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segunda-feira, outubro 20, 2008

O poder, por que perdê-lo?

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Está o presidente Lula incorrendo no mesmo erro do primeiro turno: esteve em São Paulo neste fim de semana, nos próximos dias voltará a participar das campanhas de alguns companheiros, pessoalmente ou gravando novas mensagens televisivas. Não aprendeu a lição do dia 5, prestes a repeti-la para o dia 26.
Sua presença no palanque de Marta Suplicy não acrescentou um voto para a indigitada candidata à prefeitura de São Paulo. Muito menos sua inclinação por Márcio Lacerda, em Belo Horizonte, Eduardo Paes, no Rio, Maria do Rosário, em Porto Alegre, e outras. Pelo jeito, perderão todos.
Parece claro, mesmo abstraindo-se de experiências anteriores, que voto não se transfere. Fosse o Lula candidato a prefeito de qualquer cidade do País e seria eleito por aclamação. Disputasse em 2010 para governador, em todos os estados, aconteceria a mesma coisa.
Para presidente da República, se pudesse, nem haveria que duvidar. Só um inusitado de proporções monumentais evitaria o terceiro mandato, na hipótese de a Constituição ser modificada. Agora, apresentando Dilma Rousseff ou algum outro companheiro, deve preparar-se o presidente para surpresas.
Fala-se na hipótese do terceiro mandato. Ninguém se iluda, é mais do que hipótese. Conhecidos os resultados das eleições de domingo, passará de possibilidade a probabilidade, porque o PT, o PMDB e penduricalhos farão tudo o que for necessário para permanecer no poder. Entregar ministérios, empresas estatais, nomeações, benesses e favores para eles e seus acólitos, de jeito nenhum. Ainda mais se a alternativa for assistir a transformação do Palácio do Planalto num renovado ninho de tucanos.
Não se concretizou o espetáculo de vitórias do PT e seus aliados nas eleições municipais. Nem se concretizará com as derrotas previstas de Marta Suplicy, em São Paulo, Márcio Lacerda, em Belo Horizonte, Eduardo Paes, no Rio, Maria do Rosário, em Porto Alegre, e outros.
A projeção feita para 2010 não deixará dúvidas quanto ao fracasso das transferências. Sendo assim... Sendo assim, vamos pela milésima vez repetir a estratégia já delineada e prestes a se desenvolver.
Com ou sem plebiscito, ano que vem, no bojo da reforma política, emergirá proposta para o fim da reeleição, com a ampliação dos mandatos presidenciais, de governador e de prefeito, de quatro para cinco anos. A reeleição deixou claro que no exercício dos mandatos, fica difícil derrotar os mandatários. Mais de 70% dos prefeitos candidatos à reeleição foram vitoriosos, para irritação de seus adversários.
Disputar votos com o Diário Municipal à disposição chega a ser covardia. Nem é preciso falar dos Diários Estaduais e do Diário Oficial, neste caso, assinalando a reeleição de Fernando Henrique Cardoso e do próprio Lula. O Congresso, pelo que se verifica hoje, está maduro para revogar a reeleição.
Claro que com a contrapartida da extensão dos mandatos executivos de quatro para cinco ou até seis anos, como reconheceu o Lula, semana passada, em Moçambique. Nessa hora, para os defensores do verdadeiro golpe de estado que seria o terceiro mandato para o Lula, não faltariam argumentos capazes de justificar um novo sistema vigente no país. O apagador teria sido passado no quadro-negro, zeraria tudo. A qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos seria dado concorrer. Inclusive ele.
Estaria resolvida a questão da preservação do poder. Os mesmos permaneceriam por mais um período, tanto faz se de cinco ou seis anos. Todos acomodados, mas inflexíveis. Quando se escreve sobre essa agressão que seria ao princípio da alternância no poder, e essa não é a primeira nem a última vez, muita gente sorri de soslaio e argumenta com as negativas do presidente Lula. Ele está sendo sincero, não deseja o terceiro mandato obtido dessa forma. Os companheiros, no entanto, esperam convencê-lo com argumentos fundamentais.
O perigo é de não eleger o sucessor ou sucessor, deitando a mar todo o conjunto de realizações em andamento. Deixar à míngua aqueles que hoje se beneficiam do bolsa-família? Ver paralisadas as obras do PAC? Assistir ao retorno dos neoliberais, das privatizações, da prevalência ainda maior dos bancos, da supressão dos direitos sociais e dos monopólios que sobraram? Ou comparecer aos funerais das últimas leis trabalhistas em vigor?
Imaginar que em 2014 tudo seria recomeçado com seu retorno ao governo, para o presidente Lula, equivaleria a um sofrimento dos diabos. E a uma incerteza, porque nem Juscelino Kubitschek conseguiu realizar o sonho de voltar em 1965.
Por isso, entre os companheiros, a expectativa de convencimento do Lula é imensa. Será, para ele, decidir entre o futuro do País e formalidades constitucionais que, conforme a própria Constituição, podem ser alteradas. Se alguém imagina o Congresso servindo de anteparo a essa manobra, pode esperar sentado. A maioria parlamentar também está no poder. Por que perdê-lo?
Fonte: Tribuna da Imprensa

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