Vicente Nunes e Rodolfo Costa
Correio Braziliense
Correio Braziliense
Do ponto de vista da política externa, a percepção clara é de que Bolsonaro terá de restabelecer o protagonismo do Brasil. A despeito de ser uma das 10 maiores economias do planeta, o país se afastou completamente dos grandes grupos de decisão global, muito por ideologia, que continua sendo uma ameaça, dada a postura do novo governo, e também pela derrocada econômica iniciada em 2014.
O Brasil, dizem especialistas, está isolado demais. O nível de abertura da economia é semelhante ao observado nos anos de 1960. Está completamente atrasado em inovação e tecnologia, perdeu poder de influência e cresce a níveis inferiores à media global.
REDEFINIÇÃO – Para voltar a ser um ator de primeira linha no quadro mundial, o Brasil terá que redefinir as relações com os Estados Unidos, a China, a Europa e os países de seu entorno, especialmente os que integram o Mercosul — grupo do qual ministros de Bolsonaro dizem que o Brasil tem que sair.
Assusta, porém, o discurso de alinhamento sem contestação com os Estados Unidos, defendido pelo novo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Enfim, a partir desta terça-feira, o relógio começou a correr para Bolsonaro. A lua de mel com a população e os agentes econômicos tem prazo de validade. Não há ilusão de que será uma caminhada fácil. Mas o recado é claro. “Bolsonaro terá que chegar chegando. Terá que ser muito rápido na aprovação das reformas, porque o capital não ficará esperando mais promessas.
INVESTIDORES – Há muitas incertezas no mercado internacional, que estará mais desafiador. Os investidores não ficarão estendendo o benefício da dúvida por muito tempo”, diz a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Consultoria Tendências.
Há grande expectativa ainda em torno da política de demarcação de terras indígenas, na questão dos direitos humanos e na área ambiental, tema em que o Brasil lidera as discussões no mundo.
Se o governo decidir sair de acordos, como o de Paris, certamente as consequências serão pesadas, sobretudo para a economia, com o fechamento de mercados importantes, como o europeu, para os produtos brasileiros. (Colaborou Rosana Hessel)