por Fernando Duarte
Foto: Ulisses Gama/ Bahia Notícias
Independente do deputado estadual Capitão Alden (PSL) ter invadido ou não o Hospital Riverside, o duelo de versões no episódio confirma a influência negativa do presidente Jair Bolsonaro quando sugeriu a gravação de vídeos em hospitais de campanha contra o novo coronavírus. Mesmo que Alden tenha avisado previamente a visita, a simples presença de uma pessoa alheia ao espaço da unidade hospitalar é fruto dessa irresponsabilidade civil, incentivada pela Presidência da República.
Isso não quer dizer que o parlamentar não tenha o direito de fiscalizar obras ou a atuação do governo da Bahia durante a pandemia. É, como ele fez questão de frisar, uma obrigação dele enquanto deputado estadual. O que não implica que ele deveria estar em um ambiente como um hospital de campanha colocando em risco a própria equipe e ampliando a tensão em um ambiente cujos nervos estão, necessariamente, à flor da pele.
Perdoem-me, mas não há interesse público que justifique uma iniciativa como essa. O fato de o parlamentar ser policial militar e ter a possibilidade de estar armado piora ainda mais o episódio. No lugar de qualquer funcionário ou colaborador do hospital, eu teria receio de impedir o acesso de Alden e sua equipe aos ambientes da unidade. Ter que conviver com o risco de contrair a doença, em meio ao medo dos próprios pacientes, já é difícil. Imagine lidar com a simples chance de uma pessoa armada ameaçar a integridade do local e dos envolvidos? Geraria pânico no mais calmo dos monges.
O deputado estadual nega qualquer relação entre a visita e o incentivo dado pelo aliado que está na presidência da República. Até apresentou documentos, que comprovam a intenção dele em visitar as unidades hospitalares, datados no último mês de abril. Porém não tira o registro da irresponsabilidade de ir até um centro de tratamento de Covid-19, onde a contaminação pelo novo coronavírus é iminente o tempo inteiro. Se o parlamentar não se importa em ficar doente, deveria ao menos ter preocupação com as pessoas que foram obrigadas a comparecer ao Riverside para lidar com o episódio.
Na ânsia de criar uma boa cena para os próprios eleitores - e isso poderia até ser um direito, caso não cerceasse o direito de outras pessoas -, Alden colocou os pés pelas mãos. A intenção poderia até ser boa. Pena que a realidade mostra que outro lugar está cheio de boas intenções. Se eu pudesse dar uma dica ao deputado seria apenas uma: fique em casa. É melhor do que gerar toda a polêmica para ficar bem nas redes sociais.
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