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segunda-feira, novembro 07, 2022

Inflação e concentração de renda são os desafios permanentes para os governos do mundo inteiro

Publicado em 7 de novembro de 2022 por Tribuna da Internet

Charge do Nani (nanihumor.com)

Pedro do Coutto

A inflação e sua eterna parceira, a concentração de renda, são os fatores essenciais que separam a população e os governos formando uma barreira difícil de transpor e que é o único caminho para o desenvolvimento econômico e social de um país. O problema é que nas nações democráticas, o voto é a renovação de esperanças de que o impasse que se eterniza entre o capital e o trabalho seja solucionado sob a ótica cristã e democrática.

Não se trata de atentar contra a propriedade. Essa visão comunista já se esgotou e está arquivada no passado. Trata-se apenas de destinar uma parcela do que se produz no mundo (cerca de US$ 90 trilhões por ano) para uma solução que tenha base, digamos, 90% para o capital e 10% para remuneração do trabalho humano.

IMPASSE – Em 20 anos, a extrema pobreza e a fome terão ou teriam desaparecido no universo.  O impasse atravessa os séculos e o desafio permanece. Agora mesmo verifica-se seu ressurgimento nos Estados Unidos e seu reflexo nas eleições americanas de amanhã, terça-feira.

Excelente reportagem de Filipe Barini, O Globo deste domingo, focaliza o arremate da campanha eleitoral para a escolha da nova Câmara dos Deputados, um terço do Senado e de governadores para 36 dos 50 Estados americanos. O Partido Democrata, consequência da inflação que tem marcado o governo Joe Biden, alimentou a campanha republicana, que está sendo comandada por Donald Trump.

As pesquisas dão avanço dos candidatos trumpistas. Incrível isso, já que o episódio de janeiro de 2021, quando foi feita a brutal invasão do Congresso e a tentativa idêntica e absurda de impedir o reconhecimento de Biden nas urnas, o grupo da direita tenha conseguido avançar.

INDECISOS – Uma ameaça bastante forte, tanto assim, que levou o ex-presidente Barack Obama às ruas da Filadélfia para apoiar um candidato do partido ao Senado, provavelmente tentando com a sua presença motivar eleitores indecisos e levando-os a comparecer às urnas num país em que o voto não é obrigatório.

Tenho a impressão de que o nível de comparecimento será fundamental para um desfecho no qual, além de um julgamento parcial do governo Biden, pode representar uma derrota dos ideais dos fundadores da nação. Surpreende o reflexo na participação de Donald Trump, pois não se trata apenas de um julgamento sobre a Casa Branca. Trata-se, mais que tudo, de um combate ideológico entre a direita conservadora e o partido democrata que representa muito mais o esforço para um desenvolvimento social mais concreto.

Surpreende o impasse da concentração de renda porque os mais ricos são os ganhadores da inflação, já que não pode haver crédito sem débito. O encontro efetivo entre capital e trabalho dentro da visão cristã e progressista, dois mil anos depois de Cristo, ainda está para se realizar. Mas é preciso não confundir uma dificuldade milenar e uma diferença de não aceitar o resultado das urnas, essência da liberdade e da democracia.

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