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sexta-feira, abril 17, 2009

Nunca digam que isso é natural

Erika Lettry
Falta de transparência, gastos em excesso, nepotismo, projetos de lei de relevância discutível. A lista de escândalos políticos é denunciada pela mídia, apesar da verdadeira tática de guerra para esconder as atividades ilícitas e o pouco caso com o dinheiro público. As denúncias são, em outras palavras, a ponta do iceberg no universo de corrupção.
Vamos aos exemplos recentes. A Câmara dos Deputados, acuada diante das por suspeitas de irregularidades cometidas pelo deputado Edmar Moreira, definiu mudanças em relação às verbas indenizatórias - oito anos após terem sido criadas. Mesmo assim, muitos deputados federais ainda não estão seguindo a determinação (eles mesmos são responsáveis por revelar esses gastos). Em Goiás, a presidência da Assembleia garante que vai divulgar seus gastos para a população. Mas pouco de efetivo vimos até agora.
Afinal, como se explica a resistência em revelar dados simples, como valores de viagens de deputados ao exterior e a relação dos comissionados da Casa? Por que eles não são repassados quando solicitados pela imprensa e nem mesmo detalhados em suas publicações? Atento a isso, o Ministério Público de Goiás abriu procedimento para averiguar a situação. Se a ideia é dar transparência, por que esperar medidas como essa?
Outro ponto discutível é o Diário Oficial da Assembleia, que cumpre mal sua tarefa de informar sobre os atos e decisões da Casa. Não é fácil conseguir um exemplar. Na semana passada, ao procurá-lo, fui informada de que ele não é mais distribuído nos gabinetes como ocorria na última gestão. Soube que são impressos mil exemplares a cada edição, que simplesmente não são distribuídos. E mais: para ter acesso a edições mais antigas, é preciso solicitar. Imagine um cidadão comum que tenta acompanhar o trabalho do Legislativo. Não consegue.
Além disso, o Diário Oficial peca pela falta de clareza. As viagens dos deputados ao exterior, que devem ser comunicadas à mesa diretora, não são especificadas. Não é possível saber se elas são particulares ou bancadas pela Casa. Para este quadro colabora ainda o Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Goiás, que afirma não receber dados detalhados dos gastos dos deputados.
E alguns parlamentares ainda reclamam da imprensa por questionar as verbas indenizatórias e as viagens internacionais, benefícios há muitos anos institucionalizados.
Em resposta a esse tipo de crítica, fica o pensamento do teatrólogo Bertolt Brecht: "(...) não digam nunca: isso é natural! Para que nada possa ser imutável!"
Erika Lettry é jornalista
Fonte: O Popular (GO)

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