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domingo, maio 18, 2008

PDT agoniza em meio às denúncias

Partido criado por Leonel Brizola, em 1981, sente cada vez mais a falta do seu líder
Raphael Bruno
Brasília
A uma semana das comemorações relativas ao seu 28º aniversário, o PDT nunca sentiu tanta falta do seu maior expoente, Leonel Brizola. Nos últimos três meses, o partido amarga um de seus piores infernos astrais desde que foi fundado, em 26 de maio de 1981, por Brizola e outros trabalhistas históricos. Alguns de seus principais líderes da atualidade se viram repentinamente envolvidos em uma série de denúncias. Às vésperas, também, do aniversário de quatro anos da morte do antigo líder, a legenda tenta encontrar uma porta de saída da turbulência e chegar inteira nas eleições municipais de outubro.
– Os momentos atuais estão difíceis, não vou negar – admite o deputado federal e hoje presidente nacional do PDT, Vieira da Cunha (RS). – Mas creio que momentos assim são de afirmação, são oportunidades para o PDT reafirmar seus compromissos, sua coerência diante da população. O Brasil carece de partidos de identidade, de partidos que atuam orientados por bandeiras programáticas como o nosso – avalia Cunha.
O deputado conhece como poucos as entranhas pedetistas. Em tempos de promiscuidade partidária, sua trajetória de fidelidade dentro da legenda chega a impressionar. Está no PDT "a vida inteira", costuma dizer. Entrou para o partido ainda em 1981, aos 21 anos de idade. O grande impulso havia sido dado dois anos antes, quando o então jovem estudante Vieira da Cunha havia se impressionado com a palestra "Rumo a oposição", ministrada por Brizola logo após sua chegada do exílio. As palavras do líder pedetista contra o regime militar conquistaram Vieira. Desde então, o parlamentar se dedica às atividades político-partidárias.
Trajetória
Em 1982, aos 22 anos de idade, corre uma fracassada campanha para vereador. Posteriormente, se torna presidente da juventude do partido. Consegue o cargo de vereador em 1988. O de deputado estadual viria em 1994. Seria reeleito nas duas eleições seguintes, em 1998 e 2002. Em 2006, chega à Câmara dos Deputados. Dois anos depois, Vieira da Cunha assume a presidência nacional do partido. Mas não da forma pela qual gostaria.
O deputado, até então vice-presidente do PDT, foi empossado no cargo após conturbada saída do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, do comando da legenda. Lupi foi o primeiro líder do partido a sentir a pressão de denúncias de práticas irregulares pesar nas costas. Seria, também, o que mais facilmente se desvencilharia delas (confira quadro). Mas a saída da presidência da legenda persistiria mesmo com o apaziguamento das acusações contra ele.
Complicado
Em situação muito mais delicada estão o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva (SP), e um dos dois governadores do partido, Jackson Lago (MA). Ambos na mira da Justiça Federal.
Cunha não deixa muitas dúvidas em relação ao que seria essa "reafirmação da coerência" do partido.
– O PDT não compactua com com atos de corrupção. Essa é a nossa história e vamos honrá-la. Na medida em haja comprovação de práticas irregulares, iremos aplicar as sanções que nos cabem – diz.
O discurso firme, por enquanto, é só discurso. Na eclosão das denúncias contra Paulinho, senadores do partido, como Osmar Dias (PR) e Jefferson Peres (AM), chegaram a declarar publicamente que seria melhor para Paulo se licenciar da legenda. Alguns dos principais caciques se reuniram na sede da Executiva Nacional para discutir as acusações e ouvir as argumentações de Paulinho. Na saída do local, decorado com largos quadros de figuras históricas como Getúlio Vargas, João Goulart e do próprio Brizola, as declarações foram de apoio ao deputado.
– Não podemos fazer pré-julgamentos – defende Vieira da Cunha.
Outra ala considerável do PDT é mais incisiva na defesa dos colegas e, em sintonia com as argumentações de Paulinho e Jackson Lago, atribuem as acusações à perseguição política.
– Creio que a elite não aceitou muito bem o PDT reinserido no governo e com o papel, vitorioso, de acabar com a agenda neoliberal – observa o deputado federal e presidente do PDT no município do Rio de Janeiro, Brizola Neto (RJ), um dos herdeiros do legado político do avô.
À esquerda
Líderes do PDT, juntamente com os de outros partidos do chamado bloquinho, como o PSB e o PCdoB, reafirmam em diversas ocasiões que o papel do bloco hoje é "puxar" o governo Lula para a esquerda. No segundo turno das eleições presidenciais de 2006, por exemplo, o PDT condicionou seu apoio à reeleição de Lula ao compromisso de que o governo não promoveria nova reforma da previdência.
Lula, a princípio, topou. Mas logo na primeira reforma ministerial de seu segundo mandato surpreendeu ao nomear Carlos Lupi para o Ministério do Trabalho ao invés da Previdência, como vinha sendo especulado. Justificando-se, o presidente comentou que seria difícil para Lupi realizar algumas das "mudanças necessárias" na Previdência.
Ao longo de 2007, o governo promoveu o Fórum Nacional da Previdência Social justamente com o intuito de apresentar sugestões para uma futura reforma. O fórum foi encerrado em outubro do ano passado. O Ministério da Previdência não avançou com a idéia desde então. Para Brizola Neto, tudo não passou de uma forma de driblar as pressões por uma reforma.
– Hoje o debate se esvaziou. O governo trabalha com sinais para o mercado, que cobra muito esta questão – salienta.
No final do ano passado, o PDT voltaria a condicionar seu apoio ao governo à adoção de posições mais à esquerda. O partido, capitaneado pelo senador Cristovam Buarque (DF), vinculou o voto favorável à prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ao fim da Desvinculação de Receitas da União (DRU) para os recursos da educação. As duas prorrogações foram votadas conjuntamente, embora a DRU, ao contrário da CPMF, tenha sido aprovada. A desvinculação permite ao governo destinar parte dos recursos vinculados constitucionalmente à Educação para o superávit primário, a economia feita pelo governo para pagar custos da dívida pública.
Fonte: JB Online

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