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domingo, março 06, 2022

Sem retomada - Editorial

 




PIB recupera patamar pré-Covid, mas deve voltar ao padrão de quase estagnação

Com o avanço de 0,5% no quarto trimestre, a economia brasileira terminou o ano passado com crescimento de 4,6%, o suficiente para superar o nível de atividade de antes da pandemia. O resultado não altera a perspectiva pouco animadora para este 2022, que se tornou mais nebulosa com a eclosão da guerra na Ucrânia.

O desempenho melhor do final de 2021 se deveu à agropecuária e aos serviços, que já respondem à menor preocupação com a crise sanitária. Atividades mais dependentes do contato pessoal têm espaço para expansão nos próximos meses, mas há novos obstáculos.

O principal deles é o novo choque de inflação, concentrada em itens essenciais como alimentos e combustíveis, que retirará poder de compra da população. A retomada até aqui, ademais, se deu num contexto de piora de salários.

O rendimento médio do trabalho medido pelo IBGE permanece 9,4% abaixo do patamar de antes da Covid-19, em valores corrigidos.

Com maiores pressões nos preços, já se cogita que o aperto monetário do Banco Central vá mais longe. O mercado futuro sugere que as expectativas para a taxa Selic podem subir a até 13,5% anuais, um ponto percentual acima do que se antevia há algumas semanas.

O encarecimento do dinheiro terá impacto negativo na demanda por crédito, que dá sinais de enfraquecimento nos segmentos ligados a bens duráveis. A inadimplência é outra preocupação, dado o endividamento recorde das famílias.

A guerra na Europa adiciona mais complexidade ao cenário. Já está claro que o novo repique nos preços das matérias-primas aumentou o risco de uma recessão global. Com a inflação já elevada nos Estados Unidos e na Europa, os bancos centrais estão em processo de aperto da política monetária, o que se reforça agora.

As consequências para o Brasil podem conter ambiguidades. Tipicamente, a economia do país responde negativamente a uma retração da atividade mundial, mas é impulsionada pela alta das cotações de artigos de exportação, principalmente produtos agrícolas, petróleo e minério de ferro.

Há outros fatores favoráveis, como o esperado aumento dos investimentos dos governos estaduais e em infraestrutura. Tudo somado, a expectativa para o ano permanece de modesto crescimento, de 0,5%, o que dá continuidade ao quadro de quase estagnação que vigora após a recessão de 2014-16.

Qualquer prognóstico mais positivo a médio e longo prazos depende da restauração de condições que permitam maior expansão da produtividade —e nessa seara será também preciso consertar os estragos institucionais patrocinados pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

Folha de São Paulo

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