'O assessor presidencial Vladimir Medinsky esteve entre os negociadores russos'
Negociações ocorreram na Belarus
As negociações entre Rússia e Ucrânia seguem em um impasse após a segunda rodada de conversas, realizada em Belarus nesta quinta-feira (3/3), o oitavo dia do conflito.
O negociador ucraniano Mykhailo Podolyak disse antes do encontro que as principais questões discutidas seriam um cessar-fogo, um armistício e a criação de corredores humanitários,
Mas os dois lados só chegaram a um entendimento sobre a o último ponto e concordaram em criar rotas "para evacuar civis pacíficos, e também sobre o fornecimento de remédios e alimentos para os locais dos combates mais intensos", disse Podolyak ao fim da reunião.
Ele acrescentou que existe a possibilidade, "reforço, possibilidade de um cessar-fogo temporário para o período de evacuação em determinados setores".
Mas Podolyak disse que "com grande pesar" as últimas negociações entre a Rússia e a Ucrânia "não alcançaram os resultados que esperávamos".
Mas ele afirmou que os dois lados concordaram em continuar as negociações "no futuro próximo".
"A única coisa que posso dizer é que discutimos o aspecto humanitário em detalhes, porque muitas cidades estão cercadas agora", diz ele.
Do lado russo, o assessor presidencial e ex-ministro da Cultura Vladimir Medinsky disse ao canal de notícias Rossiya 24 que foi possível encontrar entendimento mútuo em alguns pontos de negociação.
"A principal questão que resolvemos hoje é a questão de salvar pessoas, civis que se encontraram na zona de confrontos militares."
Ele disse que os dois ministérios da Defesa acordaram um formato para a manutenção de corredores humanitários "para a saída da população civil [e] sobre a possível cessação temporária das hostilidades no setor do corredor humanitário para o período de saída da população civil".
"Acho que isso é um progresso significativo", acrescentou.
De acordo com a agência de notícias Reuters, a próxima rodada de negociações ocorrerá no início da próxima semana.
Mais cedo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que uma conversa direta com Vladmir Putin é o único jeito de acabar com a guerra. "Sente-se (para conversar) comigo", disse Zelensky.
Ele voltou a fazer apelos para que outros países Europeus e membros da aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte enviem aviões para a Ucrânia.
Veja a seguir os principais acontecimentos mais recentes na guerra.
Maior usina nuclear da Europa está em chamas, dizem autoridades locais
'Ucrânia tem quatro usinas nucleares ativas, incluindo Zaporizhzhia'
Um incêndio teria ocorrido na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa.
O fogo parece ter sido causado por "contínuo bombardeio inimigo dos edifícios e unidades [da usina]", de acordo com o prefeito Dmytro Orlov, da vizinha Enerhodar.
Orlov havia relatado anteriormente intensos combates entre as forças ucranianas e russas nos arredores de sua cidade, que fica no sudeste do país.
Escrevendo no Facebook, ele disse que não havia abastecimento de água na cidade e não havia eletricidade em alguns bairros.
Tropas russas tentaram entrar na cidade em tanques e tomar a fábrica, mas moradores e trabalhadores foram vistos reunidos ao redor da fábrica e de suas estradas na quarta-feira (3/3).
Segundo uma parlamentar ucraniana, Inna Sovsun, centenas de pessoas fizeram uma 'barricada humana' no caminho para a cidade e para a usina.
A Ucrânia tem quatro usinas nucleares ativas, incluindo Zaporizhzhia. Também lida com resíduos nucleares em locais como Chernobyl, agora sob controle russo.
A Agência Internacional de Energia Atômica disse hoje cedo que está consultando a Ucrânia "e outros com o objetivo de fornecer o máximo de assistência possível ao país, pois busca manter a segurança nuclear nas atuais circunstâncias difíceis".
O diretor-geral da agência, Rafael Grossi, em um comunicado hoje, pediu a todas as forças militares que operam em torno de Enerhodar que se abstenham de violência perto da usina.
