Fernanda Chagas
Tudo indica que o “casamento” entre o prefeito João Henrique e o PMDB, que há muito está em crise, chegará ao fim. Ainda esta semana, o prefeito João Henrique ingressará com o pedido de autorização para deixar o partido no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Na avaliação do prefeito, o pedido atende ao trâmite legal da Justiça Eleitoral e se baseia no fato de que a direção estadual do PMDB tornou inviável a permanência dele nos quadros do partido, já que as críticas feitas nos últimos dias pelo presidente Lúcio Vieira Lima e pelo deputado Geddel Vieira Lima apresentaram caráter nitidamente pessoal e ofensivo.
“Eles chegaram a um nível muito baixo de argumentação. Não vou responder ou comentar esse tipo de colocação”, disse o prefeito, acrescentando que as declarações refletem o tratamento que o partido vem dispensando a um político que, independentemente, de ser um partidário, mereceria respeito por ter recebido os votos de 753 mil eleitores e ser prefeito da terceira maior capital do país. Com base nisso, o prefeito não perde tempo e já estuda o melhor partido para migrar.
Entre os cogitados estão: o Partido Progressista (PP), do ministro das Cidades, Mário Negromonte; o Partido Verde (PV), cuja negociação já estava avançada, mas retrocedeu com a recusa de João em criar a Secretaria de Meio Ambiente, e o PDT, antiga morada do gestor.
Conta a favor do PP, o crescimento político de Negromonte, decorrente da formalização de seu nome como ministro da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), assim como o fato de o Ministério das Cidades ser dono do segundo maior orçamento da República e ter capacidade enorme de investimentos em infraestrutura, uma área em que as carências de Salvador são latentes.
A meta do prefeito, entretanto, seria agregar o máximo de apoio na Câmara de Salvador e nesse quesito quem leva a melhor é o PDT por possuir dois representantes no parlamento (Odiosvaldo Vigas e Cristóvão Ferreira Jr., em substituição a Gilberto José, que, vale lembrar, é o novo comandante da pasta da Saúde). Os dirigentes brizolistas, por sua vez, como se já estivessem sido sondados, inclusive, já admitem um possível retorno do prefeito João Henrique às trincheiras pedetistas.
Em entrevista à Tribuna, o presidente estadual da legenda, Alexandre Brust, destacou que “a rigor não é nem a executiva municipal e estadual que resolve. Pelo nosso estatuto, essas questões são resolvidas pela executiva nacional.
De sorte que eu nem posso adiantar qual seria a decisão do partido numa eventual possibilidade”. Reforçando, o deputado federal Marcos Medrado admitiu que “o prefeito era do PDT e, recentemente, nomeou o vereador Gilberto José para a Secretaria de Saúde, o que foi uma forte sinalização. Então, nós estamos namorando”.