O ex-deputado federal e jornalista Márcio Emmanuel Moreira Alves morreu, nesta sexta-feira (3/4), no Rio de Janeiro. Aos 72 anos, ele estava internado desde outubro por causa de sequelas de um AVC. Ele será velado no Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a partir das 9h deste sábado (4/4). O corpo deixará o Palácio às 14h, para o Cemitério do Caju, onde será cremado. As informações são do Estadão.
Moreira Alves ficou famoso por proferir discurso que serviu de justificativa para o Ato Institucional Número 5 (AI-5) em 13 de dezembro de 1968. Ele se afastou da militância política depois de não conseguir voltar à Câmara dos Deputados em 1982. Há alguns anos, com problemas de saúde, deixou a atividade jornalística.
Márcio foi uma das estrelas da oposição à etapa inicial do regime militar, mais branda. Eleito em 1966 pelo MDB, quando era jornalista do jornal Correio da Manhã, depois de denunciar a ocorrência de torturas contra oposicionistas, destacou-se pela eloquência e combatividade na Câmara.
Márcio começou a carreira de jornalista no Correio da Manhã aos 17 anos. Tornou-se nacionalmente famoso ao cobrir uma sessão da Assembleia Legislativa de Alagoas que julgaria processo de impeachment contra o governador Muniz Falcão, mas que acabou em tiroteio entre parlamentares. Mesmo baleado, o repórter mandou a notícia e ganhou o Prêmio Esso, o mais importante do jornalismo brasileiro.
Ele também participou da comitiva do então candidato da UDN à presidência, Jânio Quadros, em visita a Cuba. Também foi assessor do ministro San Tiago Dantas nas pastas de Relações Exteriores e Fazenda.
Das páginas do jornal, Márcio comandou uma campanha contra a tortura, denunciando casos de brutalização de prisioneiros políticos. As denúncias repercutiram tanto que o general Ernesto Geisel foi designado para apurá-las. As denúncias do jornalista viraram um livro: Torturas e Torturados.
Em 1966, Márcio foi eleito deputado federal. Em 1977, quando já estava vivendo no exílio, chegou a ser indiciado em inquérito instaurado no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Rio por causa da redistribuição no Brasil do livro "Suor e alegria: os trabalhadores de Cuba", editado em Portugal. Em 1978, porém, a investigação foi arquivada. O ex-deputado retornou ao Brasil em 1979, anistiado.
Fonte: Conjur
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