Na quarta-feira, ele disse que as usinas nucleares do país "devem poder continuar operando sem nenhuma ameaça à segurança. Qualquer acidente causado como resultado do conflito militar pode ter consequências extremamente graves para as pessoas e o meio ambiente, na Ucrânia e além". .
As forças russas tomaram o controle da usina nuclear fechada de Chernobyl há cerca de uma semana.
Autoridades ucranianas relataram que os níveis de radiação foram "excedidos" em vários lugares da área na época, mas a Rússia disse que isso não ocorrreu.
Drone registra destruição em Borodyanka após ataque russo
Imagens aéreas mostram a extensão da destruição de edifícios em Borodyanka. Veículos militares russos destruídos também aparecem nas imagens.
Os moradores afirmam que repeliram um ataque russo à cidade, que fica a 60 km de distância a noroeste da capital ucraniana, Kiev.
Explosões em Kiev
Na capital, que permanece sob controle da Ucrânia, quatro grandes explosões foram registradas em vídeo por testemunhas na madrugada de quinta-feira, mas ainda não está claro quais eram os alvos ou se houve vítimas.
Correspondentes da BBC dizem que as explosões puderam ser ouvidas de dois andares subterrâneos, no bunker em que estavam.
O enorme comboio de veículos militares russos, de 65 km de extensão, que segue lentamente em direção a Kiev está atualmente "parado", de acordo um oficial de defesa dos EUA.
Há relatos de que o atraso se deve a uma possível escassez de alimentos e combustível, a rodas atoladas na lama, falhas mecânicas e à resistência ucraniana.
Cerca de 15 mil pessoas estão abrigadas em estações de metrô em Kiev, informou o atual responsável pelo metrô da capital, Viktor Brahinsky, acrescentando que é possível acomodar até 100 mil pessoas se necessário.
Rússia conquista Kherson
As forças russas tomaram o controle da cidade portuária de Kherson, segundo autoridades locais.
É a primeira grande cidade ucraniana a ser capturada desde o início da invasão.
Estrategicamente, Kherson é uma base importante para os militares russos para avançarem mais para o interior e para oeste, ao longo da costa até a cidade portuária de Odesa.
Centenas de pessoas morreram em ataque a Maripuol, diz vice-prefeito
Na cidade portuária de Mariupol, há relatos de que centenas de pessoas morreram após horas de bombardeios contínuos, informou o vice-prefeito da cidade.
Militares da Ucrânia afirmam que a cidade continua nas mãos do país, mas o prefeito disse que as tropas russas cortaram a eletricidade, o aquecimento e o suprimento de água e comida da cidade.
Ele comparou o cerco russo à cidade ao mortífero cerco nazista de São Petersburgo na Segunda Guerra Mundial.
"Eles estão tentando criar um bloqueio aqui, assim como em Leningrado", disse Vadym Boichenko.
"Eles não conseguiram encontrar uma maneira de nos quebrar. Então, agora eles estão tentando nos impedir de reparar o fornecimento de eletricidade, água e aquecimento."
As forças russas destruíram uma conexão de trem para que não fosse possível evacuar civis, acrescentou o prefeito de Maripuol.
Se a Rússia capturar mais cidades do sul, as forças ucranianas podem perder o acesso ao mar.
'Maripuol, considerada estratégica, está sob forte ataque'
Vídeo mostra Chernihiv após bombardeio
A polícia da Ucrânia publicou o vídeo abaixo, que mostra as consequências do bombardeio na cidade de Chernihiv, no norte, com vários edifícios e veículos destruídos.
A cidade foi alvo de bombardeios russos pesados, mas permanece em mãos ucranianas, de acordo com a última atualização da inteligência militar do Reino Unido.
O serviço de estado de emergência da Ucrânia informou que ao menos 22 morreram após os ataques aéreos atingirem prédios residenciais.De acordo com o serviço ucraniano da BBC, vários arranha-céus também foram alvejados durante o bombardeio.
Ataques seguem em Kharkiv
Também houve bombardeios pesados em Kharkhiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, que vem sendo intensamente atacada nos últimos três dias.
