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sexta-feira, fevereiro 07, 2020

“Minha preocupação é esse raciocínio que bota a liberdade de imprensa em risco”, diz Greenwald


Glenn diz que a rejeição de denúncia contra ele foi uma vitória
Camila Mattoso
Folha
O jornalista Glenn Greenwald disse nesta sexta-feira, dia 7, que a decisão da Justiça não aceitar agora a denúncia do Ministério Público contra ele é uma vitória, ainda que o juiz tenha utilizado a expressão “por ora” em seu despacho.
O juiz da 10ª Vara Federal do DF, Ricardo Leite, recusou abrir a ação penal contra Glenn, alegando que o jornalista está protegido por decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, que evoca o direito constitucional da proteção da fonte.
RÉUS – Seis outros investigados viraram réus, sob suspeita de terem atuado no hackeamento de telefones de autoridades, como o procurador Deltan Dallagnol, da Lava Jato. O magistrado disse, porém, ver participação do fundador do The Intercept Brasil na ação do grupo, mas afirmou que iria esperar nova determinação do Supremo para reavaliar o caso.
Glenn nega ter participado da invasão de celulares. O jornalista minimizou a expressão “por ora” adotada por Leite. “Obviamente é uma vitória. A denúncia foi rejeitada. Pode se falar ‘por ora’, mas isso não significa nada, a denúncia foi rejeitada”, disse Glenn. Ele também criticou o conteúdo da decisão do juiz.
PROVOCAÇÃO – O magistrado disse concordar com o procurador da República quando ele pontua que há indícios de que o jornalista instigou os hackers, mas que tinha dúvidas sobre se seria possível aceitar a denúncia dada a decisão do STF.
“Minha preocupação é esse raciocínio que bota a liberdade de imprensa em risco. Para os jornalistas, o trabalho pode ser criminalizado. A proteção da fonte, que é um dever ético de todo jornalista, pode se tornar um crime”, disse.
DECISÃO “FORTE” – Glenn afirma que a decisão de Gilmar Mendes “é forte” em defesa do livre exercício jornalístico mas diz esperar por uma defesa mais contundente da liberdade de imprensa por membros do Judiciário após a decisão desta quinta-feira, dia 6, ter colocado em dúvida o pilar da proteção da fonte. O Ministério Público pode recorrer ao STF ou ao TRF contra a decisão.
“Eu acho que a decisão de Gilmar Mendes foi forte para a liberdade de imprensa. Já essa decisão foi quase o oposto, e isso é muito perigoso. Ainda mais como este governo vem atacando os jornalistas e o trabalho da imprensa”, disse.
“Eu não sei se o Ministério Público vai recorrer, mas eu estou esperando uma decisão mais forte em defesa da imprensa livre, não para mim, para o meu caso, mas para todos os jornalistas. É uma ameaça à liberdade de imprensa”.

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