Publicado em 13 de outubro de 2022 por Tribuna da Internet
Míriam Leitão
O Globo
O presidente Bolsonaro continua escalando contra o processo eleitoral brasileiro, cada hora com uma nova ameaça. Ele queria dizer que houve fraude nas urnas no primeiro turno, mas como o relatório feito pelas Forças Armadas sobre as eleições não detectou nada anormal, isto não será divulgado.
Esta informação foi divulgada hoje no Jornal “O Globo”, em reportagem da colunista Malu Gaspar, Rafael Moraes Moura e Alice Cravo. Segundo relatos feitos por três generais (dois do alto comando), o presidente não autorizou a divulgação dos resultados porque não houve nenhum indício de fraude. Ele chegou a ir ao Ministério da Defesa, e eles aceitaram o comando para que o relatório não fosse divulgado.
SUBSERVIÊNCIA – Nunca vi as Forças Armadas tão subservientes, desrespeitando a sua própria missão. Antes das eleições, os militares fizeram tanta questão de mudar procedimentos, enviaram notas ameaçadoras ao TSE que pareciam comprar a tese de Bolsonaro de que é possível fraudar a eleição.
O tribunal cedeu a tudo o que era razoável. Agora, com este relatório em mãos, a obrigação das Forças Armadas era dar a informação ao país de que nada foi detectado na investigação. O presidente é o comandante-chefe, mas o compromisso dos militares é com o povo brasileiro. Não é um tutor nem fiscal do TSE.
Bolsonaro determinou que o relatório só seja divulgado só após o segundo turno. E ele já está colocando terror para o pleito do dia 30. Determinou que seus seguidores fiquem na seção eleitoral até o fim da apuração e façam pressão. Isto pode infringir o direito de voto, porque muita gente pode se sentir intimidado em votar. E também pode ser considerado boca de urna, o que é proibido pela legislação eleitoral. Esta convocação é mais uma forma de Bolsonaro ameaçar as instituições democráticas.