Governador José Serra acusou CUT, Força Sindical, PT e PDT de incitarem confronto
SÃO PAULO - A marcha dos policiais civis em greve ao Palácio dos Bandeirantes se transformou em confronto com a Polícia Militar, o maior da história entre as duas instituições, deixando 24 feridos. O comandante do policiamento na Zona Oeste de São Paulo, coronel Danilo Antão Fernandes, foi atingido por um tiro de calibre 9 milímetros. Policiais civis dispararam até com fuzis em meio ao conflito. PMs da Tropa de Choque responderam com balas de borracha e de gás lacrimogênio. Pelo menos uma dúzia de viaturas foi danificada.
O governador do Estado, José Serra (PSDB), estava no Palácio e mantinha contato com o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão. Ele acusou CUT, Força Sindical e deputados do PT e do PDT de incitarem o confronto e reafirmou que não receberá os grevistas enquanto o movimento durar. Afirmou ainda que o comando das polícias vai punir os mais exaltados. Para os policiais civis, o responsável era o governador. "Isso foi o resultado da intransigência do governo. Se tivessem recebido uma comissão de policiais antes, isso não teria ocorrido", afirmou o delegado André Dahmer, diretor da Associação dos Delegados.
A marcha começou às 14 horas. Cerca de 2,5 mil policiais civis, com o apoio de sindicalistas da Força Sindical e da CUT, se reuniram na frente do Estádio do Morumbi. Os manifestantes queriam que uma comissão fosse recebida pelo governo. O estado mantinha a posição de não negociar com os grevistas. Para enfrentar a ameaça da marcha, a cúpula da Segurança Pública teve duas idéias. A primeira foi mandar para o estádio cerca de 50 carros e motos de grupos operacionais da Polícia Civil. Precavido, o governo também chamou a Polícia Militar.
Barreiras
O caminho para o Palácio estava tomado por PMs do patrulhamento da região e da Tropa de Choque. A intenção dos manifestantes era se aproximar da sede do governo pela Rua Padre Lebret. Quando a marcha começou, os delegados destacados pela Delegacia-Geral para conter os colegas se mostravam angustiados com a falta de resposta do governo sobre se alguma comissão de grevistas seria recebida. Entre os delegados não havia ninguém da cúpula da Polícia Civil, já a PM contava com o chefe do Policiamento da Capital, coronel Ailton Araújo Brandão. "Estou preocupado com o trânsito", dizia, 20 minutos antes do conflito.
Naquele momento, o discurso do deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT) deixou os ânimos exaltados. Ou o governador recebia a comissão ou eles iam até o Palácio. Os grevistas, sentados no chão, aplaudiram e gritavam: "Vamos lá, vamos lá." E levantaram-se e começaram a subir a Rua Padre Lebret. Por quatro vezes, os delegados tentaram contê-los. Em vão. Às 15h40, os grevistas chegaram à primeira barreira da PM. Eram homens do 16º Batalhão. Atrás dela, havia outras duas barreiras do batalhão. Ao lado do Palácio, a última linha era do 3º Batalhão de Choque e do Regimento de Cavalaria.
Às 16 horas, policiais mais exaltados forçaram o cordão da PM. Passaram pelas três barreiras. Foi quando a Tropa de Choque disparou as primeiras bombas e balas de borracha. Os policiais recuaram e tentaram nova carga. Os colegas que deviam controlá-los resolveram lutar contra os PMs. Revoltados, policiais civis agrediram o tenente Elias Profeta e depredaram viaturas militares.
Escondido em um estacionamento, um investigador atirou com fuzil. O coronel Fernandes foi atingido no abdome por uma bala de calibre 9 milímetros. De armas em punho, os civis apanharam viaturas e rumaram na direção da Tropa de Choque.
Foi a terceira carga, também contida. Depois de dez minutos, sobrou apenas o bate-boca entre os policiais. Às 17 horas, o delegado-geral, Maurício Lemos Freire, ordenou que todos os policiais civis saíssem dali. Em vão. Freire também deu ordem para que ninguém mais fosse para lá. Foi ignorado por centenas de policiais que queriam ajudar os colegas. Só às 20h30, os civis se dispersaram. A PM permaneceu no Palácio.
Serra
O governador de São Paulo, José Serra, telefonou ontem para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), cancelando a agenda prevista para hoje, em Campina Grande (PB), com o candidato do partido na eleição municipal. A razão para o cancelamento da programação foi o confronto ocorrido nesta tarde entre policiais civis em greve e a Polícia Militar.
Na conversa, segundo o senador, Serra mostrou-se indignado com a atuação de lideranças políticas como o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT), que teria liderado o movimento de ontem em São Paulo. Paulinho teria feito um discurso "incendiário" em cima do caminhão da Força Sindical que estava estacionado nas imediações do Palácio do Bandeirantes, local onde ocorreu o confronto entre as duas polícias.
Além da Força Sindical, o senador tucano citou a Central Única dos Trabalhadores (CUT), "que recebe apoio do governo e do PT", como outra entidade presente ao movimento de ontem. "O PT não tem apenas a impressão digital do movimento. Está de corpo inteiro", acusou Sérgio Guerra, que, na condição de presidente do PSDB, telefonou para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para conversar sobre a participação do seu partido, o PDT, no movimento.
O senador tucano disse que vai procurar também o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT). O contato com os líderes partidários tem como objetivo pedir a interferência em seus partidos, uma vez que são "envolvidos explicitamente no episódio que põe em risco a democracia".
Segundo Guerra, "há uma clara influência política de setores partidários na greve em São Paulo e uma ação para estabelecer o confronto entre as polícias civil e militar, num ato completamente irresponsável que visa a atingir a autoridade do governador e criar um ambiente de insegurança que, do ponto de vista dessas forças partidárias, poderá confundir o eleitorado".
"Há poucos dias da eleição, que configura uma distância muito grande entre o Gilberto Kassab (DEM) e Marta Suplicy (PT), gestos de desespero e antidemocráticos vão se expandindo em São Paulo", disse Guerra. Segundo o governador José Serra relatou ao senador, cerca de mil policiais, em um universo de 30 mil policiais civis, estariam participando do movimento de ontem.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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