Tasso Franco
A Bahia tem uma posição estratégica na campanha dos dois candidatos à Presidência da República por várias razões. Uma delas é de que representa o estado mais importante do Nordeste, tanto do ponto de vista de sua economia, quanto como colégio eleitoral (5º do país) e tem no poder a estrela mais cintilante entre os governadores petistas da Federação. Além disso, há uma disputa interna no mesmo axé Dilma/Lula, entre Geddel e Wagner, e é no Nordeste que Serra tem seu pior desempenho, segundo o Datafolha. Veja que em outros estados, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Paraíba, a situação é mais ainda confortável para Dilma em situação pesquisada até agora, enquanto na Bahia, com base nos números do último Datafolha sobre as intenções de votos no estado, configura-se uma eleição bastante disputada. Ainda é cedo para se ter uma ideia se haverá ou não segundo turno nas eleições de governador. E somente as próximas pesquisas indicarão os caminhos. A Bahia passa, portanto, a ser estrategicamente vital para Serra no Nordeste. O PSDB terá que reforçar a candidatura Souto para que haja uma recíproca, um empurrando o outro e vice-versa, pois só assim ambos terão poder de competitividade. Serra crescendo na Bahia, seu pessoal do marketing político poderá difundir isso para o Nordeste numa campanha direcionada em comerciais de TV que terá grande valor agregado. Óbvio que o comando petista nacional vai ter que administrar com competência o seu espólio eleitoral no estado, com dois palanques, embora, ninguém sabe ainda como isso acontecerá. Recentemente, conversando com o deputado federal Walter Pinheiro (PT), um dos mais votados no estado nas últimas eleições, disse-me que não adianta sofrer por antecipação. É preciso chegar o momento da eleição para ver como fica. Segundo Pinheiro, primeiro é necessário consolidar o palanque Wagner no estado, fechar o leque de alianças, organizar a campanha e continuar o processo de gestão. O deputado defende como prioridade a reeleição de Wagner combinado com a reeleição do projeto nacional encabeçado por Dilma Rousseff tocando a campanha com tranquilidade, firmeza e aplicação. Dilma deixou o Planalto cuspindo fogo, chamando seus adversários de “viúvos da estagnação”. Serra deu o trocou ao afastar-se do Bandeirantes afirmando que em SP “não se cultiva malfeitos, roubalheiras e escândalos”. É só trazer esses aperitivos para os palanques da Bahia. Teremos, pois, ao que tudo indica, uma campanha de “alto nível” com chutes da linha da cintura para baixo.
Fonte: Tribuna da Imprensa