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sábado, outubro 01, 2022

A corrupção banalizou na administração municipal de Jeremoabo, ganha força em uma sociedade em que o uso da famosa promoção pessoal legitima a ilegalidade acobertada pela impunidade

 Maus um ato de corrupção e autopromação em beenfício do prefeito de Jeremoabo, do vice-prefeito e da secretaria de saúde, tudo isso em véspera de wleição.

Vídeos no final da matéria.



" A reiteração das práticas corruptas e a inevitável sedimentação da concepção de que, além de inevitáveis, são toleráveis, possibilita a ―institucionalização da corrupção‖, o que tende a atenuar a consciência coletiva e associar a corrupção às instituições, implementando uma simbiose que dificilmente será revertida (Grifou-se)."

O perigo se torna concreto com a institucionalização desses comportamentos, quando se percebe a deslegitimação das regras jurídicas oriunda da certeza de que a corrupção dominou política e economia e permitiu o suborno dos legisladores e a fraude na justiça. Este quadro distorce todas as funções sociais, minando as instituições no plano político, freando a economia e desviando-a de seus objetivos principais. No plano social, concentra riqueza e poder nas mãos dos ricos e poderosos23 (Grifou-se). (  GARCIA, op. cit., p. 4.).

A corrupção está associada à fragilidade dos padrões éticos de determinada sociedade, os quais se refletem sobre a ética do agente público. Sendo este, normalmente, um mero ―exemplar‖ do meio em que vive e se desenvolve, um contexto social em que a obtenção de vantagens indevidas é vista como prática comum dentre os cidadãos, em geral, certamente fará com que idêntica concepção seja mantida pelo agente nas relações que venha a estabelecer com o Poder Público. Um povo que preza a honestidade provavelmente terá governantes honestos. Um povo que, em seu cotidiano, tolera a desonestidade e, não raras vezes a enaltece, por certo terá governantes com pensamento similar29 (Grifou-se).( GARCIA; ALVES, op. cit., p. 9)

CONCLUSÃO

Diante dos argumentos apresentados é possível constatar que a corrupção não é um fenômeno recente ou um ―mal deste século‖ uma vez que se originou no período em que o Brasil foi colônia de Portugal adentrando na República e chegando à forma institucionalizada que se verifica nos dias de hoje.

Dessa maneira, o Estado que era para ―proteger‖ a sociedade passou a ser o seu maior vilão devido a corrupção ter chegado às suas esferas Executiva, Legislativa e Judiciária

Neste ínterim a ―banalização do mal‖ passou a predominar virando um círculo vicioso onde de um lado é possível verificar o uso de fatores desumanos e do outro a apatia e da população aliada ao processo de normalização da desumanidade e das calamidades dos ―sem-direitos‖. Todos estes fatores conduziram para as inúmeras desigualdades e todas as formas de exclusão social uma vez que desestabilizaram o Estado e a democracia ante à afronta, ao massacre e ao descumprimento dos direitos fundamentais; sendo, portanto, a corrupção a geradora da não operacionalização/efetivação dos direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal de 1988.

Esta situação chegou ao seu limite. Não é possível que a população continue acreditando que a corrupção não tem nada a ver com ela. Torna-se preciso romper com a situação de conforto que permeia a população e despertar para uma democracia ativa, participativa e questionadora que não aceite o patrimonialismo e nem a corrupção, sendo que a democracia meramente representativa por si só não surte mais os efeitos esperados.

Portanto, torna-se imprescindível o surgimento de um ―novo‖ poder fincado na educação e na informação como forma de garantir um despertar da ética, dos costumes e dos valores em geral e, consenquentemente, um despertar para a democracia. 

A corrupção é problema de todos. Reverter este quadro é dever de todos os cidadãos. A corrupção não está em Brasília. Seus efeitos são sentidos no dia a dia pelos brasileiros.

O momento é de ―libertação‖ do patrimonialismo, das práticas de corrupção, da improbidade administrativa e da exclusão que afeta as classes sociais. É a hora de tirar o véu da ignorância e abrir os olhos para a educação, como forma de inclusão social por meio de um despertar da democracia ativa e participativa que busque o combate à corrupção e gere à efetivação, bem como o respeito aos direitos fundamentais e ao patrimônio público.

Acorda Brasil! A sua hora é agora!

Daniela Martins MADRID2  

http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=41f1f19176d38348


Documento contra urnas teve participação da direção do PL, conclui TSE

 




O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Bento Gonçalves, rejeitou a tese de que a direção do PL não tenha participação na elaboração do documento em que a legenda questiona a credibilidade do processo eletrônico de votação.

