Um dia antes de uma segunda ronda de negociações entre Kiev e Moscovo, a capital ucraniana e a cidade de Kharkiv foram os principais alvos das forças russas. Ovacionado no Parlamento Europeu, Volodymyr Zelensky promete continuar a lutar mas rejeita heroísmos. Leia abaixo os principais pontos que marcaram este sexto dia da ofensiva russa na Ucrânia.
- Um ataque de míssil contra uma torre de transmissão de televisão em Kiev matou cinco pessoas e deixou feridas outras cinco, perto do memorial do Holocausto Babyn Yar, símbolo dos massacres nazis da Segunda Guerra Mundial. A ofensiva na capital da Ucrânia aconteceu depois de o Ministério da Defesa russo instar os habitantes a sair da cidade, avisando que planeava atacar pontos de informação e comunicação. Veja aqui o vídeo do momento.
- Um ataque aéreo em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, causou pelo menos 18 mortos e dezenas de feridos. A sede do governo regional e uma zona residencial foram atingidas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou a ofensiva como um ato de "terrorismo de Estado". Veja aqui o vídeo do momento.
- Mais de 70 soldados ucranianos foram mortos num ataque russo à base militar em Okhtyrka, cidade entre Kharkiv e Kiev, de acordo com as autoridades locais.
- Intervindo por videoconferência numa sessão plenária extraordinária do Parlamento Europeu, o presidente ucraniano pediu à União Europeia que prove que está do lado da Ucrânia na luta pela sobrevivência e pela defesa da liberdade. "Sem vocês a Ucrânia fica sozinha. Provem que estão connosco, provem que não nos vão deixar sozinhos. E então a vida ganhará sobre a morte, e a luz vencerá as trevas", disse Volodymyr Zelensky, ovacionada de pé por um hemiciclo colorido de azul e amarelo.
- A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, apoiou a atribuição à Ucrânia do estatuto de candidato à União Europeia, vincando querer "enfrentar o futuro" com o país e apoiando-o "na luta pela sobrevivência".
- "Hoje, a UE e a Ucrânia estão mais próximas do que nunca", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, referindo-se ao desejo expresso por Zelensky de aderir ao bloco europeu. "Há ainda um longo caminho a percorrer", ressalvou, indicando que é preciso pôr fim à guerra primeiro e "falar sobre os próximos passos" a seguir.
- Na sessão plenária em Bruxelas, os eurodeputados do PCP votaram contra a resolução sobre a agressão militar russa à Ucrânia adotada pelo Parlamento Europeu por entenderem que a mesma "instiga a escalada de confrontação", na qual NATO e UE "tiveram também uma responsabilidade".
- Ao fim da tarde, a partir de um bunker secreto em Kiev, Zelensky voltou a falar ao país e ao mundo, numa entrevista à CNN, para dizer que as negociações para o fim do conflito só podem continuar se as forças russas "pararem com os bombardeamentos". "Se eles não estiverem prontos, isso significa que estamos apenas a perder tempo", continuou, garantindo que "a Ucrânia vai lutar com mais força do que qualquer outro país" e recusando heroísmos. "Eu não sou icónico, a Ucrânia é que é".
- O presidente ucraniano e o homólogo norte-americano discutiram, por chamada telefónica, novas sanções contra a Rússia e o apoio à defesa da Ucrânia. "Temos de deter o agressor o mais rapidamente possível", escreveu Zelensky na publicação no Twitter onde deu contra do diálogo.
- A invasão russa já causou uma vaga de mais de 660 mil refugiados e um milhão de deslocados no interior do país, de acordo com a mais recente estimativa da ONU.
- O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, ficou a falar sozinho na Conferência de Desarmamento, em Genebra: os diplomatas abandonaram ostensivamente a sala no início da intervenção.
- A Rússia bloqueou dois órgãos de comunicação independentes, o canal de TV Dozhd e a rádio Ekho Moskvy, por divulgação de "informações deliberadamente falsas" sobre a invasão da Ucrânia.
- Foi marcada para quarta-feira uma segunda ronda de negociações entre os dois países, segundo a agência estatal russa Tass.
Jornal de Notícias (PT)