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quinta-feira, fevereiro 20, 2020

Parlamentares acionam PGR contra declaração de Bolsonaro sobre jornalista da Folha


Bolsonaro disse que jornalista queria “dar o furo a qualquer preço”
Elisa Clavery e Fernanda Vivas
G1 / TV Globo
Um grupo formado por 71 senadores e deputados pediu nesta quarta-feira, dia 19, à Procuradoria Geral da República (PGR) que investigue o presidente Jair Bolsonaro por ele ter ofendido a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal “Folha de S.Paulo”.
O grupo é formado por parlamentares de PT, Rede, Psol e Cidadania. No documento, os deputados e os senadores pediram ao procurador-geral, Augusto Aras, que investigue o caso porque Bolsonaro quebrou o decoro exigido para o cargo.
“DAR O FURO” – Nesta terça-feira, dia 18,  de manhã, Bolsonaro questionou a atuação da jornalista em apurações sobre o disparo em massa de mensagens. Afirmou que ela queria “dar o furo a qualquer preço”, levando a risos os apoiadores que o acompanhavam no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.

Depois, à tarde, o presidente voltou a tocar no assunto, mas ressalvou que não queria “conversa” com a imprensa. “Alguém da ‘Folha de S.Paulo’ ai? Eu agredi sexualmente uma repórter hoje? Parabéns à mídia, aí. Não quero conversa. Parabéns à mídia. Eu agredi, cometi uma violência sexual contra uma repórter hoje?”
REPÚDIO – Diversas entidades da sociedade civil manifestaram repúdio aos ataques do presidente à jornalista, afirmando que as declarações foram “misóginas”, “lamentáveis” e “incompatíveis com os princípios da democracia”.
Na semana passada, Hans River do Nascimento, ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows, afirmou à CPI do Congresso que apura a divulgação de notícias falsas que a jornalista se “insinuou” para obter informações. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também atacou a jornalista.
PEDIDO DOS PARLAMENTARES – Para o grupo de parlamentares, Bolsonaro utilizou nesta terça-feira declarações “potencialmente falsas para fazer insinuações levianas, sexistas, machistas e misóginas”.
O documento diz ainda que, além de ter ofendido “os mais basilares primados da igualdade de gêneros e da dignidade da pessoa humana”, o presidente “atentou contra a liberdade de expressão jornalística”.
CRIME DE RESPONSABILIDADE – Os parlamentares afirmam que o presidente praticou crime de responsabilidade, já que a legislação classifica como crime de responsabilidade atos do presidente que “atentarem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais”.
“Noutro ponto, verifica-se que o presidente também pratica crime de responsabilidade ao agir de modo totalmente incompatível com a dignidade a honra e o decoro do cargo de presidente da República Federativa do Brasil”, diz o pedido.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que articulou a representação, afirmou que o ataque é “incompatível com o exercício do cargo da Presidência da República”. “É um ataque contra a imprensa livre, é um ataque contra todas as mulheres do Brasil e é um ataque, em especial, à democracia, completou.
“CULTURA MACHISTA” – Também nesta quarta-feira, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou em um evento no Tribunal Superior do Trabalho (TST), sem citar um caso específico, que ainda existe uma “cultura machista” e cumprimentou as jornalistas presentes ao evento.
Santa Cruz participou da cerimônia de posse da nova presidente do tribunal, Cristina Peduzzi, e foi aplaudido ao mencionar a “luta de milhões de mulheres”. Presente ao evento, Bolsonaro não aplaudiu o discurso do presidente da OAB nem aplaudiu Felipe Santa Cruz quando ele foi anunciado pelo mestre de cerimônias.
DESIGUALDADE – “A luta da ministra, que hoje alcança esse importante reconhecimento, continua sendo a luta de milhões de mulheres hoje. Mulheres que ainda enfrentam uma cultura machista que faz persistir a desigualdade de gênero em salários, processos seletivos e de progressão na carreira; que perpetuam a injustiça e, muitas vezes, o desrespeito às nossas trabalhadoras no exercício das suas funções”, declarou Santya Cruz.
O presidente da OAB afirmou ainda que a OAB defende a livre iniciativa e entende que é importante aumentar o dinamismo do mercado brasileiro.
“Nunca seremos adversários de reformas estruturantes, que buscam recolocar o país no trilho do crescimento. Necessitamos de reformas que, de fato, democratizem e modernizem o país, tornando-o mais justo, mais eficiente e mais competitivo no mercado internacional. No entanto, nenhuma reforma deve ter como horizonte o sacrifício dos mais pobres e prescindir da participação democrática dos mais diversos setores da sociedade civil”, concluiu.

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