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quarta-feira, janeiro 23, 2019

Antes de cancelar entrevista, Bolsonaro disse que, se Flávio errou, que pague pelo erro.


Mesa no centro de imprensa onde aconteceria entrevista coletiva de Jair Bolsonaro com os ministros Sergio Moro, Paulo Guedes e Ernesto Araújo
Bolsonaro preferiu bancar o mal educado e não deu entrevista
Maria Cristina Frias, Luciana Coelho e Lucas NevesFolha
O presidente Jair Bolsonaro decidiu cancelar uma entrevista coletiva que concederia a jornalistas em Davos, no Fórum Econômico Mundial, 40 minutos antes de ela acontecer. A equipe do Fórum foi pega de surpresa. Bolsonaro se reuniu com o presidente da Suíça, Ueli Mauer, e com o ex-premiê britânico, Tony Blair, após almoçar com investidores e apresentar os prospectos para o Brasil.
Em seguida, porém, ele tomou o caminho de volta a seu hotel em vez de se dirigir ao centro de imprensa, onde faria um pronunciamento seguido de entrevista coletiva com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Sergio Moro (Justiça).
O assessor da Presidência Tiago Pereira Gonçalves disse a repórteres que aguardavam o presidente no hotel que o cancelamento da entrevista coletiva se deu devido à “abordagem antiprofissional da imprensa”.
DUAS VERSÕES – Depois de a informação ser publicada, a comitiva mudou a versão duas vezes: primeiro, uma assessora e o ministro Augusto Heleno (GSI) afirmaram que o presidente quis se poupar de uma agenda carregada. Mas os demais compromissos foram mantidos. Passada uma hora, o ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) afirmou que o presidente retornara ao hotel porque precisara trocar a bolsa de colostomia que usa.
Na manhã desta quarta (23), Bolsonaro declarou em entrevista à agência Bloomberg que, se seu filho Flávio Bolsonaro for culpado no caso envolvendo movimentações atípicas em sua conta, ele pagaria por isso. Desde então, os jornalistas brasileiros têm insistido em perguntas sobre o caso ao presidente, que responde apenas com silêncio.
Os jornalistas ficaram no centro de imprensa aguardando uma possível entrevista dos ministros, mas eles também não apareceram. O local para a primeira conversa do presidente e dos ministros com a imprensa brasileira, que já estava preparado, ficou vazio.​
CAUSOU ESPANTO – Repórteres estrangeiros —portugueses, mexicanos, suíços, alemães e chineses— ficaram estupefatos com o cancelamento do evento, comunicado oficialmente pela organização do Fórum 17 minutos após o horário em que a entrevista começaria.
A organização não ofereceu motivos para o cancelamento e pediu aos jornalistas que perguntassem à delegação brasileira —a equipe do Fórum levou quase uma hora para entender o que havia acontecido. A assessoria de comunicação do presidente tentara organizar uma declaração antes do encontro bilateral com o premiê italiano, Giuseppe Conte, mas o brasileiro se recusou, alegando falta de tempo.
É incomum que um chefe de Estado ou governo não dê nenhuma entrevista coletiva em Davos, evento visto como uma vitrine mundial para investidores.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em tradução simultânea, Bolsonaro não quer se transformar em advogado de defesa de Flávio e Queiroz. O presidente não suporta mais o assunto, disse que quem cometeu erros deve ser responsabilizado. Deu essa declaração claramente à agência americana Bloomberg. Os outros jornalistas queriam confirmar a afirmação dele, apenas isso, mas o presidente fugiu da raia, como se diz no linguajar do turfe. (C.N.)

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