"O relatório foi produzido e divulgado por iniciativa do PL, e contando com a participação de seus dirigentes máximos, sendo lógico extrair do contexto a ciência e a anuência da agremiação com o conteúdo", destaca Gonçalves em despacho desta sexta-feira, 30.

O corregedor disse que não é possível atribuir o relatório exclusivamente à equipe técnica, uma vez que o PL contratou o projeto e validou seu conteúdo. Também apontou que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, aparece como "participante" do projeto e compõe a coordenação geral do relatório.

O despacho faz parte do processo administrativo aberto a mando do presidente do tribunal, Alexandre de Moraes, após a divulgação do documento "Resultado da auditoria de conformidade do PL no TSE". O ministro encaminhou o processo ao Ministério Público e determinou que a Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE colete informações sobre a participação do PL durante as etapas "regulares" do processo de fiscalização.

Para Gonçalves, o PL não seguiu o calendário previsto para fiscalizar o processo eleitoral e classificou o documento como um "esforço de apresentar um quadro especulativo de descrédito institucional da Justiça Eleitoral, às vésperas do primeiro turno".

"Percebe-se também a opção por um calendário que se mostra, de plano, incompatível com o aproveitamento de eventuais sugestões para o pleito de 2022, tendo em vista que os principais dados viriam a público às vésperas do primeiro turno e entre este e o segundo turno", completou o ministro no despacho.

A manifestação de Gonçalves ocorre um dia após Costa Neto ter enviado ofício ao TSE atribuindo ao Instituto Voto Legal, contratado pela legenda para realizar o processo de fiscalização, toda a responsabilidade pelo conteúdo do documento.

O presidente do PL negou o uso de recursos públicos. Disse ainda que, com o texto, que questiona segurança do sistema eletrônico de votação, alega possibilidade de fraudes nas urnas e levanta questionamentos sobre a integridade dos servidores, o partido desejou "apenas colaborar com os esforços desse Colendo Tribunal Superior Eleitoral na garantia da higidez das eleições de 2022, tal como permitido pela legislação de regência - e nada além disso".

Estadão / Dinheiro Rural

30 anos do Massacre do Carandiru; entenda por que ninguém está preso até agora




O massacre do Carandiru completa 30 anos no próximo domingo, 2, sem que os 74 policiais militares denunciados pelo assassinato de 111 presos após uma rebelião no pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, na zona norte da cidade, tenham começado a cumprir suas sentenças. Eles foram condenados a penas que chegam a 624 anos de prisão, mas o desfecho do processo tem sido atrasado por sucessivos recursos na Justiça.

Durante uma década, o processo ficou travado aguardando uma decisão definitiva sobre quem deveria julgar os policiais: a Justiça militar ou a Justiça comum. Eles só foram a júri popular entre 2013 e 2014. Os julgamentos precisaram ser fatiados por causa do número de réus.

A condenação pelo Tribunal do Júri não significou, no entanto, a prisão dos PMs. Eles receberam autorização para aguardar a conclusão do processo em liberdade. Desde então, o caso tem sido marcado por reviravoltas judiciais. O Tribunal de Justiça de São Paulo chegou a anular as condenações e a determinar novos julgamentos por considerar que a acusação não conseguiu apontar exatamente qual a culpa de cada policial.

"Pela lei, quando há mais de uma pessoa agindo conjuntamente, todos respondem pela mesma infração penal. É o que diz o nosso Código Penal. Foi isso que o Ministério Público levou adiante: a individualização possível", explica o promotor de Justiça Márcio Friggi, que assumiu o caso em 2013. "Pouco importa se o policial A matou a vítima B ou se foi o C que matou a vítima D."

Em um novo capítulo do processo, que soma mais de 100 mil páginas, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) restabeleceram a decisão dos jurados. A discussão agora é sobre a dosimetria das penas, que a defesa considera excessivas. As sentenças só devem começar a ser cumpridas quando o caso transitar em julgado (quando não há mais margem para recurso).

"A condenação não se discute mais: eles estão condenados pelo júri", afirma Friggi. "Agora o caso volta para o Tribunal de São Paulo, que vai apreciar os pedidos relacionados à pena. Infelizmente, isso vai gerar uma nova decisão e deste acórdão podem ser interpostos novos recursos, tanto especial para o STJ quanto extraordinário para o Supremo. Para transitar em julgado mesmo, vai levar um tempo."

