Pedro do Coutto
O ministro Paulo Guedes, na palestra que realizou sexta-feira na Fundação Getúlio Vargas, transformou suas palavras em um desastre tremendo para as instituições, incluindo o governo Bolsonaro de modo geral. Isso de forma direta. De forma indireta atacou os próprios integrantes de sua equipe ,que pertencem a cargos públicos tanto no Executivo, Legislativo e Poder Judiciário.
Guedes esqueceu que seu ataque grosseiro e descabido incluiu até a magistratura, os militares e o corpo diplomático do Itamarati, pois todos compõem os quadros de funcionários públicos.
FORTE REAÇÃO – Sua fala tornou-se manchete dos três maiores jornais do país, O Globo, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo. No Globo, a reportagem foi de Gabriel Martins, Marcelo Correa, Bruno Goes, Camila Pontes e Gabriela Oliva.
Falsamente tentando se justificar, Guedes chegou ao ponto de dizer que a frase foi retirada de um contexto. Simplesmente não é verdade. Como emissoras de televisão expuseram, a frase do ministro da Economia não foi retirada de um contexto. A frase, isto sim, foi seu próprio contexto, e não adianta Paulo Guedes procurar fazer evaporar a ofensa que dirigiu a todo o funcionalismo público do país.
PROJETO DE REFORMA – O ministro focalizava o projeto de reforma administrativa que será enviado ao Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro. E nesse anúncio entusiasmou-se negativamente e atacou todo o funcionalismo em bloco.
Chegou a defender a demissão de servidores que seriam um excesso de pessoal na máquina administrativa federal. Criou um problema para o próprio governo Bolsonaro, na medida em que contribuiu para retirar o apoio de parte dos funcionários a futuros candidatos, inclusive à presidência da República em 2022.
Como se constata o pronunciamento tornou-se um desastre completo, revelando a desqualificação de Paulo Guedes para atuar no universo político.
POLIDEZ E TOLERÂNCIA – Política inclusive é um sinônimo de polidez e tolerância entre as correntes contrárias. E se há correntes contrárias, elas têm seu número aumentado em consequência da agressão cometida pelo ministro da Economia.
Um detalhe não verdadeiro encontra-se na afirmação de que o funcionalismo federal obteve um aumento 50% acima da inflação. Não é fato. Mas vale expor uma situação: a inflação de 2019 foi de 4% em números redondos. Se verdadeira fosse a afirmação os funcionários teriam recebido reajuste de 6%. Para confirmar ou desmentir a versão, basta o Ministro Guedes citar a lei geral que concedeu esse aumento a partir de janeiro deste ano de 2020.