Jorge Béja
O novo governador do Rio, Wilson Witzel, compareceu neste domingo no sepultamento do primeiro policial militar assassinado por bandidos em 2019. Gesto nobre. Acontece que nesta segunda-feira foi assassinado mais outro policial militar, o segundo em 2019. Espera-se que o governador também compareça no seu sepultamento.
Assim como a situação prossegue, a previsão é de que Witzel, todos os dias, ou dia sim, dia não, terá que comparecer nos cemitérios para velar o corpo não só de nossos policiais militares bem como de qualquer cidadão assassinado pelo bandidos que tomam as ruas, praças e avenidas da Cidade do Rio de Janeiro. Todos são vítimas, militares e civis.
VIOLÊNCIA – E Witzel é o governador de todos nós fluminenses, que o elegemos. Mas não para ir a enterros e sim para acabar com os enterros de vítimas de violência. Se não tanto – em tão pouco tempo de governo – pelo menos policiar a cidade, convenientemente, para inibir a ação dos bandidos.
Hoje, segunda-feira, de taxi, fui da Igreja (hoje, Basílica) dos Capuchinhos, na Rua Haddock Lob,o até a subida da estrada Grajaú-Jacarepaguá. Fui e voltei de taxi. Fiz uma espécie de inspeção, pois não saltei do veículo a não ser ao término da viagem, na Rua Barão de Itapagipe. E neste percurso (Tijuca-Subida da Estrada Grajaú-Jacarepaguá-Tijuca), passei pelo Grajaú, bairro onde mora o governador que prometeu continuar governando e morando lá. Cortei as ruas Canavieiras, Mearim, Engenheiro Richard, Professor Valladares, Rua Grajaú, Barão do Bom Retiro e muitas outras. Isso no Grajaú. Tanto na ida quanto na volta (Tijuca-Grajaú-Tijuca) vi apenas uma viatura da PM na rua onde mora o governador. Não vi mais outra.
VIOLÊNCIA URBANA – O policiamento preventivo é a medida imediata e urgente no combate à violência urbana. Nova Iorque hoje é a cidade mais segura do mundo porque colocou, permanentemente, 28 mil policiais, fardados, armados e visíveis, em todos os cantos da metrópole. Então, governador, onde está o policiamento que a população quer ver presente nos logradouros públicos? O senhor não prometeu que a partir de hoje Tijuca e Grajaú seriam contempladas? É triste falar em contemplamento quando se trata de um primário e primeiro dever de um governante que é dar segurança pública a seus governados.
Governador, tenho ainda comigo um livro excelente e posso emprestar ao senhor para lê-lo. Chama-se “Polícia, Mito e Realidade”. Seu autor é Fernand Chatalla, que foi chefe de polícia na França.
APENAS UM POLICIAL – Conheci Fernand pessoalmente, num restaurante de Paris na década de 80. Gentil, aceitou conversar comigo. Pedi a ele que contasse certa passagem que li no livro. Ele prontamente disse de viva voz:
“Nada acontecia em Neuchâtel e por isso o prefeito tirou os gendarmes que, dia e noite, se revezavam na única guarita. Na primeira noite sem eles, nada aconteceu. Na segunda, os bares fecharam depois da meia-noite. Na terceira houve um briga com uma vítima esfaqueada. E na quarta noite um turista italiano foi assaltado e morto”. Conclua, por favor, pedi-lhe: “A presença daquele único gendarme inibia a ação criminosa, pois fardado e armada ele encarnava a presença da autoridade do Estado”.
Governador, o Dória, lá em São Paulo, colocou cerca de 30 mil policiais militares nas ruas, noite e dia. Quando é que o senhor vai dar ordem neste sentido?