Putin: 'Operação está indo conforme o planejado'
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que sua "operação militar especial" - como ele se referiu à invasão da Ucrânia pela Rússia - está "indo conforme o planejado".
Sua afirmação vem apesar de muitos analistas sugerirem que a invasão não saiu conforme Moscou esperava.
Em um discurso televisionado, ele acusou as forças ucranianas de fazer "milhares de cidadãos estrangeiros reféns" e usar civis como "escudos humanos" - ele não forneceu evidências dessas alegações.
Ele acrescentou que russos e ucranianos são "um só povo" e disse que "destruiria essa 'anti-Rússia' criada pelo Ocidente".
Em seu discurso, ele elogiou as tropas russas por sua "bravura" na Ucrânia contra o que chamou de forças "neonazistas".
'Putin disse que seu objetivo é desmilitarizar a Ucrânia'
O presidente russo disse ainda ao presidente francês Emmanuel Macron que a Rússia desmilitarizará com sucesso a Ucrânia e a tornará neutra, que ele disse serem seus objetivos com a guerra.
Os dois se falaram por telefone durante 90 minutos na quinta-feira.
Putin também disse que qualquer tentativa de Kiev de adiar as negociações faria Moscou aumentar sua lista de exigências.
Mais oligarcas russos sofrem sanções
O governo dos Estados Unidos anunciou uma nova rodada de sanções contra os oligarcas russos.
As novas penalidades terão como alvo membros da elite russa, suas famílias e associados próximos, banindo-os do sistema financeiro americano.
'O bilionário Alisher Usmanov estará entre os sancionados pelos EUA'
A Casa Branca também disse que sancionará sete entidades russas e 26 indivíduos por seu papel na divulgação de "narrativas falsas que promovem objetivos estratégicos russos e justificam falsamente as atividades do Kremlin".
O presidente Joe Biden observou na quinta-feira que as sanções já em vigor "tiveram um impacto profundo".
Agora, disse ele, os aliados ocidentais estão caminhando para "a mais forte campanha unificada de impacto econômico sobre Putin em toda a história".
O Reino Unido também anunciou sanções a mais dois oligarcas: o bilionário russo nascido no Uzbequistão Alisher Usmanov, cujas ligações comerciais com o clube de futebol Everton foram suspensas, e o ex-vice-primeiro-ministro russo Igor Shuvalov.
Autoridades também apreenderam superiates de propriedade de oligarcas como parte das sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia.
Um iate de propriedade de Igor Sechin, chefe da empresa estatal russa de energia Rosneft, foi capturado por funcionários da alfândega francesa perto de Marselha.
'Iate do oligarca Igor Sechin foi apreendido'
As autoridades alemãs apreenderam um navio de US$ 600 milhões de propriedade do magnata russo do metal Alisher Usmanov, segundo relatos.
A BBC apurou que alguns oligarcas sancionados pela UE ficaram "chocados" ao descobrir que seus cartões de débito não funcionam mais e agora estão confiando no uso de dinheiro em cofres.
Um deles, o banqueiro bilionário Mikhail Fridman, disse que impor sanções aos oligarcas não teria impacto na decisão de Moscou de iniciar uma guerra na Ucrânia.
Fridman, que é um dos homens mais ricos da Rússia, afirmou em uma coletiva de imprensa em Londres que a guerra foi uma tragédia para ambos os lados.
Mas ele não fez críticas diretas, dizendo que comentários pessoais podem ser um risco não apenas para ele, mas também para funcionários e colegas.
UE dará residência temporária a refugiados
A União Europeia (UE) concordou em conceder residência temporária aos ucranianos que fogem da guerra, por até três anos.
Os ministros da UE deram luz verde aos planos em uma reunião em Bruxelas na quinta-feira.
O bloco acionou um mecanismo - que nunca foi usado antes - para permitir aos cidadãos ucranianos e suas famílias o direito ao trabalho, educação e bem-estar.
A UE diz que aqueles que têm permissão de residência de longa duração ou status de refugiado na Ucrânia também estariam cobertos - seja pela diretiva ou pelas regras nacionais.
