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sexta-feira, novembro 22, 2019

Partido de Bolsonaro defende Deus, armas, oposição ao comunismo e escolhe o número 38 nas urnas


Bolsonaro anunciou o “calibre” da nova sigla  em rede social
Angela Boldrini
Folha
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, dia 21, que o número eleitoral de seu novo partido, a Aliança pelo Brasil, será o 38 —igual ao calibre de um dos revólveres mais conhecidos do país. “Tínhamos poucas opções e acho que o 38 é o mais fácil de gravar”, afirmou Bolsonaro durante live em rede social, na qual não fez a associação da escolha do número com a arma.
A Aliança pelo Brasil foi lançada nesta quinta-feira em convenção em Brasília, em meio à incerteza sobre a sua viabilidade e com forte apelo ao discurso de cunho religioso e à defesa do porte de armas. O armamento da população é um dos nortes da sigla — que recebeu uma obra feita de cartuchos de bala com seu nome e símbolo.
COLETA ELETRÔNICA – Bolsonaro disse ainda que, caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não autorize a coleta eletrônica de assinaturas para a criação de seu novo partido, a Aliança pelo Brasil só deve estar apta a concorrer nas eleições de 2022. “Por ocasião das eleições de 2020, acredito que podemos ter o partido funcionando desde que a assinatura seja pela forma eletrônica, senão só poderemos estar em condições de disputar as eleições de 2022”, afirmou o presidente.
Ele disse que caso o procedimento seja feito pela via presencial o partido deve demorar cerca de um ano ou um ano e meio para ficar pronto, o que os tiraria da eleição de 2020. “Se for eletrônica eu tenho certeza que com o apoio de vocês em um mês, no máximo, a gente consegue as 500 mil assinaturas. Caso não seja possível, a gente vai colher assinatura física e aí demora mais e não vai ficar pronto o partido tão rápido, um ano, um ano e meio”, afirmou.
EXECUTIVAS – Desta vez, o presidente fez sua transmissão em rede social sozinho, sem outros ministros, acompanhado apenas do intérprete de libras. Ele afirmou ainda que serão criadas em breve as executivas estaduais e que o critério não será “quem chegou na frente”.
“Claro que nós temos muitos deputados, senadores e vereadores que querem vir com a gente, e vamos considerar isso”, disse, “mas queremos uma executiva estadual que seja profissional, para o que está no estatuto seja cumprido”. Ainda em busca de brechas na Justiça Eleitoral para chegar às próximas eleições com recursos dos fundos partidário e eleitoral e com tempo de rádio e TV, o novo partido será comandado pelo clã Bolsonaro.
EM FAMÍLIA – Além da presidência, ocupada por Jair Bolsonaro, seu primogênito, senador Flávio Bolsonaro, é o primeiro vice-presidente. Outro filho do chefe do Executivo, Jair Renan é membro da Aliança. Na comissão executiva provisória foram incluídos os dois advogados eleitorais de Bolsonaro, Admar Gonzaga, que é ex-ministro do TSE  e será secretário-geral, e Karina Kufa, tesoureira.
A saída de Bolsonaro do PSL, formalizada esta semana, se deu em meio a um racha no partido pelo qual foi eleito e um embate direto com o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE). As divergências tiveram início logo no começo do mandato, após a Folha revelar o escândalo das candidaturas de laranjas do PSL.
ASSINATURAS – O ato desta quinta-feira foi o primeiro passo no processo de fundação da legenda, com a assinatura do requerimento de registro partidário. Lei de 1995 que rege os partidos políticos determina que esse documento tem de ser assinado por no mínimo 101 pessoas, de ao menos nove estados.
Cumprida essa etapa, começa a coleta de assinaturas para que o registro seja aprovado pela Justiça Eleitoral. São necessários 491.967 apoios. Para que a Aliança possa ter candidatos no pleito do ano que vem é necessário obter o registro na Justiça Eleitoral até o fim de março, seis meses antes da disputa.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Segundo a advogada Karina Kufa, o partido “reconhece o lugar de Deus na vida, na história e na alma do povo brasileiro”, “se esforçará para divulgar verdades sobre crimes do movimento revolucionário, como comunismo, globalismo e nazifascismo”, e defende a posse de armas. Nada de novo. Já era esperado. Mas continua pra lá de contraditória essa ideologia que mistura fé, armamentos e incitação ao embate do que consideram diferente.
 Quanto ao número escolhido, o Partido Militar Brasileiro, que está em fase final de criação junto ao TSE, também escolheu o mesmo e dizem que abrirão mão. Ou seja, quem conseguir homologar primeiro, fica. Uma segunda opção para ambos seria o 64. Sórdida homenagem. (Marcelo Copelli)

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