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quinta-feira, outubro 09, 2008

O voto “valorizado”

Editorial
Uma intensa troca de acusações entre políticos das mais variadas tendências e partidos vem sendo feita após a eleição. Há, sobretudo por parte dos derrotados, a alegação da compra de votos - em alguns casos como uma mercadoria de balcão, que se entrega mediante pagamento em espécie. Há muitas denúncias de uso da máquina administrativa com fins eleitorais - algo que é inegável em dezenas de cidades - e também de abuso do poder econômico, algo bastante visível até para quem não se liga em eleição. Tudo isso com o propósito nada democrático de vencer uma disputa.
Ontem, o procurador regional eleitoral Marco Túlio Lustosa Caminha informou que é recorde o número de denúncias de corrupção eleitoral. Ele garante que vai investigar todos os casos, com o objetivo de punir aqueles que, comprovadamente, se utilizaram de meios não lícitos para obter uma vitória eleitoral. Mas, mesmo com toda a boa vontade do procurador, é improvável - talvez mesmo impossível - que haja sucesso absoluto em seu intento de fazer valer a lei.
A corrupção eleitoral no Brasil vem sendo alvo freqüente de denúncias e investigações. A imprensa, organizações sociais como a OAB, Transparência Brasil e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, bem como o Ministério Público e o Judiciário têm se esforçado para que seja reduzida a prática da compra do voto. Porém, todo e qualquer trabalho neste rumo será em vão ou terá taxa pequena de sucesso enquanto perdurarem mazelas sociais que facilitam o paternalismo e os favores como moedas de troca em campanhas eleitorais.
Nas eleições, dá-se uma espécie de pacto corrupto, em que o eleitor valoriza literalmente o seu voto, estabelecendo para ele um custo pagável em diversas formas de moeda. O político, como um cliente de loja, se dispõe a adquirir esse voto como uma mercadoria qualquer.
Não por outra razão, o combate a essa prática, portanto, deve ir além da ação meramente judicial. Passa, sobretudo, por mais e melhor educação, além da expansão da economia, para ampliar a renda e o emprego, de modo a reduzir a pobreza e a dependência a que está sujeita uma enorme parcela dos brasileiros mais pobres.
Fonte: Meio Norte (PI)

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