Publicado em 21 de março de 2022 por Tribuna da Internet

Marilia Arraes ainda está escolhendo seu novo partido
Deu em O Globo
A deputada federal Marília Arraes divulgou nota afirmando não ter sido consultada pelo Partidos dos Trabalhadores (PT) de Pernambuco sobre a vaga ao Senado pelo estado. Marília subiu o tom e disse que o partido usa seu nome como “massa de manobra”, e que o PT “fez de tudo” para inviabilizar sua candidatura em 2020, quando concorreu à Prefeitura de Recife contra o seu primo, João Campos (PSB).
O comunicado foi divulgado quatro dias após especulações de que Marília Arraes estivesse de saída do PT para disputar a vaga ao Senado. O destino provável seria o Solidariedade.
DESGASTE PÚBLICO – “Não fui consultada e não autorizei que envolvessem o meu nome em qualquer negociação, menos ainda que tornassem público, como se fossem os senhores do meu destino, sobretudo após meses de desgaste político e público feito por meio da imprensa, escondido sob manto do off e notícias de bastidores”, declarou a parlamentar.
Neta do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005), Marília começou a carreira política no PSB. Foi vereadora por três mandatos em Recife. Ela entrou em conflito com o grupo do ex-governador Eduardo Campos, seu primo, e acabou migrando para o PT em 2016.
Em 2018, se lançou como pré-candidata ao governo do estado, mas retirou seu nome após uma negociação entre o PT e o PSB.
TRUNFO DE LULA – Sua retirada da disputa foi usada como trunfo pelo PT e por Lula para evitar o apoio do PSB a Ciro Gomes (PDT) na eleição presidencial daquele ano. Marília era vista como ameaça para a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). Na carta deste domingo, a parlamentar relembrou o episódio de 2018 e também de 2020, na disputa à Prefeitura. Segunda ela, “a cúpula do PT fez de tudo para inviabilizar politicamente” a campanha.
A deputada concorreu ao posto de segunda secretária na eleição do então candidato à Presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se desgastando com a cúpula partidária, e acabou eleita. Neste ano, ela alimentava a expectativa de concorrer ao governo, mas o acordo com o PSB impediu que o projeto fosse levado adiante. A deputada passou então a trabalhar para ser candidata ao Senado na chapa.
Marília Arraes disse estar conversando com lideranças no estado, e que deve anunciar nos próximos dias seu destino nas próximas eleições. Apesar do desgaste com o PT, Marília frisa apoio “incondicional” à campanha de Lula ao Planalto.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A política de Pernambuco é feudo do clã Arraes, em duas vertentes da mesma família. O PT estava tentando quebrar essa polarização estadual usando Marília Arraes, mas a alegria durou pouco. Sua saída atrapalha bastante a estratégia do PT, mas o apoio do PSB a Lula preenche a lacuna. (C.N.)