Pedro do Coutto
Nas urnas americanas, uma esperança na renovação do humanismo. A possível vitória da candidata Kamala Harris nas eleições representa uma chama de esperança que renasce e que se refletirá no panorama mundial afetado por graves crises, a exemplo das Guerras no Oriente Médio e na Ucrânia.
Além disso, está em jogo um embate moral, uma vez que Donald Trump foi condenado por fraude contábil ao ocultar um pagamento de US$ 130 mil para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels na eleição de 2016, quando derrotou Hillary Clinton, do Partido Democrata. Segundo a acusação, o suborno foi usado para ocultar a relação com Daniels e, assim, interferir no processo eleitoral.
PROCESSO – A decisão do júri, anunciada num tribunal de Nova York, foi unânime. Trump foi declarado culpado em todas as 34 acusações pelos 12 integrantes do colegiado. Donald Trump é o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser condenado em um processo criminal. Além da esfera criminal, também responde por processos na esfera civil, de conduta sexual imprópria, difamação e fraude empresarial.
Os pagamentos à atriz pornô foram feitos inicialmente por Michael Cohen, ex-advogado de Trump. O ex-presidente teria então reembolsado Cohen com pagamentos mensais por meio da sua empresa, a Trump Organization. Segundo a promotoria, as notas fiscais teriam sido registradas como “despesas legais”.
Com isso, ele teria falsificado registros fiscais da empresa. O silêncio comprado teria, de acordo com os promotores do estado de Nova York, interferido na integridade das eleições presidenciais de 2016, quando Trump foi eleito. As acusações envolviam 11 faturas, 11 cheques e 12 vouchers.
CAPITÓLIO – Some-se a tais fatos, a questão de que, em janeiro de 2021, Trump articulou e foi a peça-chave do ataque ao Capitólio, fato inédito na história norte-americana, quando um presidente derrotado nas urnas tenta uma falsificação e depois patrocina uma invasão para que o vice-presidente não proclamasse o resultado nas urnas. Incrível. Não sei como Trump pode se apresentar como candidato em um país democratico.
Kamala Harris joga sua cartada decisiva na Pensilvânia, considerado o estado-chave para decidir o pleito nos Estados Unidos. Não creio que as eleições se decidam somente no estado, mas lá também. Há uma série de colégios eleitorais em jogo e a sociedade americana, se refletir um pouco, votará em Harris como um compromisso até moral do qual os eleitores se revestem.
Não é possível que Trump, com tantas situações contrárias a ele próprio, seja eleito dos Estados Unidos. Existe a possibilidade, mas torço contra esse caminho. É preciso que as forças democráticas americanas se unam e partam para uma reação contra todos os desmandos e votem em Kamala Harris.