Laerte Braga
As forças armadas de Honduras movidas a espírito democrático estão distribuindo doses maciças de patriotismo em forma de borduna, tiros e outras opções mais para acalmar o povo hondurenho que não foi capaz de compreender o elevado sentimento nacionalista dos militares, todos a soldo das elites e das grandes corporações multinacionais, participação especial da indústria farmacêutica.
Como determinadas pessoas, a grande maioria da população não entende esse caráter cívico de militares, de políticos padrão José Sarney, Artur Virgílio (10 mil dólares de ajuda emergencial recebidos de Agassiel) e como o fantoche colocado na presidência falou em paz, em liberdade e disse que Honduras é soberana, só mandam lá os que pagam aos golpistas, a solução encontrada para manter a ordem e a constituição, foi colocar uma metralhadora apontada para o peito do presidente constitucional Manuel Zelaya, deportá-lo para a Costa Rica e comunicar aos patrões que o serviço estava feito.
Vai daí que os militares e políticos que têm o descortínio de perceber a hora certa do bote e pegar cada um o seu, caem de quatro para esses patrões e caem de porrete em teimosos resistentes que não compreendem os desígnios divinos e democráticos salvadores de Honduras.
Essa história é antiga. No Brasil mesmo vivemos essa situação quando o general norte-americano Vernon Walthers assumiu o comando das forças armadas e derrubou o presidente constitucional João Goulart, em 1964.
Essa overdose de patriotismo não é mostrada pela mídia. Não há interesse em divulgar nem fatos e nem imagens que digam e mostrem a resistência popular em Honduras. Quem prestar atenção nos intervalos do plim plim ou qualquer blim blim vai encontrar a salvação em marcas de xaropes, em descongestionantes, em emagracedores mágicos, toda uma linha de patriotismo que pode ser comprada nas melhores redes de farmácias.
As forças armadas hondurenhas receberam doses cavalares de viagra para enfrentar dificuldades e obstáculos naqueles que não percebem que o futuro está em se voltar para Wall Street, cair de joelhos e achar que Barak Obama é presidente de alguma coisa e não um ator num papel privilegiado. O que parece que é, mas não é. E mesmo assim que trate de incorporar o papel na integralidade, decorar as falas direitinho, nada de cacos que possam complicar as coisas para a edição democrática do God save the América.
O jornal THE GLOBE versão brasileira O GLOBO chama o novo presidente de Honduras de presidente eleito. E confere legitimidade a um Jereissati da vida eleito por um desses congressos onde pontificam decretos secretos, a regra geral das democracias sustentadas pelos grandes grupos econômicos.
A jornalista Miriam Leitão, especialista em bancos e fundos, diz que nessa questão não há mocinhos. Miriam repete o estilo de Marco Antônio no enterro de César, na célebre peça de William Shakespeare. Falta o brilho e a inteligência do autor inglês, lógico, a moça é ventríloqua, mas sobra o rastaqueiro acender a seta para um lado e virar para o outro. Truque de Marco Antônio, o que não quer dizer que dona Miriam seja uma versão contemporânea de Cleópatra. Nada disso. Ela é a que carrega a cesta com a maçã para Branca de Neve.
Segundo a senhora em questão o presidente Zelaya deve ser reconduzido ao poder e acatar a constituição, as decisões da corte suprema, no caso assemelhados de Gilmar Mendes. Ou seja, a constituição segundo a ótica deles.
Para a veneranda comentarista essa história de ficar fazendo referendo, quer dizer, ficar ouvindo o povo sobre o que o povo quer, enfraquece as instituições. Instituições para ela são bancos, grandes empresas e latifundiários.
Aí o cerne da democracia.
E tome viagra para farta distribuição às tropas mantenedoras da lei, da ordem, da constituição.
E no fim da brincadeira, um monte de medalhas pespegadas em peitos varonis de valentes e intrépidos defensores da legalidade. Todo mundo vira general.
Sugiro que em homenagem a companheiros neste momento postos em recesso chamem a principal avenida de Tegucigalpa de avenida Barak Obama. Um monte de letreiros luminosos vendendo ilusão. E não se esqueçam em ruas acessórias, digamos assim, da travessa Jarbas Passarinho. Do açougue Brilhante Ulstra. Da loja de miçangas e quinquilharias eletrônicas Pedro Carmona. E de introduzir o retrato de Pinochet, Médice, Costa e Silva, et caterva nas catedrais, nas escolas, nos palácios de governo, em todas as repartições públicas, ao lado do bravo general comandante do estado maior que num ato de extremo heroísmo mandou seqüestrar o embaixador da Venezuela, dar-lhe uma surra e abandoná-lo numa estrada deserta. ´
É para que o diplomata aprenda que embaixador é dos EUA. É só olhar o tamanho do capacho à entrada da embaixada dos norte-americanos. Está impresso com as cores da bandeira norte-americana, patrocínio da Pfizer e com os dizeres patriotas hondurenhos, entrem, mas limpem os pés antes.
De qualquer forma está afastada a hipótese de participação do médico que estava com Michael Jackson à hora de sua morte. Só havia restos de comprimidos no estômago do cantor. E o general chefe do estado maior não é o pai biológico dos filhos de Jackson.
É o pai de um golpe de estado vergonhoso e que mais uma vez mostra a face nacionalista que historicamente caracterizam boa parte das forças armadas latino-americanas. O nacionalismo general Custer.
Os culpados são os índios.
Isso tudo ao toque da corneta da sétima cavalaria. John Wayne vem à frente. Se quiserem pompa e circunstâncias, chamem um representante do congresso brasileiro, o deputado Jair Bolsonaro. Ele carrega a bandeira com a suástica à frente do desfile da vitória.
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