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sábado, julho 19, 2008

O povo é o palhaço do circo

Josué Maranhão Visite o blog do Josué - REATIVADO
BOSTON – Ninguém duvide que o circo sobrevive. Não é mais aquele circo mambembe, montado no terreno baldio, com sua lona furada e remendada, por onde entra água da chuva. Não há mais jaulas com os leões desdentados, nem se vê o elefante cego. Ninguém espere rever nas ruas das pequenas cidades, o palhaço à frente da meninada, que sabe decoradas as respostas aos bordões tradicionais: - Hoje tem espetáculo? Tem sim, senhor! O palhaço o que é? É ladrão de mulher. Não há mais a troupe, que na semana santa encenava “A Paixão de Cristo”, ante a platéia de carolas que, lenço na mão, enxugava as lágrimas que teimavam em cair, quando Cristo era crucificado. O que se vê no momento é um circo moderno, adepto da mais avançada tecnologia. Até o ponto de permitir que, na encenação da chanchada, cada protagonista, ou grupo deles, atue em lugares diferentes, em outros palcos. Até parece que tudo no país virou um imenso palco. Usam os recursos da mídia para permitir ao público acompanhar o desenrolar do roteiro. Cada artista, após sua fala, dá a deixa para que o parceiro assuma o seu próprio papel, mesmo que estava em local diverso. Na encenação da paródia da vida, os intrépidos homens de preto, qual soldados romanos, levando suas armas (que não são brinquedo), vão invadindo casas, apartamentos, escritórios, de onde saem ladeando os vilões já algemados e carregando papéis, documentos e computadores. Não faltam os holofotes e os flashes, fazendo sua parte na espetacularização. Como, se toda a ação segue o que diz o roteiro? Tudo é um show. Ai, sim, está o próprio espetáculo. Não poderia ser diferente. Surgem em cena os artistas de mais prestígio, fazendo os papéis dos protagonistas principais. Um, no arroubo de iniciante, manda prender. Surge o outro, de mais prestígio e posição elevada, esbanja vaidade, dá as ordens e , espezinha o neófito. Está todo mundo solto, diz, arrogante.Todos os presos vão para a rua, ou para o conforto de suas moradias e escritórios luxuosos. Saem de cena. O espetáculo, no entanto, tem seqüência com a troca de ameaças, de manifestações de solidariedade, de represálias e outras bobagens. Em palco apartado, ocorre uma encenação privada, reunindo somente os atores (ou seriam os personagens) mais destacados. Ali mesmo traçam o seguimento da tragicomédia. E o povo? O povo assiste atônito à encenação. Não entende as minúcias do roteiro, mas esbraveja. Há um clamor generalizado, quando vê aqueles que considera os bandidos serem postos em liberdade, aparecendo no palco, lépidos e fagueiros, como se nada de que são acusados seja verdade. O pior, o que o povo não entende, é porque os bandidos, sejam os personagens, sejam os artistas que os representam, logo depois de postos em liberdade, somem. Ninguém sabe dos seus destinos, nem em que resultou todo o trabalho, tantas investigações, tantas provas. O certo é não se tem notícia de que qualquer deles tenha sido condenado ou preso. Simplesmente subiram aos céus, como a Conceição, da antiga canção. Resta relembrar Cauby Peixoto cantando: “Se subiu, ninguém sabe, ninguém viu”. Não importa a comoção popular. Os meandros da montagem do espetáculo são inacessíveis à mente da plebe ignara. O roteiro é prenhe de firulas e armadilhas, que somente os doutos entendem. Provoca pasmo generalizado e até revolta, quando o povo comprova que, ao contrário dos espetáculos tradicionais, os bandidos sempre são agraciados com um final feliz. Montaram a alegoria da impotência, diante da impunidade que se alastra.E os mocinhos? O roteiro é confuso, as falas contraditórias, os lances de choro ou de riso são inapropriados. Enfim, tudo difere dos espetáculos tradicionais, com as seqüências que o povo conhece, aprova e gosta. Insatisfeito o povão, mesmo assim os protagonistas, figurantes, mocinhos e bandidos vão continuar em cena. Até quando, não se sabe. Vão continuar encenando a peça que mais se assemelha a uma metáfora da vida, um simbolismo abstrato da realidade, como sempre se apresentam as escolas de samba em seus desfiles.O certo é que não adianta tentar imitar os circos antigos. Não será necessário escalar um palhaço para sair às ruas, seguido pela molecagem. O palhaço é o próprio povo. Inverteram os papéis. O palhaço não é o ladrão de mulher,como diz o refrão tradicional. Outros assumiram o papel. E ninguém pode negar: são muito mais hábeis. Preferem roubar o que é mais valioso. Uma coisa, no entanto, não muda: -
Hoje tem espetáculo? Tem, sim senhor!
Fonte: Última Instância

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