Por que Otan resiste a criar zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia
E que trabalhadores temporários ou estudantes, que não são elegíveis, seriam ajudados a voltar para casa.
Relatos anteriores indicavam que o governo da Hungria não apoiaria os planos. No entanto, a Comissão qualificou a decisão de hoje como "unânime", após algumas modificações.
Mais detalhes devem ser divulgados na sexta-feira (4/3).
Ucranianos receberão 'proteção temporária' nos EUA
Cidadãos ucranianos que se encontram nos Estados Unidos desde a terça-feira passada (1/3) poderão permanecer no país sob uma categoria especial de não imigrantes.
O secretário de Segurança Interna do país, Alejandro Mayorkas, anunciou a mudança na noite de quinta-feira, dizendo que o governo estenderia o 'status de proteção temporária' (TPS) aos ucranianos.
Isso normalmente ocorre com cidadãos de países onde há conflitos armados em andamento, desastres naturais, epidemias ou "outras condições extraordinárias e temporárias" que impedem as pessoas de retornar com segurança aos seus países de origem.
Cidadãos de 12 países já estão protegidos desta forma, entre eles Birmânia, Haiti, Síria e Iêmen.
Mais de 1 milhão já fugiram da Ucrânia
Mais de um milhão de pessoas já fugiram da Ucrânia desde o início da invasão, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) — e este número vem aumentando rapidamente.
Pelo Twitter, o alto comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi, fez um apelo para que "as armas silenciem, para que assistência humanitária capaz de salvar vidas possa ser fornecida" aos milhões de ucranianos que permanecem no país.
A agência prevê que a guerra possa deixar cerca de 12 milhões de pessoas desalojadas ou com necessidade de receber ajuda.
Ahmadinejad: 'Sr. Putin, pare com essa guerra satânica'
O ex-presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad fez um apelo e deu um alerta ao presidente russo em sua conta no Twitter.
Ele escreveu: "Sr. Putin, pare com essa guerra satânica. Senão você não terá conquistado nada além de remorso".
Tribunal Penal Internacional investiga a Rússia
Uma investigação sobre possíveis crimes de guerra na invasão russa da Ucrânia foi aberta pelo Tribunal Penal Internacional em Haia.
O procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, anunciou na noite de quarta (2/3) a abertura de um inquérito para apurar o possível envolvimento da Rússia em crimes de guerra durante a invasão ao território ucraniano.
"Meu escritório já encontrou base razoável para acreditar que crimes no âmbito da jurisdição do Tribunal tenham sido cometidos", escreveu o procurador-geral.
Mais cedo, a Corte, que fica localizada em Haia, na Holanda, havia recebido denúncia de 38 países contra Moscou, que supostamente estaria alvejando civis e destruindo edifícios residenciais em meio à ofensiva.
Embora a Rússia seja signatária da Convenção de Genebra, o tratado internacional que define crimes de guerra, ela se desligou do Tribunal de Haia em 2016, depois que a anexação da Península da Crimeia foi classificada como uma ocupação.
Os indivíduos condenados pelo tribunal têm que ser detidos em países que aceitam sua jurisdição. Assim, caso seja eventualmente considerado culpado ao fim do processo, Putin teria de ficar restrito à Rússia e a Estados aliados para que não fosse preso.
Rússia é banida dos Jogos Paralímpicos
O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) anunciou nesta quinta-feira (3/3)que atletas da Rússia e de Belarus estão proibidos de competir nos Jogos Paralímpicos de Inverno de 2022 em Pequim.
A decisão inicial do IPC de permitir que os atletas competissem como neutros, sob a bandeira paralímpica, foi fortemente criticada.
Um comunicado divulgado afirma que a "situação na vila dos atletas" se tornou "insustentável".
O presidente do IPC, Andrew Parsons, descreveu os atletas afetados como "vítimas das ações de seus governos".
Os Jogos Paralímpicos serão abertos nesta sexta-feira (4/2), e as competições começam de fato no sábado.
BBC Brasil