Ainda que a melhora econômica não se reflita nas pesquisas, retira força da fala dos adversários
Por Adriana Fernandes (foto)
Se depender da economia, a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao dia da votação em primeiro turno das eleições presidenciais tende a ser forte.
O PIB cresceu 1,2% no segundo trimestre (acima do esperado), os economistas já projetam uma alta próxima de 3% no ano e a taxa de desemprego no trimestre de maio a julho caiu para 9,1%, a menor em sete anos.
A massa salarial também está crescendo bem, apesar da previsão de uma desaceleração do ritmo no terceiro trimestre.
A inflação (ah... ela) está caindo, e economistas apontam que o novo corte da gasolina, de 7%, ou R$ 0,25% no preço do litro, anunciado na quinta-feira pela Petrobras, abre espaço para o IPCA negativo em setembro. É na antessala das eleições, marcada para começar às 8h de 2 de outubro. Foi a quarta queda nas refinarias da estatal desde julho, e ainda há espaço para novas quedas no preço da gasolina.
Além da melhora do emprego, há o aumento do crédito e dos benefícios. A concessão dos diversos auxílios sociais, moldados a gosto para esse momento eleitoral, estará a todo vapor até lá.
O governo se prepara para a inclusão de mais 804 mil famílias no Auxílio Brasil em setembro. Sem falar nas linhas de crédito abertas para os beneficiários dos programas sociais (Auxílio e BPC), Microempreendedores Individuais, micro e pequenas empresas.
Toda a estratégia política do governo foi calculada para fabricar um ambiente econômico melhor nas eleições. E isso está acontecendo. Se ela dará resultados, não se sabe, apesar da confiança dos adversários numa vitória certa nas eleições.
Embora a melhora da economia ainda não esteja refletida nas pesquisas, o quadro mais favorável no curto prazo retira muito da força da fala dos adversários em relação a pontos que vinham sendo martelados contra o governo Bolsonaro, como alta do desemprego, dos combustíveis e da carestia generalizada.
O quadro econômico está exigindo uma revisão da artilharia das campanhas. Lula disse que Bolsonaro está anunciando redução da gasolina porque “roubou o ano inteiro” e criou um benefício emergencial, que não será prorrogado. Não é mais o que dizia: “os combustíveis estão altos, e Bolsonaro não faz nada”.
O envio do projeto de Orçamento de 2023, sem o Auxílio Brasil de R$ 600, a correção da tabela do Imposto de Renda e com menos recursos para áreas como saúde, educação e ciência, reforça as críticas do PT ao governo, mas não muda a realidade do agora. Ainda que a melhora econômica se transforme em um soluço fabricado pelos estímulos econômicos e um problema contratado para os próximos anos. A eleição não acabou, e os jogadores ainda estão em campo.
O Estado de São Paulo