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quinta-feira, setembro 08, 2022

Bolsonaro muda regras para liberar antes da eleição R$ 5,6 bilhões do orçamento secreto


TRIBUNA DA INTERNET | Orçamento secreto pode passar por mudanças no fim do  ano, preveem líderes dos partidos

Charge do Cazo (Arquivo Google)

Alexandro Martello
g1 — Brasília

A Secretaria especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia informou ao g1 nesta quinta-feira (8) que deverão ser liberados rapidamente R$ 5,6 bilhões para as chamadas emendas de relator. Com isso, os recursos podem sair antes do primeiro turno das eleições, marcado para 2 de outubro.

A liberação será possível por que o presidente Jair Bolsonaro editou um decreto na última terça-feira (6) que alterou regras de programação orçamentária.

MANIPULAÇÃO – Conhecidas como orçamento secreto, as emendas de relator são recursos que não são distribuídos igualmente entre todos os parlamentares — ao contrário das demais emendas (individuais, de bancada ou de comissão).

Os repasses ficam, na prática, a critério de conversas informais e acertos com o relator, e geralmente privilegiam parlamentares da base aliada do governo. Em posse desses recursos, eles podem autorizar obras em seus redutos eleitorais.

Esse tipo de emenda também ficou conhecida como orçamento secreto devido à dificuldade em obter informações sobre quem as indicou e como onde foram feitos os gastos. O uso dos recursos também está relacionado a possíveis esquemas de corrupção.

MANOBRA – A liberação de recursos de forma imediata só será possível porque o presidente Jair Bolsonaro editou, na última terça-feira (6), decreto alterando as normas de programação orçamentária e financeira relativas ao bloqueio, ou desbloqueio, de recursos.

Com a nova regra, por exemplo, ficou mais fácil liberar valores para gastos. Até então, o governo só podia liberar, ou bloquear valores, quando houvesse a chamada “apuração bimestral” ou “extemporânea” de todas as despesas obrigatórias, ou de outros fatores que afetassem os valores sujeitos ao teto de gastos (regra que limita as despesas à inflação).

Isso era feito por meio dos relatórios de receitas e despesas, que faziam um levantamento detalhado considerando toda a arrecadação e gastos já realizados, e projetando-os para o resto do ano. Em posse desses números, o governo podia bloquear ou desbloquear recursos para os ministérios ou emendas parlamentares.

MEDIDAS PROVISÓRIAS – Com o novo formato autorizado por decreto presidencial, não será mais preciso aguardar esse levantamento mais detalhado. Bastará ao governo que haja “legislação específica” que seja publicada entre os relatórios de avaliação de receitas e despesas primárias.

A “legislação específica” que possibilitará ao governo, diante das novas regras orçamentárias, liberar os recursos são duas Medidas Provisórias editadas no fim de agosto.

A primeira adiou pagamentos de benefícios ao setor cultural (leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2), e a segunda limitou gastos o de ciência e tecnologia (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

FORÇA DE LEI – Medidas provisórias têm força de lei assim que publicadas no “Diário Oficial da União”. Precisam, contudo, ser aprovadas pelo Congresso Nacional, que pode alterar o conteúdo da MP, para se tornarem leis em definitivo.

Deste modo, se as Medidas Provisórias forem rejeitadas posteriormente pelo Parlamento, o governo será obrigado a bloquear recursos orçamentários para fazer os pagamentos ao setor cultural e de ciência e tecnologia. Nesse caso, o orçamento dos ministérios, que já está em valores historicamente baixos, pode ser prejudicado.

Mas isso somente ocorrerá lá na frente, bem depois das eleições.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Em 2014, a então presidente Dilma Rousseff disse que “ia fazer o Diabo para vencer a eleição”. Realmente, fez, venceu e depois foi derrubada. Oito anos depois, Bolsonaro segue o exemplo, ao pé de letra. Em nome de Deus, está fazendo o Diabo para sair vitorioso. (C.N.)

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