Há ainda a chance do caso prescrever, o que significa que o Estado perde o direito de punir os responsáveis pelo massacre. A condenação reinicia a contagem da prescrição, mas o risco é maior para réus com mais de 70 anos. Isso porque o prazo prescricional, que para os crimes de homicídio é de 20 anos, cai pela metade.

Na avaliação do sociólogo e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP Gustavo Higa, o massacre do Carandiru "é um labirinto jurídico". "Nunca foi esclarecido publicamente quem deu a ordem para a invasão que resultou no massacre", afirma. Ele reforça que os avanços também foram lentos em relação às indenizações.

Levantamento atualizado neste mês pelo Núcleo de Estudos sobre o Crime e a Pena (NECP) da FGV encontrou 75 processos de indenização movidos por 154 familiares de vítimas, principalmente mães. Ao todo, 69 ações foram julgadas procedentes e em 25 delas, um terço dos pedidos, os familiares receberam o valor total homologado judicialmente. Nas ações individuais, os valores variam de R$ 5 mil a R$ 105 mil. Nas com mais de um autor, há pagamentos de até R$ 755 mil.

O atraso também chama atenção no caso das indenizações. Grande parte dos precatórios foram concedidos mais de duas décadas após o massacre do Carandiru. O tempo médio, do início até o arquivamento do processo, é de 22 anos e 6 meses - ao menos 16 familiares, entre pais e mães das vítimas, faleceram enquanto esperavam o pagamento da indenização, o que habilitou novos herdeiros.

"O Estado não só não ofereceu uma comissão, como as vítimas entraram no processo judicial como qualquer pessoa", disse a pesquisadora da FGV Direito SP Marta Machado, uma das organizadoras do livro Carandiru não é coisa do passado. "Alguns familiares, mães e pais, morreram sem ter uma decisão da Justiça dizendo ‘seu filho foi morto em uma ação indevida do Estado’."

Anistia

Em paralelo, a Câmara dos Deputados recebeu um Projeto de Lei (PL) para anistiar os policiais envolvidos no massacre. O texto de autoria do deputado bolsonarista Capitão Augusto (PL-SP), líder da bancada da bala, foi aprovado no mês passado pela Comissão de Segurança Pública e deve passar agora pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), última etapa antes da votação no plenário. O PL diz que "não é justo" condenar policiais que "tiveram a dura missão de arriscar suas próprias vidas em defesa da sociedade ao agirem com os meios necessários para a contenção de uma violenta rebelião".

Embora, historicamente, o instrumento da anistia tenha sido usado no Brasil para perdoar crimes de natureza política, não há regra na Constituição que proíba o perdão de crimes contra a vida. O presidente Jair Bolsonaro (PL) já defendeu o indulto aos PMs. "Se o comandante do Carandiru [coronel Ubiratan Guimarães] estivesse vivo, eu daria", comentou o presidente em 2019.

O coronel Ubiratan Guimarães, então comandante da Polícia Militar de São Paulo, foi assassinado em 2006. Ele foi a única autoridade condenada pela ação no Carandiru, mas não chegou a cumprir pena porque o Tribunal de Justiça do Estado anulou o júri. Os desembargadores entenderam que o coronel não poderia ter sido responsabilizado pelas mortes porque os jurados aceitaram a tese de que ele agiu no estrito cumprimento do dever legal. Durante o processo, Guimarães foi eleito deputado estadual pelo PTB com 56 mil votos em 2002. O número na urna foi o "111".

Quando ainda era deputado, Bolsonaro também foi o único a defender publicamente o então governador de São Paulo, Antônio Fleury Filho (MDB), após o massacre.

O Estadão entrou em contato com a advogada dos policiais que respondem ao processo, mas não teve retorno. Ela comunicou ao STF no mês passado que estava deixando o caso por "motivos de foro íntimo". O ministro Luís Roberto Barroso, relator, mandou a advogada comprovar que os PMs foram comunicados da renúncia. A reportagem não localizou a nova defesa.

Nascimento e expansão do PCC

A Casa de Detenção de São Paulo foi desativada em 2002, na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), e em dezembro daquele ano os pavilhões foram demolidos. O complexo penitenciário deu lugar ao Parque da Juventude e ao Museu Penitenciário Paulista. O pavilhão 9, palco dos 111 assassinatos, virou um estacionamento.

Antes mesmo da desativação, o massacre do Carandiru foi seguido por uma política de expansão e interiorização das prisões em São Paulo. O Estado tem hoje 179 presídios.

