Publicado em 2 de setembro de 2022 por Tribuna da Internet
Alice Cravo
O Globo
O presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer uma piada de cunho machista durante a tradicional transmissão ao vivo que faz todas as quintas-feiras. Ele afirmou que notícia boa para as mulheres é “beijinho, rosas, presentes e férias”, ao comentar a redução no número de feminicídios, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
— Uma notícia boa para as mulheres, né. Se bem que notícia boa para as mulheres é beijinho, rosas, presentes, férias. É isso mesmo? Isso que vocês gostam? Eu também gosto — afirmou Bolsonaro.
NARRATIVA – Pouco depois, em sabatina na RedeTV, Bolsonaro chamou de “narrativa” as acusações de que não gosta e não respeita as mulheres. Disse que as trata com “carinho” e “consideração”.
— É uma narrativa. Como se eu não gostasse de mulheres. Eu trato as mulheres com carinho, consideração.
As declarações foram dadas quatro dias depois de o presidente atacar a jornalista e colunista do GLOBO Vera Magalhães, ao dizer que ela dormia pensando nele. Para além da ofensa, os próprios aliados de Bolsonaro consideraram a investida um erro estratégico.
PÚBLICO FEMININO – A campanha do presidente tem se esforçado para aumentar sua aprovação entre o público feminino, maioria do eleitorado brasileiro. Hoje, Bolsonaro tem 29% das intenções de voto neste segmento, contra 47% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ainda na sabatina da RedeTV, Bolsonaro se esquivou de uma pergunta sobre quais ações do governo durante a pandemia ele consideraria erradas. O presidente afirmou que pode ter acontecido “um equívoco ou outro” e que não acreditava em erros.
— Não posso falar em erros que….a gente sempre procurou conversar com muita gente de forma rápida para tomar decisões — afirmou Bolsonaro, completando: — Nós hoje somos um exemplo para o mundo. Não acredito em erros, pode ter acontecido um equívoco ou outro, não passa pela minha cabeça no momento.
TROCA DE MINISTROS – Em seguida, Bolsonaro foi questionado sobre a troca de ministros durante a pandemia. No ápice do combate ao vírus, o presidente trocou três vezes os titulares da pasta.
Dois deles deixaram o governo por discordar das condutas de Bolsonaro para combater o vírus.
— Isso é natural, tinha 22, tenho 23 ministros, algum desafina na orquestra, então tem que trocar. Você vê a Petrobras. Eu fui pro quarto. A imprensa, grande parte, bateu em mim. Se tiver que ir para o oitavo eu vou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Bolsonaro e Lula travam uma batalha particular para ver quem diz mais besteiras. São tão bons nessa prática que fica impossível prever o vencedor. (C.N.)