicação partidária, mas na condição de auxiliar do presidente Lula, além do espírito de fidelidade cumpre seu trabalho com afinco e determinação. Antes adversário de Lula, Geddel assumiu para si o desafio de tirar do papel o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. Foi o primeiro grande embate travado por ele que resistiu às pressões da Igreja Católica personificada pelo bispo de Barra, dom Luiz Cappio, cuja greve de fome por mais de 20 dias apenas aumentou-lhe o apetite. As obras estão em pleno andamento, inclusive sendo vistoriadas periodicamente pelo ministro. O ministro Geddel não acredita que sua candidatura ao governo estadual provoque reação incômoda ao Palácio do Planalto. São cenários diferentes,embora o PMDB nacional tenha hoje forte inclinação para marchar com a candidatura do presidente Lula. A notícia mais nova na praça é a de que a ministra Dilma terá como seu passista o presidente central do partido e da Câmara, deputado Michel Temer. Durante o bate-papo despretensioso (minto, jornalista não pode considerar despretensioso uma conversa com um ministro que sempre tem algo de novo a revelar), ou amistoso como queira, houve quem sugerisse que a candidatura de Geddel poderia, sim, ser também abraçada pelo presidente Lula, que passaria a contar com duas cartas na manga para governar a Bahia: Wagner, que seria o queridinho de Lula, e Geddel, uma opção viável e concreta. Sobre essa hipótese o ministro não se manifestou. Mas disse estar pronto para enfrentar os obstáculos e superar as dificuldades. Também não lhe foi perguntado (portanto ele não tinha como responder) sobre a estratégia para agregar aliados durante a campanha de 2010. Sabe-se que o Democratas, que funcionou como parceiro na reeleição do prefeito João Henrique, namora apaixonadamente com a candidatura do tucano José Serra. O ex-governador Paulo Souto estaria com o passaporte já carimbado rumo ao PSDB para alavancar Serra no Estado. Souto, até que o próprio desminta, vai tentar novamente voltar para onde nunca desejou sair. Mas não se pode descartar uma composição que o privilegie com uma das duas vagas ao Senado. Se essa composição seria com o PMDB, só o futuro próximo dirá. (Por Janio Lopo - Editor de Política)
Maior embate deve ser com o PT
Independentemente da vontade de Geddel Vieira Lima, a sua decisão ( ou melhor, a sua pretensão) de tornar-se o servidor público número um da Bahia vai de encontro aos anseios de reeleição do governador Jaques Wagner. O marido de Fátima Mendonça, a bem da verdade, quer o PMDB e o ministro ao seu lado, como ocorrera em 2006. Naquele instante todas as fichas recaíam para a reeleição de Paulo Souto. O PMDB fez sua aposta e venceu. Chegou junto com Wagner e, por merecimento, passou a ocupar duas importantes secretarias no âmbito estadual: Infraestrutura (Batista Neves) e Indústria, Comércio e Mineração (Rafael Amoedo). A lógica determina que os incomodados mudem de lugar. Os representantes peemedebistas na estrutura do governo baiano não parecem incomodados. Permanecem em seus postos. O próprio Wagner já deu sinais de que não tenciona substitui-los. Seria, na prática, o rompimento formal com o PMDB. O governador dá demonstrações de que alimenta ainda a repetição da aliança costurada com o partido de Geddel em 2006. Há um porém: como segurar as rédeas se todas as câmeras estão focadas para a candidatura do ministro da Integração Nacional. Wagner sabe mais do que ninguém que Geddel, por ser um obstinado, tende mesmo mergulhar de corpo e alma no seu projeto político. Afinal, ele conta hoje com mais de 100 prefeitos e tem na sua balança o saldo de ter ajudado a eleição de Wagner, queiram ou não os petistas mais ortodoxos, os mesmo que pregam abertamente o distanciamento da legenda do PMDB. Wagner, por seu turno, já insinuou por mais de uma vez que não se sente confortável em imaginar que está dormindo com o inimigo. Óbvio que se deve respeitar o objetivo de Geddel. Mas Wagner já expôs que seu governo não será usado como trampolim para que isso aconteça. Em sendo assim prevê-se o inevitável: PMDB e PT jogarão no lixo as alianças que os prendiam até aqui. Pode haver, claro, uma recomposição lá mais na frente. Ou não. Questionado sobre os contatos com Wagner, Geddel age naturalmente: as relações entre ambos são cordiais e maduras. Nesse contexto o ministro sempre se sai bem. Foi dele, por exemplo, a