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segunda-feira, setembro 05, 2022

Bolsonaro pode alcançar Lula?




Datafolha mostra limite do voto no presidente, que precisa esticar eleição e depredar petista

Por Vinicius Torres Freire (foto)

Dos eleitores de Lula da Silva (PT), 17% dizem que ainda podem escolher outro nome, segundo o Datafolha. Entre os que votam em Jair Bolsonaro (PL), 16%. Suponha-se que Lula perca todos esses votos e não receba nenhum mais; que Bolsonaro não perca eleitor algum e ganhe o voto de todos aqueles que afirmam considerá-lo como alternativa. Na ponta do lápis, daria empate em cerca de 37% (Lula ora tem 45%, Bolsonaro 32%).

Eleição não é caso de conta na ponta do lápis. Mas, por um lado, é fácil perceber por essa continha que a situação de Bolsonaro não é lá muito fácil. Por outro, as pessoas podem simplesmente mudar de ideia.

A rejeição a Bolsonaro continua majoritária. Desde maio, flutua entre 51% e 55%. Note-se de passagem que o Datafolha pergunta em quem o eleitor "não votaria de jeito nenhum no primeiro turno". Feita a ressalva, Bolsonaro estaria assim derrotado em um segundo turno a não ser que a rejeição a seu adversário fosse maior ou igual. A rejeição a Lula está em 39% (era 33% em maio).

Resta, pois, ao bolsonarismo depredar Lula ainda mais, o chamando de "macumbeiro", "ladrão" e sabe-se lá que bala ponham na agulha a fim de fazer estrago adicional. Quanto a ganhar votos, a situação é difícil.

Entre os eleitores de Ciro Gomes (PDT), 65% "não votariam de jeito nenhum" em Bolsonaro (ao menos no primeiro turno); entre os de Simone Tebet (MDB), 66%. De resto, apenas 2% dos eleitores ainda não têm candidato algum.

Como um segundo turno é mais provável, a campanha ainda pode durar quase dois meses. Neste ano, o grosso das melhoras na economia da vida cotidiana já ocorreu. Mas é quase certo que o número de pessoas empregadas continue a aumentar até fins de outubro. O salário médio se recupera mais rapidamente (despiora, na verdade, mas acelerando).

No entanto, o grande aumento da miséria em 2021 pode ter deixado sequelas, nas emoções e no corpo, além do fato de muita gente viver ainda em condições atrozes.

A inflação geral caiu para menos de 10% ao ano em agosto, mas a inflação dos alimentos ainda corre a mais de 17% ao ano. Os R$ 600 do Auxílio Emergencial de abril de 2020 valem agora apenas R$ 434 em termos de poder de compra de comida.

A julgar por vários números do Datafolha, o Auxílio Brasil gordo não melhorou a situação de Bolsonaro de modo algum. Até agora, ressalte-se. Pode continuar a não fazer efeito, mas o pagamento do Auxílio Emergencial, a partir de abril de 2020, não elevou de pronto a popularidade de Bolsonaro, que continuou piorando até junho daquele ano. Além do mais, o governo pode tentar comprar mais alguns votos.

Sim, o país está um horror, perdeu 12 anos em termos socioeconômicos, não há "decolagem" e menos ainda euforia, mas esquerda e oposição em geral se recusam a ver os números mais simples e óbvios do que era despiora e agora é óbvia melhora. Algum efeito marginal isso terá na eleição, em uma campanha na qual o lulismo não oferece programa e ainda padece do envelhecimento sociocultural da arenga popularesca de Lula, que diz disparates semanais.

Em maio, a diferença entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno era de 21 pontos; agora, é de 13.

Enfim, é óbvio que a eleição tem muitas facetas: a desumanidade essencial de Bolsonaro, a questão religiosa, feminismo, "pátria e família", saúde, decência humana básica, racismo, democracia, questões de classe, geracionais. Não é só a "eleição da fome", ainda que um terço do país mal tenha o que comer (logo, dois terços têm, note-se). De mais certo e simples, Bolsonaro precisa de tempo para depredar Lula, que precisa mirar em gol no primeiro turno.

Folha de São Paulo

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