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domingo, junho 07, 2009

Sonho da casa própria: O melhor é alugar ou financiar?

Perla Ribero Redação CORREIO

A casa própria continua sendo o maior sonho dos brasileiros. Porém, no atual cenário econômico, nem sempreacompradoimóvelfinanciado é sinônimo de um bom negócio. Especialistas mostram, atravésdenúmeros,que morar de aluguel e fazer uma poupança pode ser,emalguns casos, mais rentável do que buscarumfinanciamento, ou, até mesmo, adquirir a casa com pagamento à vista. Dos quatro consultores ouvidos pelo CORREIO, dois consideram que o retorno financeiro do aluguel pode ser mais interessante. Os outros destacam a segurança e estabilidade de morar na casa própria, e defendem que, em qualquer hipótese, com ou sem uma boa entrada, é melhor financiar. A rentabilidade do negócio pode ser constatada avaliando a taxa de juros do financiamento e a que será aplicada caso o dinheiro que destinaria à compra do imóvel seja investido (ver infográfico). Porém, para muita gente, não há dinheiro no mundo que pague a garantia de ter uma casa para chamar de sua. “Sempre vai depender das taxas. É preciso analisar quanto a pessoa vai ganhar se aplicar, e quanto terá que pagar de financiamento. O aluguel deve ser equivalente a 1% do valor do imóvel. Se, porventura, estiver abaixo, melhor alugar e investir o restante do valor”, sugere o professor de mercado de capitais e sistema financeiro Raimundo Torres. Taxas Já o professor de microeconomia Cláudio Damasceno é enfático ao considerar que o dinheiro pode crescer mais rápido no aluguel. Embora alerte que o mutuário deva ter cautela ao avaliar a melhor oportunidade para o seu perfil, ele destaca que, ao dar uma entrada, a pessoa imobiliza um capital que poderia ser aplicado no mercado financeiro ou em um investimento. Desta forma,estaria perdendo a possibilidade de obter uma rentabilidade maior. Não há uma regra pronta que a ponte qual é a opção mais viável. Entretanto, o coordenador de acompanhamento conjuntural da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Luiz Mário Vieira, prefere adotar uma postura maisconservadora e defende, com unhas e dentes, o financiamento.“ O dinheiro que a pessoa usa para o aluguel pode aplicar na prestação, em vez de destinar a um imóvel que não é dela”, diz Vieira, advertindo que as prestações da casa própria não devem comprometermaisde30% darenda familiar. Vieira pontua ainda que, hoje,além da inflação controlada tornar mais favoráveis as condições de financiamento, o sistema também ficou mais transparente. “Hoje, a pessoa compra um imóvel e sabe como será até a última prestação. Antes, havia uma caixa- preta no financiamento”, explica. Outro que levanta a bandeira da compra é o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Samuel Prado. “Se pode comprar algo financiado, por que alugar? A compra é sempre um investimento sólido, e há situações em que o valor da prestação equivale ao do aluguel”, pontua. Apesar das divergências, pelo menos em um aspecto eles concordam. A escolha depende muito da necessidade de cada um e sempre é preciso estar de olho nas taxas de juros e nas oportunidades.
Segurança é um fator determinante O ditado popular diz que querer é poder. Porém, na prática, nemsempre é assim que as coisas funcionam. Se dependesse da empresária Tatiane Silva, 32 anos, ao deixar a casa da família, ela teria partido direto para um imóvel próprio. Porém, ao colocar os números na ponta do lápis, constatou que não tinha poupado o suficiente para dar a entrada mínima de 20% para o financiamento do imóvel desejado. Enquanto a poupança vai engordando, ela está no aluguel. Mas planeja, em breve, poder dar o tão desejado salto e entrar no financiamento da casa própria. “Quero dar uma entrada maior para diminuir o tempo de financiamento e obter uma parcela que não onere tanto o meu orçamento”, diz a empresária que, em um ano vivendo de aluguel, constatou que é possível, sim, manter a disciplina e juntar dinheiro para a aquisição do imóvel. E mais. Para ela, qualquer pessoa que mora de aluguel quer ter a casa própria. Outra defensora da compra do imóvel é a funcionária pública Patrícia Santos, 29 anos. Mesmo contando com a comodidade de morar com os pais e não ter que arcar com nenhuma despesa, ela já vemse articulando para sair de casa. Poupa há alguns anos, mas não conseguiu o suficiente para comprar, à vista, o imóvel. Para fugir do financiamento, está verificando a possibilidade de conseguir um empréstimo familiar. Porém, caso não consiga, nem cogita a possibilidade de encarar um aluguel. “Acho perda de tempo pagar aluguel. Se posso pagar por um imóvel para mim, por que pagar somente por um serviço? Até hoje não consegui encontrar vantagens em morar de aluguel”, diz a funcionária pública. A resistência mostrada por Patrícia é compartilhada por milhares de pessoas. No entanto, o professor de microeconomia Cláudio Damasceno explica que, à medida que as pessoas vão tomando contato com o mundo financeiro, acabam trabalhando com a perspectiva de alocar os recursos com vista aos melhores resultados.Dicas de CompraDocumentação - O comprador deve estar de olho quanto à legalidade do imóvel. O mais prudente é, no momento que antecede a compra, ir ao cartório e pedir uma certidão de ônus. Se o imóvel tiver sido dado como garantia de qualquer financiamento, vai acusar.Contas - É necessário checar se o antigo proprietário deixou o imóvel com as contas em dia. Isso inclui IPTU, condomínio e taxas de serviço, a exemplo de água, luz e telefone. Caso contrário, o débito passa a ser de responsabilidade do novo proprietário. Infraestrutura - É fundamental que, ao visitar o imóvel, o comprador verifique o nível de conservação, cheque se há rachaduras, infiltrações, as condições das esquadrias, portas, fechaduras e também o estado da parte elétrica e da hidráulica. Vizinhança - Ir ao imóvel em dias e horários diferentes para observar os hábitos da vizinhança. De repente, pode haver no entorno um bar ou posto de gasolina que, nos fins de semana, mantém som alto. É importante verificar se há segurança e o tráfego.
Serviços - Checar o que existe ao redor É importante observar se há uma infraestrutura de serviços no entorno. Onde fica a padaria mais próxima? E o supermercado? Lembre-se das rotinas do dia-a-dia e veja como ficará sua vida no novo endereço.
Incorporadora - No caso dos imóveis na planta, é fundamental avaliar o histórico da construtora ou incorporadora de quem você está comprando o imóvel. Cumpre prazos? Há um histórico de experiências bem-sucedidas?
Financiamento - Nada de pressa na hora de fechar o financiamento. Especialistas aconselham que é fundamental analisar várias opções e também consultar diversas instituições financeiras para conferir onde está a melhor oportunidade
Fonte: Correio da Bahia

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