A saúde financeira dos hospitais públicos e privados baianos está na UTI. Por esse motivo, entidades que representam a categoria buscam uma audiência com os parlamentares baianos no Congresso Nacional, intermediada pela deputada federal e coordenadora da Bancada do Estado, Lídice da Mata (PSB). Os empresários enviaram um ofício explicando a situação e sugerindo a data de 16 de junho para o encontro, que ainda não foi confirmado. Os empresários pretendem seguir em comissão até a Capital Federal exclusivamente para tratar do assunto, e tentar a todo custo evitar o sucateamento da rede hospitalar na Bahia.O ofício foi enviado à bancada baiana no Congresso através da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Asheb), Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Sindhosba) e Federação Baiana de Saúde (Febase). Fazem parte do movimento os hospitais Santa Izabel; São Rafael; Português; Instituto Cárdio-Pulmonar; Bahia; Jaar Andrade; Aeroporto; Evangélico; COT Hospital; Memorial Itaigara; Jorge Valente; Hospital da Cidade e Day Hospital Promédica, da capital. Do interior, integram a lista os hospitais São Mateus (Feira de Santana); Dom Pedro Alcântara (Feira de Santana); Samur (Vitória da Conquista); Santa Casa de Vitória da Conquista; Santa Helena (Camaçari); Santa Casa de Misericórdia de Itabuna; Ortoclínica de Barreiras Ltda. (Barreiras); Clinica de Ortopedia, Traumatologia e Fisioterapia (Barreiras) e Clínica São Camilo Ltda. (Luís Eduardo Magalhães).Os representantes das casas de saúde alegam que as instituições passam por dificuldades financeiras crescentes e sofrem com a falta de incentivos governamentais. Como consequência, as filas, choros e dramas registrados em salas de espera de hospitais públicos começam a tomar conta também das emergências da rede particular. Pacientes sofrendo pelos corredores de casas de saúde não são mais privilégio dos hospitais credenciados pelo SUS. Segurados de planos de saúde em dia com suas prestações têm sofrido muito quando mais precisam de assistência médica. De acordo com Marcelo Zollinger, superintendente Médico do Hospital Espanhol, a situação atual do setor de saúde particular é caótica.“Os hospitais privados sofrem com a falta de investimentos e estão completamente endividados. Houve um achatamento na receita nos últimos 10 anos. As operadoras de seguro alegam que não podem repassar os reajustes e, como conseqüência, não podemos investir em equipamento e pessoal. A população aumenta, aumenta o número de segurados e a demanda por serviços médicos, mas as casas de saúde privadas não têm como instalar novos leitos nas emergências e hotelarias hospitalares. O resultado são filas de até quatro horas nas emergências, o que causa transtorno e traz risco de vida para quem se sente protegido pelos planos de saúde”, conta.Segundo Zollinger, o setor de obstetrícia é o mais atingido pela crise hospitalar vivida no Estado. “Esta é talvez a especialidade médica que mais tem sofrido com o problema da saúde complementar na Bahia. Hoje, o Espanhol conta com apenas 12 leitos na UTI neonatal e 14 na hotelaria, que não são suficientes para atender a grande demanda de parturientes. A procura é muito maior que a oferta e as filas são inevitáveis, o que vem trazendo muita angústia para as futuras mães”, explica.O superintendente médico do Hospital Espanhol conta que, alem de integrar a comitiva que pretende ir até Brasília tratar do assunto, procurou pessoalmente o governador Jaques Wagner na busca de uma solução para o imbróglio. “O governador se mostrou bastante sensível e imediatamente contatou o secretário Jorge Solla para estabelecer uma linha de crédito especial para os hospitais particulares”, contou Zollinger.Hospitais em todo o Brasil vêm experimentando dificuldades financeiras que se agravaram no decorrer da década, principalmente depois da crise econômica mundial que gerou milhares de demissões no ano passado. Por um lado, as instituições filantrópicas se queixam da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) – que não sofre reajuste há quase seis anos – principalmente sobre o valor irrisório de R$ 2,55 pago por consulta realizada. Por outro, os hospitais particulares reclamam da perda total da margem de lucro, das elevadas cargas tributárias Federal, Estadual e Municipal, problemas com inadimplência dos planos de saúde – chamadas “glosas” (quando a seguradora considera o procedimento desnecessário e não paga por ele) – que geram endividamento junto aos bancos, ao poder público, além de problemas de crédito para investimentos. As consequências imediatas começam a ser sentidas e as casas de saúde estudam maneiras de evitar demissão de pessoal e queda na qualidade do serviço prestado à população.A situação vem se agravando de tal forma que o representante do Hospital COT e vice-presidente da Asheb, Orlando Colavolpe, convocou uma reunião com os principais empresários do setor no dia 23 de março. Na pauta: “A crise econômica-financeira atual e seus reflexos na área de saúde privada”. O resultado da ata foi encaminhado ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no dia 17 de abril, com o intermédio do deputado federal Odacir Zonta (PP/SC). Dia 30 de abril, Colavolpe recebe a notícia de que o ofício tinha sido encaminhado, mas não conseguiu sensibilizar os representantes do Ministério. O resultado foi desanimador, mas deu aos presentes a idéia de buscar auxílio dos deputados federais e senadores baianos, sugerindo-lhes que iniciem uma luta apartidária pioneira no Brasil pela qualidade da saúde prestada nos setores público e privado nos estados da União.
Fonte: Tribuna da Bahia
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