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domingo, setembro 04, 2022

No grito, não




Terceira via deu sinal de vida depois que ficou claro não existir contorcionismo retórico que disfarce a corrupção

Por Eduardo Affonso (foto)

Há um movimento nas redes sociais para que a escolha do novo presidente seja decidida já em 2 de outubro. Desde que a eleição em dois turnos foi instituída, em 1988, quem ganhou no primeiro acabou repetindo o feito no segundo. Liquidar a fatura daqui a um mês abortaria pretensões golpistas e daria à luz a narrativa da “vitória de lavada”, um 7 x 1 no fascismo etc. Com uma vantagem adicional: sem ter de fazer acordos ou concessões. Como ensina a Doutrina ABBA, na base do “The winner takes it all”. Então, segundo turno, pra quê? Seria um desperdício de tempo, dinheiro e cortisol, o hormônio do estresse.

Mas, para isso, é preciso combinar com os russos — convencer os eleitores dos candidatos hoje em terceiro e quarto lugares de que eles (eleitores) sejam uns idiotas, irresponsáveis, linha auxiliar de um genocida, cúmplices de tudo o que vier a acontecer de ruim caso (toc, toc, toc) o Mal (“eles”) vença o Bem (“nós”).

Nunca foi uma estratégia das mais sensatas, mas era o que tinha pra hoje.

Não é mais. Depois que ficou claro não existir contorcionismo retórico que disfarce a corrupção em escala industrial dos governos petistas, a finada terceira via deu sinal de vida. Na última pesquisa, Lula (na dianteira) caiu 4%, Bolsonaro seguiu inerte na vice-liderança, o eterno Ciro (que, no ritmo em que vem crescendo desde a primeira candidatura, chegará ao poder em 148 anos) subiu 29% e Simone 250%. Ok, os 250% de Simone correspondem a meros 3 pontos — mas bastou ganhar visibilidade para mais que duplicar seu eleitorado. E mostrar que há espaço para sensatez em meio à competição por quem é menos pior.

Se antes os adeptos do “Lula já” tinham de cooptar (com xingamentos) 9% dos votantes, esse índice subiu para 14% (sem contar os “isentões” do voto nulo ou em branco). Talvez seja hora de trocar o tacape pelo chamego, a imposição pela busca de convergência.

O mérito da eleição em dois turnos é este: garantir representatividade, legitimidade. Formar alianças que deem sustentação ao futuro governo. Evitar que candidatos radicais, ou com alta rejeição, vençam por maioria simples.

Historicamente, quem está à frente nas pesquisas a um mês da eleição acaba eleito. Para não correr o risco de quebrar a escrita, os partidários do voto útil podiam propor a aposentadoria das urnas eletrônicas (ou dos votos impressos) e a privatização do pleito. O TSE seria desativado e tudo ficaria a cargo dos Ipecs e Datafolhas. A custo zero para o contribuinte.

Outra sugestão é que enxerguemos o óbvio: em todas as disputas desde a redemocratização, quem ganha em Minas ganha no Brasil. Por que, então, não passar a consultar apenas os mineiros? Deixemos o resto do país às voltas com seus afazeres e ouçamos o que dizem os oráculos das Gerais.

O que Minas resolver, estará resolvido. Isso, sim, seria uma enorme economia de tempo, aporrinhação e recursos. E, por se tratar de conterrâneos de Tancredo e JK, tudo teria de ser com diálogo, persuasão, negociação — táticas que, antigamente, faziam parte da boa política.

Até lá, é melhor haver dois turnos, sim.

O Globo

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