Jenne AndradeEstadão
Nathalia Arcuri, empreendedora e criadora do canal Me Poupe!, ao analisar a conjuntura econômica, listou as sete piores aplicações para o investidor iniciante, mostrando como não cair em ciladas.
“Para o investidor iniciante, o mercado financeiro pode parecer um tanto complexo. Com a queda da taxa básica de juros, porém, os brasileiros foram forçados a estudar os investimentos de maior risco em busca de uma rentabilidade melhor”, disse Nathalia Arcuri.
MUITAS OPÇÕES – Nesta toada, existem vários tipos de aplicações, cada uma com rentabilidades, riscos, características e objetivos diferentes. No mundo da renda fixa, por exemplo, é possível encontrar títulos prefixados, pós-fixados, indexados à Selic ou Inflação e com exposição ao crédito privado. Já na renda variável, as opções são ainda maiores.
Para ajudar a entender em quais aplicações investir, a Nathalia Arcuri, especialista em finanças e CEO da Me Poupe!, dá as dicas quais os piores investimentos na atualidade:
1 – Fundos de previdência privada que cobram taxa de carregamento – A taxa de carregamento está entre as armadilhas dos fundos de previdência privada. Esse valor é pago pelo investidor a cada novo aporte. Isto é, antes mesmo do dinheiro cair no fundo, uma parte já fica retida. Atualmente, já existem fundos de previdência isentos desse tipo de cobrança no mercado. Fique de olho!
2 – Poupança – Com a Selic a 2% ao ano, a rentabilidade da poupança agora afunda no negativo. O rendimento com a aplicação mais popular do País derreteu de vez porque, com a taxa de juros igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a poupança devolve o valor investido mais 70% da taxa Selic, somado à Taxa de Referência (TR), que está zerada. Ou seja, o atual retorno anual é de apenas de 1,40% a.a.
Considerando a inflação projetada pelo Banco Central, o rendimento real em um ano será negativo em 0,23%. Em termos práticos, deixar a reserva financeira na poupança vai fazer você perder dinheiro.
3 – Fundo DI de bancos tradicionais – Os fundos DI são compostos basicamente por títulos do Tesouro Direto atrelados à Selic, ou seja, o rendimento da aplicação segue de perto o patamar da taxa básica de juros da economia. Com os consecutivos cortes sofridos, hoje a Selic está nas mínimas, em 2%.
Mas isso não significa que o investimento vai render 2% ao ano, já que existem também as taxas de administração, que se forem altas, engolem toda a rentabilidade. Nesse cálculo ainda é necessário subtrair a inflação e o imposto de renda: pronto, o investidor vai ver a aplicação minguar.
4 – Título de capitalização – Provavelmente você já ouviu falar dos ‘títulos de capitalização’ oferecidos como opções de investimento em bancos tradicionais. Entretanto, esses títulos funcionam quase como uma ‘rifa’, em que todos os participantes pagam uma quantia ao mês para concorrer a prêmios no período vigente. No fim do prazo, o participante retira todo o dinheiro pago.
A rentabilidade dessa modalidade é bastante baixa – muitas vezes próxima a zero – já que os recursos captados são usados para pagar os prêmios sorteados, a taxa do banco e só a terceira parcela vai para o ‘investimento’. Isso significa que se você não for sorteado, seu dinheiro ficará retido e provavelmente sem rendimento.
Ou seja, a dinâmica de um título de capitalização é bem diferente de uma aplicação financeira. Esta, além de não realizar sorteios, gera de fato rentabilidade ao investidor.
5 – Consórcios – É preciso ter cuidado com os consórcios. Eles são apresentados como investimentos, mas estão longe disso. Na verdade, são uma modalidade de compra em que um grupo de pessoas ou empresas se une com a finalidade de juntar recursos para adquirir um bem.
Alternativa ao financiamento tradicional, o consórcio é gerido por uma administradora para a qual os consorciados devem pagar uma taxa – no geral, bem mais baixas que os juros de uma instituição bancária. No entanto, não há rendimento, que é uma das principais características de um investimento real.
6 – Investimentos de ‘rentabilidade garantida’ acima de 0,30% ao mês – Se ouvir alguma casa de investimentos oferecendo rentabilidade garantida acima de 0,30% ao mês, fuja. É cilada. Na renda variável, é impossível assegurar uma rentabilidade fixa ao mês. Quando falamos de renda fixa pré-fixada, em que a rentabilidade é acordada no momento da compra do título, a dica é procurar corretoras de valores credenciadas à CVM.
“Mesmo assim, o máximo que você vai encontrar é 9% ao ano”, diz Arcuri. “Qualquer coisa que dobre seu dinheiro em menos de um ano é fraude”, explica.
7 – Pirâmides financeiras – Entre janeiro e maio deste ano, o número de denúncias de golpes no mercado de capitais cresceu 50%, em relação ao mesmo período do ano passado. Em grande parte das vezes, se trata do antigo esquema de Pirâmide Financeira, em que a vítima é convencida a dar uma quantia para entrar e a remuneração vem da indicação de terceiros.
Normalmente, as promessas de ganho nesse tipo de golpe são muito altas e vendidas como ‘garantidas’. Por isso, todo cuidado é pouco.