iniciativa de publicar na imprensa uma espécie de desabafo. Mais do que isso: a sua própria carta-testamento deixando o governador à vontade para mexer nos quadros do PMDB estacionados na máquina estadual, com um recado certeiro: em 2010 não seria mais candidato à Câmara dos Deputados. O ministro encheu o saco. Ou, em outras palavras, a Câmara o estressou. Para o seu lugar, no entanto, já um pretendente fortíssimo: Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel e presidente regional do PMDB. Lúcio é um peso-pesado (no bom sentido) da política baiana e uma revelação em termos de habilidade e relacionamento políticos. Bem, Geddel fora do Legislativo só lhe restaria o quê, cara pálida? Elementar: o governo da Bahia. Agora, ao invés de pedras, no meio do caminho de Geddel surgiram flores – espinhosas algumas delas, mas flores. Por seguidas ocasiões, o ministro foi lançado como o novo senador baiano e, mais recentemente, como provável vice na chapa da presidenciável Dilma Rousseff (Casa Civil). Quem conversa com Geddel percebe que essas (Senado e vice-presidente) não são suas praias. Seu perfil está mais para o Executivo do que para o blábláblá. Portanto, a cisão com Ondina não deve abalar os planos do PMDB. Ao contrário, o divisor de águas ficaria ainda mais claro. O PMDB ( e o PT também) seriam mais agressivos na busca de ocupar um maior espaço político. Isso daria uma nova dimensão à cena baiana. (Por Janio Lopo - Editor de Política)
Eleição de Jaques Wagner e reeleição de João Henrique
O ministro Geddel não precisa bater o martelo e nem tampouco ir à praça pública para oficializar a sua candidatura a governador, apesar de estar na sua melhor fase política. São atribuídos a ele os méritos pela reeleição de João Henrique. O homem é pé quente. Onde meteu o bedelho saiu vitorioso. Vale relembrar que quando uniu-se a Wagner, o atual governador apresentava uma pontuação pífia nas pesquisas. Paulo Souto à época nem se deu conta de comprar um novo terno para posse já que era desnecessário gastar dinheiro com supérfluo. Afinal, a fatura já estava liquidada, como apontavam todos os institutos. Em sendo assim, só precisa passar e engomar o terno de sua preferência e correr para a galera. Para Souto, infelizmente, deu zebra. Sua única vantagem foi não ter coçado o bolso para uma despesa a mais. Wagner é grato ao auxílio do PMDB, o que não significa dizer que é seu refém. Com João Henrique sucedeu algo parecido. Mesmo depois de deixar o PDT e se filiar ao PMDB, o prefeito andava mal das pernas. O chamado governo de coalizão por ele implantado encontrou entraves sérios, sobretudo por conta do fogo amigo. PT, PSB, PCdoB e outros penduricalhos chuparam até o tutano do osso, mas o largaram quando a campanha à reeleição parecia naufragar. João chegou a um índice de rejeição superior a 60% e sua popularidade despencou. Reverteu o quadro em tempo recorde. Segundo ele, graças ao trabalho empreendido por Geddel, inclusive com a providência de recursos para aplicação em obras em Salvador. (Por Janio Lopo - Editor de Política)
Candidatura consolidada
Ministro, e se João Henrique decidir disputar com o senhor a candidatura à sucessão de Wagner? Geddel responde sem cerimônia: é um direito dele. Entretanto, de acordo com o prefeito essa conjectura só faria sentido se o PMDB já não tivesse em Geddel o nome para lançar-se ao comando do Palácio de Ondina. E já que é assim, não há razão para insistir. Há, contudo, fortes buxixos sobre a eventual saída de João do Palácio Thomé de Souza em 2010,embora essa não seja uma partida que interessa ao PMDB. O partido quer manter-se unido e ampliar o seu raio de atuação política. Entende, por exemplo, que o rompimento com o governo Wagner – que é apenas uma questão de tempo – pode abalar algumas das estruturas construídas nos últimos anos, apesar de considerar que os alicerces não sofrerão danos maiores. Políticos experientes acreditam que a explosão da aliança PT-PMDB deixaria o primeiro mais à vontade para cooptar prefeitos e mesmo outros partidários peemedebistas. A caneta de Wagner, mesmo não sendo mágica, tem poderes atraentes. Poucas assinaturas seriam o suficiente para seduzir uma leva de prefeitos que vivem com a cuia nas mãos à espera da boa vontade do governo do Estado. (Por Janio Lopo - Editor de Política)
Fonte: Tribuna da Bahia
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