"O plano de expansão na verdade faz com que se crie no interior de São Paulo cidades-presídio. Algumas têm mais pessoas presas do que pessoas fora da prisão. A expansão na verdade é um projeto carcerário de desenvolvimento", afirma a escritora e pesquisadora Juliana Borges, que estuda política criminal e relações raciais. "Infelizmente eu acho que esse é mais um desrespeito à memória das vítimas do massacre do Carandiru: a gente não teve nenhuma melhoria no sistema prisional brasileiro nos últimos anos em decorrência do que aconteceu."

O efeito colateral da construção de complexos penitenciários fora da capital paulista foi a capilarização do Primeiro Comando da Capital (PCC), que se tornou a maior facção criminosa do País. Para o pesquisador e professor da UFSCar Gabriel Feltran, autor do livro Irmãos: Uma história do PCC, o processo de expansão do sistema carcerário em São Paulo pós-Carandiru é também o processo de consolidação da organização. "Pequenos municípios do interior ganham presídios. Claro que aí espalha o PCC junto. Aquele que foi levado para outro lugar está levando o PCC e a lógica do PCC com ele", afirma.

A própria fundação da facção está relacionada ao massacre. Os primeiros estatutos do PCC citam nominalmente o Carandiru e prometem uma reação contra as más condições vividas no sistema penitenciário.

"Passa por aí a ideologia inicial do PCC. Mesmo que os negócios tenham crescido muito, a facção ainda é muito forte nas cadeias, organizando os presos, continua sendo muito presente naquele mesmo princípio de evitar o estupro, de fazer os debates em torno de cada tipo de conflito, entregando uma Justiça extra-legal para os presos, não só para os ‘irmãos’", explica.

Protocolos de atuação nos presídios

Outro legado do massacre foi a criação da Secretaria de Administração Penitenciária. A gestão dos presídios, que até então ficava a cargo da Secretaria de Segurança Pública, ganhou uma estrutura própria.

Com a mudança, o Grupo de Intervenção Rápida (GIR), vinculado à nova pasta, passou a ter prioridade para agir nos presídios no lugar do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Na prática, no entanto, não há restrição legal para a PM atuar no sistema prisional.

"Mesmo com essas determinações, não houve uma grande modificação na maneira como os presos são tratados. É verdade que o GIR utiliza um armamento menos letal, mas também se vale de cassetetes, uniforme preto diferenciado e sem identificação, com rostos cobertos, capacetes, escudos, cachorros e bombas, se assemelhando em muitos pontos às abordagens antigas", afirma Diego Polachini, coordenador do Núcleo de Situação Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo.

O último levantamento da Defensoria de São Paulo sobre a situação dos presídios do Estado, feito a partir de inspeções nas unidades prisionais, aponta que 39,5% dos presos entrevistados narraram agressões físicas nas intervenções do GIR, 20,4% relataram uso de cães para ameaçar ou atacar os detentos e outros 19,1% denunciaram o lançamento de bombas de gás.

Em julho, a Justiça de São Paulo condenou o governo a endurecer a fiscalização sobre os protocolos de atuação do GIR. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público do Estado e determinou que os agentes mantenham identificação visível e que todas as incursões sejam gravadas por câmeras instaladas nos coletes.

O dia do massacre

"É aquele desespero que é difícil de esquecer, muito difícil de esquecer", afirma o educador cultural Claudio Cruz, de 65 anos, sobre o massacre. Conhecido como Kric, ele chegou à Casa de Detenção no fim dos anos 1979 e cumpriu pena de 28 anos por roubo e homicídio.

No dia 1º de outubro de 1992, Kric relata que três presos entraram em conflito no pavilhão 9. "Tentamos conversar para mediar o assunto, porque um dos três estava armado com um revólver 38", disse. Ele era um dos encarregados do pavilhão 8.

Sem muito avanço, a ideia era voltar a mediar o conflito no dia seguinte, mas não houve tempo. No início da manhã, centenas de policiais militares entraram no pavilhão 9 em uma ação relâmpago, enquanto os presos de outras alas, como Kric, ficavam com as celas fechadas. "Nós pensamos que o cara (que estava armado) tinha se entregado, mas a gente ouviu gritos de que o Choque estava entrando e um barulho ensurdecedor."

As cenas seguintes são difíceis de esquecer. "Dali a pouco, muito tiro e grito, tiro e grito…", continua. "A gente ficou naquela: ‘isso é barulho mesmo ou é morte?’ Até que alguém subiu na janela para dizer que estavam matando pessoas. Aí o desespero foi total", disse. Os estampidos, relembra, duraram cerca de 25 minutos.

