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sexta-feira, janeiro 28, 2022

Fed, por dever, indica política monetária bem restritiva - Editorial

 



Após períodos em que a inflação se mostre persistentemente acima de 2%, a política monetária buscará uma inflação moderadamente acima de 2% por algum tempo

O Federal Reserve americano começará a elevar a taxa de juros em março, quando acaba a compra de papéis de hipotecas e do Tesouro deslanchada com a pandemia, o que já era esperado. Mas a incerteza sobre os próximos passos da política monetária que reverteu ontem as altas das bolsas americanas, empurraram para cima o dólar e os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos. Powell não descartou - e não poderia - nenhum dos piores temores dos investidores, em especial o de um número maior de elevações dos fed funds do que o previsto em dezembro (três de 0,25 ponto percentual) ou de um aumento maior que esse logo no início do ciclo.

O cenário traçado por Powell após a reunião do Fed justifica uma atitude mais agressiva. “Por algumas medidas, o mercado de trabalho está historicamente apertado”, disse Powell. Em outros trechos afirmou, sobre o balanço de efeitos entre alta de juros e emprego, que, no nível atual de ocupação, esse mercado possivelmente sustentaria um aumento razoável dos juros sem se afastar do pleno emprego, meta do Fed.

Powell apontou que os “ riscos estão em toda a parte”. Para os que envolvem a redução do crescimento, indicou o fim dos efeitos estimulantes da política fiscal sobre a atividade, que se tornarão negativos este ano. As restrições na oferta de bens pelo desarranjo nas cadeias produtivas são um dos fatores que deprimem o crescimento, mas, ao mesmo tempo, podem manter a inflação persistentemente elevada.

Com esses desequilíbrios na oferta, o presidente do Fed desenhou a dimensão do desafio inflacionário. Para ele, não houve progresso nos desajustes produtivos, embora seja presumível que sejam atenuados ao longo do ano. Para o fornecimento de semicondutores, a tentativa de volta à normalidade adentrará o ano que vem, o que eleva o risco de uma inflação persistente,

Quem presumiu que a inflação do índice de preços ao consumidor (IPC) de dezembro, de 7% em 12 meses, fosse o pico errou. Perguntado sobre o comportamento do nível de preços após a reunião de dezembro do Fed, Powell disse, surpreendentemente, que está “ ligeiramente pior” que antes. Inflação muito acima dos 2%, mercado de trabalho muito forte e crescimento bem acima do potencial (1,8%, pelo consenso do Fed) exigem uma resposta à altura do banco, que não veio antes porque ele tem de se ater ao que foi delineado em sua comunicação anterior, para não surpreender investidores.

Nesse roteiro, os juros só podem subir após se encerrar o programa de compras de ativos, a saber, na próxima reunião do banco, em março. A redução do balanço de US$ 8,7 trilhões dos ativos do Fed só ocorrerá a partir do início do aumento dos juros, o que ocorrerá a partir de março. Ontem, o Fed comunicou um consenso preliminar sobre como isso ocorrerá: será “previsível”, seguirá os objetivos do duplo mandato (máximo emprego, inflação na meta), e, ao final, deve manter apenas os títulos do Tesouro no balanço, não mais o de hipotecas. Powell adiantou que o ritmo cadente será atenuado, com a não renovação dos títulos que vencerem, em vez de uma readaptação mais rápida, com a venda dos títulos no mercado.

Como a ação principal do Fed será a alta dos juros, Powell apenas afirmou que não é possível saber que forma a política monetária tomará. Evitou predizer que o movimento para cima dos juros será “gradual”, preferindo indicar que “se moverão firmemente para longe da política acomodatícia da pandemia”. Além disso, afirmou que “não se sabe quando, mas eventualmente teremos uma política monetária não-acomodatícia”, o que significa juros acima da taxa neutra de 2,5%.

Durante a entrevista Powell usou várias vezes a palavra “flexível”, o que nesta altura não é exatamente tranquilizadora, podendo significar que o banco terá de deixar de lado comunicação que indicava determinada conduta para adotar outra, bem diferente.

Um contraponto a essa promessa de postura agressiva, o Fed divulgou ontem que sua “Declaração sobre os objetivos e estratégia de longo prazo da política monetária” foi reafirmada “por unanimidade” na reunião. Um de seus pontos centrais: “Após períodos em que a inflação se mostre persistentemente acima de 2%, a política monetária apropriada provavelmente buscará uma inflação moderadamente acima de 2% por algum tempo”. Nas atuais circunstâncias, mais “dovish” impossível.

Valor Econômico

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