Pedro do Coutto
O presidente Donald Trump quer adiar as eleições de 3 de novembro e também impedir a votação pelo correio, pratica adotada pela legislação norte-americana em vigor há muito tempo. Reportagem de Marina Dias e Lucas Alonso destaca o tema cuja motivação tem base na posição que Donald Trump ocupa hoje nas pesquisas muito abaixo de Joe Biden.
O panorama não está favorável ao presidente sobretudo porque o Produto Interno Bruto caiu fortemente e o ex-presidente Obama ingressou na campanha do candidato Democrata, seu vice no governo dos EUA.
SEM ADIAMENTOS – Uma matéria publicada ontem na Folha de São Paulo lembra que em momentos excepcionais da história nunca as eleições presidenciais pela Casa Branca foram adiadas. A de 1864, vencida por Lincoln realizou-se na data prevista. Nessa eleição ele foi reeleito. E também há o exemplo de Franklin Roosevelt reeleito em 1944 quando o país encontrava-se em guerra.
Portanto, na minha opinião é quase impossível que Donald Trump consiga adiar o pleito deste ano, marcado para 3 de novembro. O presidente deixou claro que o adiamento seria a última cartada eleitoral.
No Brasil, o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo, de repente defende a tese de que a inelegibilidade dos magistrados deva ser ampliada dos atuais seis meses para 8 anos. A tese, no fundo, reflete o objetivo de impedir desde já uma possível candidatura de Sérgio Moro à presidência da República em 2022.
PERSEGUIÇÃO A MORO – Esse objetivo é encampado por deputados bolsonaristas que têm exposto o mesmo raciocínio nas redes sociais. O presidente Bolsonaro disse ser contrário, mas se for concretizado o projeto, tem enorme interesse na questão. Afinal de contas, Sérgio Moro divide sua base de votos.
O ministro Dias Toffoli, entretanto, não consultou a Constituição Federal a respeito do assunto. Se consultasse, veria que o art. 16 da Carta Magna diz que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, mas não se aplicando à eleição que ocorrer até um ano da vigência da modificação. Ou seja, para valer na eleição de 2022, terá de entrar em vigor no início de outubro de 2011.
GUEDES PEDE APOIO – O ministro da Economia está novamente recorrendo à ficção para rebater os argumentos de Rodrigo Maia e sonha em ser realizada uma manifestação popular de apoio ao novo tributo, considerado uma ressurreição da CPMF.
Francamente, a condicionante colocada por Guedes só pode resultar em derrota. Como pode haver apoio popular para recriação de um imposto? É impossível. O presidente Bolsonaro autorizou o ministro da Economia a testar a vontade popular para o destino do tributo revivido. O presidente e o ministro estão sonhando. Resta saber qual será o meio utilizado para acionar o termômetro da verdadeira posição da sociedade brasileira. Talvez possa ser através de simples pesquisas do Ibope e do Datafolha.