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sexta-feira, setembro 09, 2022

Manifestações foram mais do mesmo e não ‘Dia D’ - Editorial




Atos políticos de ontem não parecem ter muita força para acelerar a ascensão de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro nada fez para as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil que não fosse em proveito próprio, eleitoral. Bolsonaro reduz a nação a sua pessoa e os interesses nacionais aos de sua família e de sua facção radical antidemocrática. Ontem, em Brasília, o presidente deixou de lado a data e saiu à caça de votos, além de puxar um inacreditável coro autocongratulatório de “imbrochável”. Em 200 anos de festejos alusivos à data nunca se viu nada igual. O bicentenário serviu de paisagem para novas pregações eleitorais do presidente, que continua atrás nas pesquisas e pode ser derrotado nas eleições de outubro.

Institucionalmente, para os festejos não moveram uma palha os ministérios da Educação e a rebaixada secretaria da Cultura, sucessivamente ocupados por ideólogos incompetentes. Nada se poderia esperar de uma pasta que teve um ministro que disse que os brasileiros eram “canibais”, quando queria dizer que eram cleptomaníacos (o que não melhora as coisas), e um secretário que imita o nazista Goebbels.

Bolsonaro convocou seus apoiadores, que o atenderam em manifestações pacíficas e concorridas, especialmente em Brasília, para, “pela última vez”, declarar um basta às ações do Supremo Tribunal Federal, em defesa da “liberdade”, na versão peculiar do presidente - ausência de limites para os que pensam como ele. Bolsonaro completou em entrevista à TV Brasil, no início do dia, seu ideário de sempre: contra a liberação das drogas, a legalização do aborto e a ideologia de gênero. Mais tarde, deu uma estocada indireta no STF, citou datas em que houve crises institucionais, disse que “a história pode se repetir”, mas com final feliz: “O bem sempre venceu o mal”. E, claro, atacou diversas vezes seu rival Lula e o PT.

O problema é que o presidente é uma crise institucional ambulante. Na véspera do 7 de setembro, Bolsonaro contrariou o dispositivo de segurança negociado entre o Supremo e o governo do Distrito Federal e permitiu a entrada de caminhões na Esplanada dos Ministérios. No ano passado seus partidários tentaram invadir o Supremo, estimulados pelas agressões do presidente à instituição.

O presidente convidou para o palanque da solenidade os empresários que passaram a ser investigados pelo STF por terem defendido um golpe militar em conversas no WhatsApp. Bolsonaro, pelo que já disse, não discorda deles. Na mesma data, em 2021, afirmou: “Se tudo tivesse que depender de mim, não seria este o regime que estaríamos vivendo no Brasil”.

Se o presidente esperava que a arregimentação eleitoral de ontem representasse um salto de qualidade para sua tentativa de permanecer no poder, seja de que forma for, pode ter se frustrado. As manifestações mostraram o esperado: o presidente tem capacidade de mobilização importante, expresso também nas pesquisas com um eleitorado fiel, ao redor de 30%. No entanto, o tom de ultimato das convocações contrastaram com a atitude de Bolsonaro, mais comedido do que é em geral, ainda que desabusado como sempre.

O cálculo político recomendou moderação, porque nas muitas vezes que o presidente perdeu as estribeiras, ele não ganhou mais eleitores, mas perdeu. Por outro lado, discursos moderadamente agressivos, como os de ontem, se não desagradam a sua base fiel, que o apoia seja o que quer que diga, tem baixo poder de persuasão sobre o eleitorado não bolsonarista. Eles expõem o vazio de propostas e a falta de enfoques positivos. Bolsonaro não tem muito mais a vender que ideologia, que é parte do jogo, mas não todo o jogo, eleitoral.

Os bilhões de reais despejados em programas de assistência e de redução dos preços dos combustíveis, eleitoreiros do começo ao fim, podem empurrar Bolsonaro nas pesquisas, mas até agora isso tem acontecido de forma lenta, em desacordo com o calendário, que anda rápido. As manifestações de ontem não parecem ter muita força para acelerar sua ascensão.

Mas o que não ocorreu também foi relevante para os planos de Bolsonaro: a participação dos presidentes da Câmara e do Senado nas solenidades. Arthur Lira (PP), seu fiador na Câmara, foi fazer campanha em Alagoas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que irá participar hoje de uma solenidade “verdadeiramente cívica” no parlamento. Afastaram-se das manipulações eleitorais do presidente, algo que mais à frente pode se revelar como indiferença em relação a seu destino, se a perspectiva de permanecer no poder não surgir em breve para Bolsonaro.

Valor Econômico

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