"Eu já vi morte no Carandiru. Em 1982, morreram 16, eu vi outras mortes, mas aquela foi demais", continua. A maior parte dos que estavam no pavilhão 9, relata, eram pessoas mais novas, que eram réus primários ou recém-saídos da extinta Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem). "São 30 anos falando disso, mas a gente não deve, de forma nenhuma, deixar de falar", disse. "A Justiça foi feita para mim, e eu cumpri. Para eles, não."

Ex-mulher de um dos presos, a trancista Andreia Ferreira, de 54 anos, lembra até a cor da roupa que estava usando 30 anos atrás. "Estava toda de rosa", descreve. Ao descobrir que uma incursão da polícia havia causado mortes na Casa de Detenção, ela saiu às pressas da Vila Joaniza, na zona sul, e cruzou a cidade de transporte público.

Desembarcou por volta de 8h do sábado na Estação Carandiru, da Linha 1-Azul do Metrô, e se viu em meio a um turbilhão de informações desencontradas. "A gente queria saber o nome das pessoas envolvidas, e nem isso nos passavam", relembra. "Tinha muito policial, como se fosse um batalhão de polícia. Eram homens revoltados, parecia que tinham sido orientados para matar."

Na época, o então marido e pai dos filhos da trancista, Laurireno da Costa, cumpria pena no pavilhão 8 por roubo. "Demorou uma semana para descobrir se meu marido estava vivo", disse ela, que posteriormente o localizou em um outro presídio, no Brás, para onde havia sido transferido. "Nós, como familiares dos presos, não tivemos nenhum apoio de agente, psicólogo, nada."

Depois do episódio, Andreia, que na época estava grávida de um quarto filho de Laurireno, diz que o marido nunca mais foi o mesmo. Poucos meses depois, eles se divorciaram. "Destruíram uma família", conta, ainda sensibilizada com o que houve. Hoje, ela lidera o movimento Mães do Cárcere, em Praia Grande, litoral de São Paulo, e busca ajudar familiares de outros presos.

Estadão / Dinheiro Rural

No MS, Bolsonaro resolveu declarar apoio ao candidato do PRTB e causou insatisfação em Tereza Cristina




O presidente Jair Bolsonaro (PL) resolveu declarar apoio ao candidato do PRTB a governador do Mato Grosso do Sul, Capitão Contar, e criou um constrangimento para sua ex-ministra Tereza Cristina (esq.) (PP), que concorre ao Senado em uma chapa rival, encabeçada por Eduardo Riedel (PSDB) como candidato a governador. A ex-ministra reagiu nas redes sociais e divulgou um vídeo em que reitera apoio ao tucano e diz que Bolsonaro aprovou a aliança.

"Reitero meu apoio a Eduardo Riedel. No início desse processo fechamos uma coligação, incluindo o PL, partido do nosso presidente. Essa decisão foi tomada em conjunto com todas as lideranças partidárias nacionais e estaduais e aprovada pelo presidente Bolsonaro", afirmou Tereza.

O Estadão apurou que o ministro da Casa Civil e presidente licenciado PP, Ciro Nogueira, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ligaram para a ex-ministra para pedir desculpas pelo declaração do presidente. A declaração de Bolsonaro repercutiu mal também entre aliados de Riedel. O candidato do PSDB é apoiado pelo atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e atuou para conquistar o apoio de prefeitos para Tereza Cristina.

Bolsonaro pediu votos para Contar durante o debate presidencial da TV Globo desta quinta-feira, 29, e ignorou Riedel. Mesmo com o PSDB na chapa presidencial de Simone Tebet (MDB), representado pela senadora Mara Gabrilli, o tucano do Mato Grosso do Sul já declarou que está com Bolsonaro.

Durante o debate, a senadora Soraya Thronicke, candidata do União Brasil a presidente e também do Mato Grosso do Sul, acusou Bolsonaro de abandonar o candidato do PRTB. "Eu não tinha tomado partido no tocante a eleições a governador do Estado, a partir desse momento, da forma como a senhora candidata se dirigiu à minha pessoa, eu quero apelar a todos de Mato Grosso do Sul, votem no capitão Contar para governador. É a melhor opção... É a melhor opção para esse Estado", disse o presidente.

