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sexta-feira, março 06, 2009

"Graças a Deus estou no rol dos excomungados", diz médica

RECIFE E BRASÍLIA - Depois do aborto de uma menina de nove anos que foi estuprada pelo padrasto e estava grávida de gêmeos, toda a equipe médica que participou do procedimento e a mãe da criança, que o autorizou, foram excomungados da Igreja Católica. O anúncio da excomunhão foi feito pelo reconhecidamente conservador arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, e provocou polêmica. "Graças a Deus estou no rol dos excomungados", reagiu ontem a diretora do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), Fátima Maia.
Católica, ela disse ter agido como diretora de um instituto referencial no Estado para atendimento à mulher vítima de violência sexual, mas pessoalmente também não tem nenhum arrependimento. "Abomino a violência e teria feito tudo novamente", destacou. "O Cisam fez e vai continuar fazendo, estamos preparados, qualificados e referenciados para esse tipo de atendimento há 16 anos", completou.
Católico de batismo, mas não praticante, o gerente médico do Cisam, Sérgio Cabral, um dos que participaram da interrupção da gravidez de 15 semanas da criança, frisou não ter nenhum problema de consciência. "Estou cumprindo um trabalho perante a população pobre de Pernambuco que só tem o Sistema Único de Saúde (SUS) para resolver seus problemas."
Coordenadora do Grupo Curumim, uma organização feminista que trabalha com reprodução feminina e integra o Fórum de Mulheres de Pernambuco, Paula Viana criticou abertamente o arcebispo. "Assusta achar que a vida de uma menina vale menos que o pensamento de um religioso fundamentalista."
A diretora do Cisam lembrou que a criança poderia ter ruptura de útero, hemorragia e bebês prematuros, além do risco de diabetes, hipertensão, eclampsia e, também, de se tornar estéril.
A gravidez gemelar da menina, que mora em Alagoinha, no agreste pernambucano, a 227 quilômetros do Recife, foi descoberta no último dia 25. Ela sentia dores na barriga, tonturas e enjoos e foi levada pela mãe, Esmeralda Aparecida Bezerra, de 39, a uma clínica na cidade vizinha de Pesqueira. No dia seguinte o padrasto, Jaílson José da Silva, de 23, foi preso depois de confessar que abusou da menina por três anos e também havia estuprado a irmã mais velha dela, de 14, que tem deficiência física.
Quando a menina foi levada para o Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), na capital, onde seria submetida a um aborto. Dom José Cardoso interveio, falou com a direção e conseguiu que o instituto suspendesse o procedimento. Paula Viana, no entanto, conseguiu que ela fosse transferida ao Cisam, onde a interrupção da gravidez foi realizada.
Ministro
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, classificou como "lamentável" a decisão do arcebispo de excomungar a mãe e profissionais de saúde envolvidos no aborto. Para o ministro, o que importa é o que diz a lei. "O resto, é a opinião da Igreja." Mais tarde, Temporão emendou: "Estou impactado com a decisão."
Fonte: Tribuna da Imprensa

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