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domingo, maio 22, 2022

Brasil já tem os programas para Amazônia que Elon Musk queria vender ao governo

Publicado em 22 de maio de 2022 por Tribuna da Internet

Bolsonaro ataca "mentiras sobre a Amazônia" ao lado de Elon Musk

Musk estava totalmente desinformado e perdeu a viagem

Malu Gaspar
O Globo

O barulho em torno da visita de Elon Musk ao Brasil tem tudo para acabar sendo só isso mesmo – barulho.  Para fazer um programa com o alcance e a ambição do que o bilionário sul-africano veio propagandear em São Paulo, seria necessário uma licitação, o que não é permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal a esta altura do ano eleitoral. 

Pela legislação, a partir de maio, os presidentes ficam impossibilitados de contrair dívidas que não possam ser cumpridas no seu mandato.  Bolsonaro, portanto, só poderá fazer negócio com Elon Musk se ganhar a reeleição em outubro.

VIA SATÉLITE – Mas há um outro detalhe importante: o programa que Musk veio vender ao governo brasileiro nesta sexta-feira já existe desde 2018, custou mais de R$ 700 milhões de reais e foi implementado por meio de um acordo da Telebras com o maior concorrente de Musk nos Estados Unidos – a Viasat Telecomunicações, do igualmente bilionário Mark Dankberg. 

Por esse acerto, a Viasat utiliza 58% da capacidade do satélite SGDC-1 e a Telebras, 42%. Os R$ 700 milhões foram o que o governo pagou para a instalação dos equipamentos e colocá-los em operação.

Chamado inicialmente de Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac) e rebatizado por Jair Bolsonaro de Wi-Fi Brasil, ele usa um satélite que custou R$ 3 bilhões ao governo brasileiro para conectar 10 mil escolas das regiões Norte e Nordeste à internet. 

PROPOSTA INÚTIL – Segundo o balanço fornecido pelo próprio programa, 91% dessas escolas estão na zona rural. E todas as escolas do Acre, do Amapá, de  Amazonas e de Roraima já estão atendidas.

Além disso, o monitoramento da Amazônia que Musk disse ser possível fazer pela sua empresa de satélite, a Starlink, ainda não está disponível.

Segundo o mapa de cobertura que o próprio site exibe na abertura, uma parte relevante da região só passará a ser coberta pelo satélite no ano que vem. E o tipo de imagem que o satélite da Starlink fornece não é específico para acompanhamento e monitoramento científico, porque o propósito do satélite é fazer banda larga e não captar imagens.

DEFICIÊNCIAS – Para fazer isso, os satélites da SpaceX precisariam de sensoriamento remoto, função já exercida pelos equipamentos do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

É por meio desses equipamentos que o instituto emite alertas diários de desmatamento na Amazônia (sistema Deter), para auxiliar equipes do Ibama, e calcula a taxa de desmatamento anual com satélites de maior resolução (sistema Prodes). Em 2020, O GLOBO revelou que o Ministério da Defesa também tentou adquirir satélites privados ao custo de R$ 145 milhões, mas a compra foi cancelada.

Segundo o jornalista especializado em telecomunicações Samuel Possebom, que dirige o site Teletime, há ainda outros dois programas que cumprem funções semelhantes às que Elon Musk diz que a Starlink poderia exercer no Brasil.

MUSK SE ENGANOU – Um dos programas é o Norte conectado, que prevê investimentos de cerca de R$ 2 bilhões de reais para instalar uma rede de 12 mil quilômetros de fibra óptica na região, incluindo escolas. 

Outro projeto que também visa ampliar o acesso à internet em escolas, incluindo a Amazônia, está sendo coordenado pelo conselheiro da Anatel Vicente Aquino, com R$ 3 bilhões arrecadados no leilão de 5G para conectar escolas, com qualquer tecnologia.

Dada a quantidade de dinheiro já empregada em iniciativas que já existem ou ainda nem foram implementadas, talvez o melhor para os cofres públicos seja mesmo que visita de Elon Musk não passe de uma bela oportunidade para fotos e discursos, nada mais. Pelo menos, é mais barato.


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