De acordo com pesquisa Ipec divulgada no dia 31 de agosto, André Puccinelli (MDB) lidera as intenções de voto para o governo do Mato Grosso do Sul, com 25%. Em seguida aparecem Marquinhos Trad (PSD), com 20%, Riedel, com 14%, Rose Modesto (União Brasil), com 12%, e Contar, com 8%. Na disputa pelo Senado, Tereza Cristina lidera com 38%, Juiz Odilon (PSD) pontuou 18% e Luiz Henrique Mandetta (União Brasil) apareceu com 13%.

Diferente do que acontece na maioria dos Estados, Bolsonaro está numericamente na frente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Mato Grosso do Sul. Segundo pesquisa Ipec divulgada no dia 16 de setembro, o presidente tem a preferência de 40% contra 36% do petista. Em maio passado, durante uma das reuniões da direção nacional do PSDB para fazer com que João Doria não fosse o candidato do partido, a ala da legenda no Estado foi uma das que defenderam mais explicitamente o endosso a Bolsonaro logo no primeiro turno.

Estadão / Dinheiro Rural

Padre Kelmon é chamado de ‘Kelson’, ‘Kelvin’, ‘cabo eleitoral’ e ‘laranja’




Linha auxiliar do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, Padre Kelmon (PTB) tumultuou nesta quinta-feira, 30, no último debate antes do primeiro turno, ocorrido na TV Globo. O postulante ao Palácio do Planalto bateu boca com o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e foi repreendido pelo jornalista William Bonner. "Peço desculpas ao público", disse o apresentador após o candidato interromper o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiteradas vezes. Bonner advertiu que Kelmon desrespeitou acordo referendado pelas assessorias das campanhas e criou suas próprias regras para o debate.

Cabeça da chapa petebista após a Justiça negar a candidatura de Roberto Jefferson - aliado de Bolsonaro que foi proibido de concorrer e está preso -, Kelmon discutiu corrupção com Lula. "O seu próprio vice disse que você quer voltar à cena do crime, para continuar roubando o povo brasileiro. Explique para o povo porque tanta gente próxima a você foi presa e te denunciou, você era o chefe do esquema?". Em resposta, Lula disse que o candidato estava desinformado, ou só lia o que queria. Durante sua tentativa de resposta, o padre interrompeu o petista diversas vezes e foi advertido por Bonner, que lembrou que o candidato concordou com as regras do debate e deveria respeitá-las.

Em sua resposta, Lula reforçou que foi absolvido, citando as instâncias nacionais e internacionais que o absolveram. Padre Kelmon continuou com os ataques. "O senhor é um 'descondenado', nem deveria estar aqui como presidente da República, mas o senhor é cínico e mente o tempo todo. É fundador do Foro de São Paulo junto com Fidel Castro", disse Kelmon a Lula. Na altercação, o petista o chamou de "candidato laranja" e disse que ele vestia uma fantasia, em alusão à batina.

Com o crescimento da discussão entre os candidatos, a tréplica do petista precisou ser interrompida pelo jornalista mediador do debate. "Nós vamos cortar os microfones se continuarem. Peço desculpas ao público pelas cenas que estão se desenrolando aqui, enquanto tentamos acalmar os candidatos", disse Bonner.

'Padre de festa junina'

Soraya Thronicke (União Brasil), que chegou a chamar o petebista de "Padre Kelson", "Padre Kelvin" e "padre de festa junina", afirmou que o candidato é um "cabo eleitoral" do presidente. Padre Kelmon rebateu: "E você é cabo de Lula". Com a candidata, tentou discutir economia: "Ela está querendo cobrar mais impostos. Você não aguenta mais ser cobrado", disse ao se referir à proposta do imposto único.

Kelmon levou ao debate críticas à esquerda e evocou pautas de costume, caras ao bolsonarismo. "As universidades públicas viraram fábricas de militantes à serviço do PT", afirmou ao debater educação com Ciro Gomes (PDT). Segundo ele, essas ideologias supostamente ensinadas nas universidades estão matando pessoas na América Latina.

O candidato ainda disse que em suas propostas para a Educação não estão incluídas disciplinas de educação sexual. "Não é sexualizando as crianças que se vai construir um futuro", afirmou.

Kelmon também criticou medidas de combate ao racismo. "Essa política que cria mais divisão, não podemos aceitar esse tipo de coisa", afirmou, ao dizer que "somos todos cristãos"e que os outros candidatos "manipulam" o eleitorado "por conta da cor da pele".

Na mesma linha, o candidato, ao ser questionado sobre a Lei Rouanet, disse que se tratava de um direito público para promover "desrespeito ao próprio corpo humano", se referindo a peças de teatro em que os atores tirariam suas roupas. Bolsonaro concordou com o aliado.

