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domingo, fevereiro 17, 2019

Ao demitir seu ex-amigo, Bolsonaro revela falta de caráter e de gratidão


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As versões para demitir Bebianno não se sustentam na realidade
Carlos Newton
Como se diz no seriado “Arquivo X”, a verdade está lá fora, mas acaba aparecendo. No caso da demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, surgiram várias versões plantadas por Bolsonaro pai e filho, todas elas altamente desonrosas para o advogado e executivo Gustavo Bebianno, manchando a imagem de um homem vitorioso que até agora nada tinha de desabonador em sua conduta. E agora ele está sendo retirado do palácio do Planalto, sem que o presidente e seu filho vereador tenham provado nenhuma das acusações levianas que levantaram contra ele.
E não foi por mera coincidência que importantes ministros e apoiadores do governo, como os presidentes da Câmara e do Senado, tenham se manifestado em defesa de Bebianno, que até então vinha se saindo muito bem em suas funções no Planalto, esta era e é a opinião generalizada sobre ele.
VÁRIAS VERSÕES – Surgiram diferentes versões para afastar o ministro, a começar pela denúncia “fake news” da Folha de S. Paulo, de que ele teria sido responsável pelo financiamento de “candidatas laranjas”.  O ministro prontamente se defendeu, disse que nada fizera de errado na presidência do PSL, as verbas tinham sido solicitadas pelos diretórios estduais, que tinham a responsabilidade legal pela distribuição. Uma explicação perfeita e incontestável.
Para indicar que não havia crise no governo, Bebianno então declarou a O Globo que havia falado três vezes, naquele dia (quinta-feira), com o presidente Bolsonaro, o que realmente havia acontecido, em conversas pelo WhatsApp.
Surpreendentemente, o vereador Carlos Bolsonaro então postou a nota no Twitter desmentindo o ministro, dizendo que ele não falara com o presidente. E depois colocou no ar um áudio do pai se recusando a atender um telefonema de Bebianno, que tentara falar direto com ele, sem recorrer ao WhatsApp. O pior é que em seguida Bolsonaro entrou no Twitter e apoiou o desmentido ao ministro.
DISSE BOLSONARO – Ainda não satisfeito em maldosamente desmentir o ministro, o presidente da República concedeu entrevista à TV Record, dizendo ter mandado a Polícia Federal investigar a atuação de Bebianno como presidente do PSL, e anunciando que, se ele não provasse inocência, seria demitido (retornaria às “origens”).
Caramba! Foi uma entrevista para destruir Bebianno e obrigá-lo a pedir demissão, pois o presidente deu como verdadeira a “fake news” da Folha, embora soubesse que o ministro não estivera envolvido com nenhuma “candidatura fantasma”.
Mas acontece que Bebianno é um homem honrado e não pediu demissão. Pelo contrário, na sexta-feira foi trabalhar normalmente no Planalto e exigiu um encontro com o presidente.
A REUNIÃO – No final da tarde, Bolsonaro apareceu de surpresa no Planalto e teve uma reunião com Bebianno e o núcleo duro do Planalto, formado pelo vice Hamilton Mourão e ministros Augusto Heleno, Onyx Lorenzoni e Santos Cruz, todos foram contra a demissão.
Depois, na reunião de Bolsonaro e Bebianno, sem testemunhas, sabe-se que a conversa encrespou, o presidente ofereceu uma diretoria em Itaipu (que nem podia ofertar, na forma da lei), mas Bebianno altivamente recusou.
No sábado, o presidente convocou Onyx Lorenzoni ao Palácio da Alvorada para assinar a demissão de Bebianno, e mandou vazar para a imprensa uma nova versão.
VERSÃO FALSA – A última versão criada pelo Planalto e que foi passada à excelente repórter Vera Rosa, do Estadão, foi também altamente injuriosa à imagem de Bebianno: “Em conversas reservadas, Bolsonaro avaliou que o chefe da Secretaria-Geral quebrou a relação de confiança com ele ao “vazar” áudios de diálogos entre os dois”. Mas a repórter não embarcou e fez uma ressalva: “O ministro nega o vazamento”.
Realmente, a versão é falsa. O que Bebianno fez foi mostrar a outros ministros que realmente não havia mentido e que tinha conversado com o presidente pelo WahtsApp, na quinta-feira. E pelo contrário, Bebianno não vazou esses áudios a nenhum órgão de comunicação, as conversas jamais se tornaram públicas, até este sábado à noite, pelo menos, quando escrevo este texto.
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P.S. 1 – 
Havia uma outra versão, de que Bolsonaro ficara aborrecido porque Bebianno teria convidado uma equipe de jornalistas a ir à Amazônia com ele, mas essa justificativa era tão fraca que foi abandonada pelo Planalto. E mais uma  versão alegava que a causa seria uma audiência a ser dada ao vice-presidente de Relações Institucionais do grupo Globo, mas essa justificativa também foi abandonada, porque se trata de função inerente ao cargo do ministro.
P.S. 2– Como fica comprovado, Bebianno agiu corretamente e mostrou lealdade, enquanto Bolsonaro filho e Bolsonaro pai demonstraram uma tremenda falta de caráter. Desde o início, o objetivo era rifar Bebianno. Mas qual era o motivo desta obstinada iniciativa? Bem, este é o resto da verdade que ainda está lá fora. Por isso, depois voltaremos ao assunto(C.N.)

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