Gilberto Clementino dos Santos
No mundo global, altamente competitivo, os países se valem de tudo para descobrir estratégias alheias, avanços tecnológicos e descobertas científicas que possam impactar o mercado mundial e alavancar economias. A guerra fria acabou e os serviços de inteligência e informações hoje operam como vetor estratégico de temas civis e militares.
O que o Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal estão fazendo, na condução do chamado “inquérito do fim do mundo”, é esculhambar as instituições e transmitir um clima de inquietação geral, como agora ocorre com os serviços brasileiros de inteligência e informações, que estão sendo jogados numa vala comum.
TOMATES NA FEIRA – Tudo está exposto como tomates numa feira de esquina ou como genitálias na Sapucaí, pode-se dizer aqui, aproveitando a imagem do carnaval que se aproxima.
Ao invés de uma criteriosa investigação sob sigilo, o Supremo, a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal fazem tudo ao contrário – com “pirotecnia”, como definiu o próprio presidente Lula, pedindo moderação.
Por exemplo, como atribuir ao delegado Alexandre Ramagem fatos ocorridos seis meses depois de estar afastado da Abin? Nessas notícias espalhadas pela trinca STF/MPF/PF, há esse tipo de acusação vexaminosa, que demonstra a irresponsabilidade de nossas autoridades policiais e judiciais.
FROUXOS DE RISO – O que estão fazendo com a Abin certamente provoca “frouxos de riso” aos serviços de inteligência mundo afora. O que está acontecendo com a Agência Brasileira de Inteligência é uma campanha desmoralizante, que evidencia uma disputa aberta pela PF, embora tradicionalmente a Abin venha sendo dirigida por delegados federais – uma circunstância que evidencia a insanidade dessa guerra institucional.
Muitos políticos e jornalistas acham bacana atingir a Abin por meio de narrativas parvas que demonstram desconhecimento sobre a importância estratégica do órgão. O mais importante agora é saber por que a Corregedoria-Geral da Agência não cumpriu sua obrigação de coibir ações irregulares e descabidas.
Afinal, cabe à Corregedoria-Geral estancar problemas internos, controlando e pedindo a punição de agentes que possam macular as atividades fundamentais da Agência e, por tabela, atingir os interesses do país. Por que não o fez?