Estadão / Dinheiro Rural

Procuradorias contestam 850 candidaturas




As Procuradorias Eleitorais de todo o País contestaram 850 candidaturas neste ano. Além disso, 35 mil novas ações eleitorais foram registradas no sistema do Ministério Público Federal (MPE). É o que aponta o balanço da Procuradoria-Geral da República (PGR), referente a setembro de 2021 a setembro de 2022, penúltimo ano da gestão Augusto Aras.

De acordo com o relatório, no período analisado, a Procuradoria-Geral Eleitoral enviou 11,7 mil manifestações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre questões relacionadas a registro de candidatura, propaganda eleitoral, prestação de contas, cota de gênero, abuso de poder e outros temas ligados às eleições 2022 e pleitos anteriores.

A cúpula do Ministério Público Federal destaca a atuação do órgão no combate à violência política de gênero, destacando o grupo de trabalho criado em 2021 sobre o tema. Segundo o órgão, desde dezembro do ano passado, esse grupo encaminhou 16 representações aos procuradores regionais eleitorais para análise e tomada de providências cabíveis na esfera criminal.

Ainda de acordo com o relatório, desde a criminalização da violência política de gênero até a primeira quinzena de setembro, o Ministério Público Federal abriu pelo menos de 40 procedimentos sobre o tema. As informações relativas à atuação e resultados do MP Eleitoral ocupam uma das seções do relatório da PGR, referente à toda atuação da cúpula da Procuradoria entre setembro de 2021 e setembro de 2022.

DENÚNCIAS

O documento indica também que a Procuradoria-Geral da República apresentou 12 denúncias às Cortes superiores - quatro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e oito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) - com 49 acusados. Segundo o relatório, no período indicado, a PGR propôs 111 casos ao Supremo e ao STJ, além de oferecer à Corte máxima 63 ações ligadas a temas constitucionais. Foram quase 30,9 mil manifestações apresentadas ao STF e 10,9 mil ao STJ.

Ainda segundo a PGR, foram instaurados 33 novos inquéritos - 21 no STF e 12 no STJ - e o valor total de multas pagas entre setembro de 2021 e o mês passado alcançou R$ 457 milhões. No relatório, o órgão ressalta pontos da atuação do órgão no último ano. Entre eles, a Procuradoria diz que um "aspecto recorrente" das manifestações apresentadas em ações constitucionais foi a questão da separação dos Poderes, dando destaque à "necessidade de se preservar as capacidades técnicas e as competências institucionais dos poderes constituídos".

"O PGR defende a autocontenção do Poder Judiciário e os limites dessa atuação na definição ou implementação de políticas públicas, quando demandam reavaliação de decisões técnicas dos órgãos de governo", diz trecho do documento.

"Nos pareceres, o PGR destaca que substituir a atuação dos poderes Legislativo e Executivo pelas ações pretendidas pelos requerentes representaria ingerência do Judiciário no mérito das ações adotadas", segue o relatório.

Na esfera administrativa, a PGR destaca "ações estruturantes" para suprir demandas internas como a instalação da Procuradoria Regional da República da 6ª Região, com sede em Belo Horizonte. O relatório também cita a criação de 300 ofícios digitais para atuação em Juizados Especiais e a expansão dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos), que chegaram a mais 13 Estados no último ano.

Já na frente criminal, a PGR cita os recursos e manifestações apresentados no inquérito das milícias digitais - investigação derivada do agora arquivado inquérito dos atos antidemocráticos. O órgão menciona em especial a atuação no caso dos empresários bolsonaristas alvo de operação da Polícia Federal no dia 23 de agosto.

QUEDA DE BRAÇO

Como mostrou o Estadão, o caso gerou uma queda de braço entre a PGR e o ministro Alexandre de Moraes. A cúpula do Ministério Público Federal disse não ter tido acesso aos autos antes da ofensiva, informação que foi rebatida pelo ministro. Em seguida, a PGR pediu a anulação e trancamento do caso, solicitação negada pelo relator. O órgão insiste em derrubar a apuração. Outro caso citado pela PGR no relatório foi a denúncia contra o deputado Daniel Silveira, que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão por incitar agressões a ministros e atentar contra a democracia ao defender, em vídeos, o fechamento da Corte.

Estadão / Dinheiro Rural

Centrão se mexe por mais poder em 2023 e PP e União Brasil discutem fusão por superbancada




Grupo quer se tornar indispensável e sabe que não será a escolha preferencial dentro do Congresso caso Lula (PT) seja eleito.

