Carlos Newton
Não há tempo a perder e o candidato Fernando Haddad já anunciou que vai procurar as forças democráticas do país para fortalecer a coligação do PT, integrada apenas pelo PROS e pelo PCdoB. E quando ele fala em “forças democráticas”, está se referindo especificamente ao PDT de Ciro Gomes e ao PSB de Márcio França, que tenta se reeleger ao governo de São Paulo. Não será difícil Haddad conseguir a adesão do PSB, até porque o socialista França está precisando desesperadamente do apoio do PT para enfrentar o favoritismo do tucano João Doria.
Quanto ao PDT, o partido até recentemente era aliado do PT no Congresso e agora não tem outra opção política. Aliás, ainda em meio à apuração dos votos, Ciro Gomes se adiantou em afirmar que “Ele não, sem dúvida”, descartando a hipótese de apoiar Bolsonaro.
PEDIU TEMPO – Na entrevista que deu em Fortaleza na noite deste domingo, o candidato do PDT deixou claro que não irá se aliar a Bolsonaro, mas evitou declarar apoio a Haddad no segundo turno da eleição presidencial. Disse que precisa de tempo para debater a questão com seus correligionários trabalhistas, mas foi logo afirmando que tem “uma história em defesa da democracia e contra o fascismo”, em referência direta a Bolsonaro. E arrematou: “Ele não, sem dúvida”.
Ciro Gomes está magoado com Lula da Silva, que já lhe passou a perna duas vezes. A primeira oportunidade foi em 2010, quando prometeu que Ciro seria seu sucessor, apoiado pelo PT, mas na hora H lançou Dilma Rousseff. E agora Lula novamente lhe acenou com a possibilidade de uma coalizão, com Ciro na cabeça de chapa, mas era somente conversa fiada.
HADDAD É HÁBIL – Acontece que Haddad não é Lula. Ele e Ciro sempre foram amigos. Somente se estranharam no final da campanha, quando partiram para o tudo ou nada. No debate da TV Globo, quando já tinha assegurado a participação no segundo turno, Haddad foi muito cortês e respeitoso com Ciro, inclusive elogiando as colocações do pedetista, já agia como se fossem aliados.
Haddad é educado e calmo. Tudo indica que conseguirá o apoio de Ciro e de França, reforçando seu meio do campo e ganhando precioso apoio, especialmente em São Paulo e no Nordeste.
Mas acontece que Bolsonaro se tornou um imã que vai atrair o Centrão e o resto do baixo clero, com a maior facilidade. Mesmo com Ciro e França apoiando Haddad, a tendência é de que Bolsonaro não terá maiores problemas para se eleger.
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P.S. – Um dos maiores desafios a Haddad será a escolha do ministro da Fazenda. Tem de encontrar um economista confiável que seja aceito pelo mercado, que já está com Bolsonaro e não abre, como se dizia antigamente. (C.N.)
P.S. – Um dos maiores desafios a Haddad será a escolha do ministro da Fazenda. Tem de encontrar um economista confiável que seja aceito pelo mercado, que já está com Bolsonaro e não abre, como se dizia antigamente. (C.N.)