Especialistas defendem que variante deve ser monitorada, mas que ainda não há dados suficientes para alarde. Segundo cientistas, ela não deve prevalecer sobre a ômicron ou a delta.
Especialistas declararam nesta terça-feira (04/01) que uma nova variante do coronavírus detectada na França deve ser observada, embora ainda não a associem a um grande risco.
"Devemos observá-la, como fazemos com outras variantes, mas não há razão para nos preocuparmos particularmente com essa", disse Richard Neher, especialista em variantes de vírus da Universidade de Basel, na Suíça, à agência de notícias alemã dpa.
O epidemiologista americano Eric Feigl-Ding compartilha a mesma opinião no Twitter: "Ainda não estou muito preocupado com B.1.640.2. Duvido que ela prevalecerá sobre a ômicron ou a delta."
Primeiros casos na França
No fim de dezembro de 2021, pesquisadores franceses liderados por Didier Raoult, do Instituto Méditerranée Infection, de Marselha, narraram num artigo a ocorrência de uma nova variante do coronavírus em 12 pessoas no sudeste da França.
O primeiro caso no país possivelmente foi de um paciente que havia voltado de uma viagem a Camarões. Isso não significa, porém, que a variante seja originária da África Central.
No entanto, taxas de vacinação muito baixas, como em Camarões, favorecem a ocorrência de novas mutações no coronavírus. De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, apenas 2,4% dos camaroneses estão vacinados.
O estudo ainda não foi revisado por outros cientistas nem publicado numa revista científica. "É muito cedo para especular sobre as propriedades virológicas, epidemiológicas ou clínicas da nova variante", escreveu a equipe de Raoult.
No entanto seus dados são mais um exemplo de como podem ocorrer variantes imprevisíveis do coronavírus, sobretudo em locais com baixa taxa de vacinação.
Mutações
A B.1.640.2 apresenta algumas mutações na proteína spike que especialistas já observaram na variante ômicron, mais transmissível. A spike é particularmente importante na avaliação de variantes por ser como o vírus se liga às células humanas, e também por as vacinas terem a proteína como alvo. Mutações nela podem propiciar a propagação do vírus ou comprometer a eficácia das vacinas.
Contudo a variante B.1.640.2 não parece ter se difundido muito até agora, explica Neher. Assim, ela seria uma das muitas "que não prevaleceram contra a ômicron ea delta, pelo menos até agora".
A B.1.640.2 pertence a uma família de variantes que está no radar da Organização Mundial da Saúde (OMS) desde novembro.
De acordo com o epidemiologista da OMS Abdi Mahamud, ela foi relatada pela primeira vez na República Democrática do Congo, em setembro de 2021, e está sob observação da OMS desde novembro. Ela não se espalhou significativamente desde então, mas "vamos ficar de olho nela", afirma Mahamud.
A OMS classifica as variantes do coronavírus em três categorias: de interesse, de preocupação e sob monitoramento. A B.1.640 está na categoria 3, assim como duas outras variantes. A ômicron é uma variante de interesse.
Ao todo, 17 variantes que a OMS observou desde o início da pandemia mostraram ser de curta duração ou menos ameaçadoras, não estando mais sob observação especial.
Deutsche Welle