Por Andréia Sadi (foto)

De olho em ampliar seu poder no Congresso, partidos como PP e União Brasil vão iniciar, na segunda-feira (3), tratativas para avançar em uma fusão entre as siglas.

O objetivo é criar uma superbancada na Câmara dos Deputados um dia depois do 1º turno. O PP, hoje, tem 58. O União Brasil, 51. A expectativa do União Brasil é eleger 65 deputados no domingo.

Quem conduz a movimentação pelo lado do União Brasil é seu vice-presidente nacional, Antônio Rueda. Pelo PP, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Se a fusão acontecer, a ideia de lideranças dos partidos é de que a nova sigla tenha cerca de 120 deputados – ou seja, provavelmente a maior bancada da Casa. Hoje, a maior bancada é a do PL, com 76 deputados.

PP e PL são partidos do Centrão. Já o União Brasil é fruto da fusão do DEM com o PSL – esse último o partido pelo qual Jair Bolsonaro se elegeu em 2018 e, durante o governo, rompeu.

Por ter eleito a maior bancada em 2018, o União Brasil tem direito a um fundão bilionário – usado para custear campanhas eleitorais. Por isso também é um partido cobiçado pelos políticos.

As peças do chamado Centrão estão se mexendo conforme a eleição presidencial começa a caminhar para uma definição.

Se Lula ganhar, o Centrão quer se tornar indispensável, pois sabe que não será a escolha preferencial do candidato do PT dentro do Congresso – já que conta com bancadas de esquerda e, também, de centro – como MDB e PSD.

G1

Endividamento recorde das famílias impõe freio inevitável ao crescimento - Editorial




Parcela do orçamento comprometida com dívidas drena recursos do consumo e prejudica demanda

É preocupante o nível de endividamento das famílias brasileiras. Em julho, 53,1% delas tinham dívidas, maior patamar na série histórica iniciada em 2005. Mais grave ainda, a proporção do orçamento familiar comprometida com pagamento das parcelas dessas dívidas não para de subir desde 2020 e também alcançou o recorde de 28,6%, segundo dados divulgados pelo Banco Central. A principal consequência é a redução do poder de consumo, com impacto na demanda e no crescimento (o consumo das famílias equivale a 70% do PIB). Outra consequência é a inadimplência, que já atingiu 5,6% no caso das pessoas físicas, nível que supera o anterior à pandemia.

As razões para o crescimento das dívidas são evidentes: a crise da pandemia, que prejudicou a renda, e a alta nos juros para combater a inflação. Depois da queda que começou em 2017 e perdurou até o atual ciclo inflacionário, as taxas de empréstimos ao consumidor já recuperaram os níveis de 2017 e, no caso do cheque especial ou do cartão de crédito, estão entre as maiores do mundo. Apesar de a situação recomendar prudência, a procura por crédito continua em alta (já subiu 25,4% neste ano), incentivada em parte por políticas populistas do governo Jair Bolsonaro para oferecer benefícios em ano eleitoral.

A medida mais absurda foi sem dúvida a permissão para que beneficiários do Auxílio Brasil — programa cujo objetivo é garantir a subsistência de famílias em situação precária — contraiam empréstimos por meio do crédito consignado. Além disso, o governo elevou de 35% para 40% o percentual da renda que pode ser comprometido nessa modalidade de empréstimo a empregados com carteira assinada, servidores públicos, pensionistas e militares.

Um levantamento da Serasa Experian divulgado em julho constatou que nunca houve tantos brasileiros com dívidas atrasadas desde 2016: 67 milhões, ou 31% da população. Só em 2022, 4 milhões ficaram com o nome sujo no mercado em razão de atrasos nos pagamentos. Destacam-se entre os inadimplentes os idosos, que cresceram de 10,6 milhões para 11,5 milhões, segundo a Serasa.

Propostas populistas para resolver o problema não têm faltado no discurso dos candidatos à Presidência. É o caso de Ciro Gomes, que promete perdoar dívidas, como se isso não tivesse como consequência inevitável aumento ainda maior nos juros que bancos cobrarão para emprestar — e um terremoto no mercado de crédito, essencial para o funcionamento da economia. O líder nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva, tem falado em obter uma “licença para gastar” para aumentar o salário mínimo acima da inflação (e também distribuir reajustes em massa ao funcionalismo). São receitas certeiras para a quebra da confiança fiscal e para haver mais dificuldade em elevar o crescimento, o nível de emprego e, portanto, em reduzir o nível de endividamento.

O Globo

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