Roberto Nascimento
Os governos brasileiros sempre primaram pela neutralidade, pragmatismo e sabedoria nas relações internacionais. Mesmo no período militar pós 1964, houve ministros do Exterior que muito ajudaram o país nas relações bilaterais, posso citar de memória os embaixadores Mário Gibson Barbosa, Saraiva Guerreiro e Azeredo da Silveira, profissionais do maior gabarito intelectual,
O Brasil jamais foi atrelado incondicionalmente com nenhum país, como o atual ministro desejava, na linha de Donald Trump, que afinal se tornaria péssimo para o país, pois nos afastaria dos povos que compram nossas mercadorias, exemplos da China, da Rússia e das nações árabes.
PRAGMATISMO – Se o dono de uma empresa têm importantes fornecedores, que geram negócios lucrativos, por exemplo, exportação de café, de carnes, de soja e minérios de ferro, seria crível e lógico brigar com esses fornecedores, por questiúnculas ideológicas e outras teses banais? Claro que não, o pragmatismo e a mínima inteligência comercial, por si só, afastaria essa decisão como loucura total.
Um país gigantesco como a nossa pátria, jamais pode pregar a intervenção ou mesmo se imiscuir em assuntos internos de vizinhos. O que vale hoje para Nicarágua ou Venezuela, que estão passando por graves crises econômicas e às portas de uma guerra civil, o melhor seria jogar água no incêndio do que espalhar gasolina no paiol. Não deveríamos nos meter nesse imbróglio e sim, deixar que as sociedades em crises achem suas próprias soluções.
Não se pode cometer o mesmo erro infantil de Dilma, que se meteu nos assuntos internos do Paraguai, quando o Parlamento daquele país defenestrou do poder o Bispo Lugo. Dilma suspendeu o Paraguai do Mercosul com apoio da presidente Cristina Kirchner, da Argentina.
SABEDORIA – Se apoiarmos intervenção no nosso entorno de fronteira, amanhã farão o mesmo conosco, caso advenha alguma crise grave e espero que nunca aconteça. Somos o gigante da América do Sul e a sabedoria nas relações com os vizinhos são sempre bem-vindas e trazem ganhos para o Brasil de toda ordem.
Hoje, sem sombra de dúvidas, nosso maior parceiro comercial é a China, que inundou o país de investimentos, no setor de petróleo e gás, na compra de minérios, na importação de alimentos e até entrou em algumas privatizações dos governos Dilma e Temer.
Em 2017, o volume de exportações brasileiras à China alcançou a cifra de US$ 50 bilhões, enquanto que as importações do país asiático ficaram num montante de US$ 28 bilhões, resultando num superávit comercial do Brasil em cerca de US$ 32 bilhões.
E TRUMP??? – Bem, os Estados Unidos de Donald Trump não querem comprar nada de nós e sim vender para dar emprego aos americanos, favorecendo as empresas americanas, uma das suas maiores promessas de campanha e por isso ele foi eleito. Então, qual o benefício de atiçar a China gratuitamente?
Ideologias a parte, para melhorar o país, basta combater a corrupção em todos os níveis, gerar empregos, melhorar a vida do povo, investir em educação, preparando os jovens para o mundo tecnológico e visando a competição global.
Para finalizar, o foco no agronegócio, sem incentivar a industrialização, representa um retrocesso histórico, não de cinquenta anos, mais pré-Revolução Industrial, como já ouvi num Fórum muitas críticas ao movimento que deu origem ao movimento inglês, o Empirismo, que desembocou na maior revolução tecnológica do mundo, depois do Renascimento e da Revolução Francesa.
A sorte está lançada.