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quarta-feira, agosto 02, 2023

Aumenta a pressão contra Campos Neto; se o Bacen não reduzir juros, a crise se aprofundará

Publicado em 2 de agosto de 2023 por Tribuna da Internet

Governo e lideranças da indústria pressionam pela queda de juros

Pedro do Coutto

Na reunião do Comitê de Política Monetária que foi iniciada ontem, terça-feira, e será concluída hoje, a pressão contra Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, elevou-se sensivelmente e, com isso, pode-se avaliar que se os juros da Selic não descerem, tal fato desencadeará uma crise de grandes proporções no setor monetário do governo com reflexo inevitável no país.

A atmosfera tornou-se mais densa e tanto ministros do governo quanto lideranças do setor industrial passaram a pressionar pela queda de juros da Selic. Isso porque os juros altos demais desviam recursos de investimentos econômicos para aplicações financeiras cujos reflexos não incidem sobre o mercado de empregos e, portanto, sobre o consumo, restringindo-se à concentração de renda cada vez maior pelos aplicadores de capital.

LUCROS MAIS FÁCEIS  – Os juros altos atraem recursos financeiros que buscam, como é sabido, lucros mais fáceis, mais elevados e com risco zero. A pressão se concentrou e ao meu ver é difícil a posição de Campos Neto. Se os juros forem reduzidos, por menor que seja a parcela, significará uma perda política de pontos para o presidente do Bacen. E se os juros não descerem, neste caso então as consequências econômicas e monetárias irão se tornar explosivas.

Reportagem da Folha de S. Paulo, do O Globo e do Estado de S. Paulo, destacam que haverá um recuo que pode variar entre 0,25% a 0,5%. Meio por cento significará por mês uma diminuição de R$ 30 bilhões nos juros pagos pela rolagem da dívida interna que é, como se tem divulgado, da ordem de R$ 6 trilhões. É só projetar 13,75% sobre R$ 6 trilhões. Amanhã, diante da decisão, vamos observar os resultados e reflexos. De qualquer forma, porém, Roberto Campos Neto perdeu espaço.

INQUÉRITO –  É um verdadeiro absurdo a conclusão do Inquérito Policial Militar sobre a depredação de Brasília no dia 8 de janeiro atribuindo responsabilidade ao governo Lula por não ter previsto e combatido as ações selvagens, mais até do que a própria invasão de bárbaros contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.

É estranho que num episódio de extrema gravidade seja atribuída uma dose maior de culpa à não identificação do movimento do que ao próprio movimento do vandalismo.  Quer dizer, alguém é culpado por não ter reagido e mais culpado do que os próprios agressores.

Uma coisa não elimina a outra. Além disso, analisando-se logicamente o episódio verifica-se que o grau de culpa e intenção destrutiva partiu de uma invasão organizada e financiada como revela o inquérito do STF. A deputada Grace Hoffmann, presidente do PT, e o diretor-geral da Polícia federal, Andrey Rodrigues, contestaram as conclusões do IPM, cujo objetivo – fica nítido – é evitar que uma parcela de culpa se desloque sobre a área militar sediada em Brasília. Na Folha de S.Paulo a reportagem é de Thaíssa Oliveira e também de Flávio Ferreira. No O Globo, de Nicolas Iory.

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