Por: Sebastião Nery
Em 1965, governador da Guanabara, Carlos Lacerda foi ao Japão, à Índia e ao Líbano, em visita oficial. No Líbano, esperando-o, estavam os deputados Jorge Curi, da UDN do Paraná, e Padre Godinho, da UDN de São Paulo, seus amigos, depois cassados com ele em dezembro de 68.
À noite, foram levados para conhecer o cassino de Beirute, maravilhoso, com um show no nível do Lido de Paris. Depois do show, a roleta. Padre Godinho ficou fora do pano verde. Disse-me que não por virtude, porque sorte não é pecado, mas com medo da traição das fichas.
Lacerda e Jorge começaram a jogar. Jorge, também libanês, zangado com as fichas conterrâneas, não acertava uma. Lacerda, naquele audacioso rompante de sempre, pegou todas as suas fichas e apostou numa parada só. Deu. Recebeu, arriscou tudo de novo. Deu de novo. Reuniu tudo e fez a terceira aposta total. Acertou na cabeça. Jorge e o padre extasiados: - Carlos, você fez três plenos. Dificílimo. Ganhou uma fortuna.
Lacerda
O crupiê pôs as fichas todas do governador numa bandeja enorme. Lacerda olhou aquele montão de fichas:
- Jorge, quanto será que vale isso? - Cinqüenta mil libras libanesas. Entre 25 e 30 mil dólares.
Lacerda chamou o crupiê:
- Tudo isso é seu. É a gorjeta.O crupiê segurou a bandeja, trêmulo. Jorge e o padre desesperados:- Carlos, isso é uma loucura. Gorjeta de 30 mil dólares? - Vamos embora, esse tipo de sorte não existe. Isso é coisa do governo. Eles estão querendo é comprar o governador da Guanabara.
E voltou para o hotel.
Dantas
O governo do PT é um imenso cassino. Um punhado de crupiês vai distribuindo as fichas conforme o cliente, de roleta marcada. Foi José Dirceu, Waldomiro Diniz, Marcos Valério, Delubio. Agora, Daniel Dantas.
No Mensalão, os clientes eram presidentes de partidos, senadores, deputados. Agora, são "consultores", "assessores", lobistas, advogados. Gente que entra no palácio sem precisar de crachá. O banqueiro baiano tem mais advogados do que toda a OAB (Ordem dos Advogados) junta.
Dantas é o sultão escalado agora para o governo Lula. Um dia, dá US$ 2 milhões ao "consultor", futuro ministro de Coisa Nenhuma, Mangabeira Unger. No outro, é o advogado amigo de José Dirceu, Almeida Castro, o brilhante Kakay, que recebe RS$ 8,2 milhões (diz que foram só [sic] RS$ 5,5 milhões). Depois, o eterno compadre de Lula, o advogado de todas as bocas, Roberto Teixeira, ganha R$ 1 milhão.
E aparece o ex-candidato do PT a líder e presidente da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh, que vira "Gomes" e embolsa R$ 660 mil, porque "tem acesso" ao chefe do gabinete de Lula e à ministra Dilma.
"Gomes"
Esse nome de guerra do Greenhalhg, "Gomes", não traz boas recordações e é um acinte, um desafio à impunidade. Se não me engano, um dos acusados no assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André, chamava-se Gomes, o "Sombra". Greenhalgh foi advogado dele e o chefe de gabinete do prefeito era o mesmo de Lula, o piedoso Gilberto Carvalho.
Greenhalgh é capitão de longo curso. Foi advogado de Lula, vice-prefeito da Luiza Erundina e por ela demitido da uma secretaria da prefeitura porque estava metido no escândalo "Lubeca". Por causa dele e da "Lubeca", a exemplar e extraordinária Erundina acabou saindo do PT.
Nessa historia toda só não ficou claro, até agora, porque, entre os bilionários Daniel Dantas e Naji Nahas, meteram o ex-prefeito Celso Pita, flagrado de pijama pedindo a Nahas a merreca de R$ 100 mil (só recebeu R$ 30).Pita deve ser um "cotista" do escândalo. Entrou na "cota dos negros".
Paulo Coelho
Da França, escreve-me Paulo Coelho:
"Salve, Sebastião! Tenho lido regularmente suas colunas. Ontem soube que esteve com o Fernando Morais no lançamento de `O mago', o que o deixou bastante contente. Na ocasião, ele comentou com você sobre uma nota saída há algum tempo em sua coluna, falando de eventuais problemas com a Receita.
Assim que li, pedi uma certidão negativa para lhe enviar, mas acabei deixando para mais adiante - e esqueci. Hoje, o Fernando me lembrou o assunto e estou anexando para seu conhecimento. Por sinal, tenho ido ao Brasil com alguma freqüência. O que tenho evitado, isso sim, é ser visto em lugares públicos, coisas desse tipo. Não faço muito o gênero. Um forte abraço, Paulo".
Paulo Coelho é um fenômeno universal, como é Pelé, como é Ronaldo, como é Ronaldinho Gaúcho. Como dizem os evangélicos, é um "abençoado". Fez tudo para dar errado e deu tudo certo. Nenhum escritor brasileiro, nem Jorge Amado, jamais conquistou o mundo como ele.
Alguns, sobretudo na universidade, questionam a literatura dele. Quando não é inveja, é bobagem mesmo. Cada autor faz sua literatura. Se Marcel Duchamps expõe seu mictório e sua roda de bicicleta no Museu de Arte Moderna em São Paulo, por que Paulo Coelho não pode vender 100 milhões de exemplares de seus livros em 455 traduções publicadas em 66 idiomas e 160 países? Eu morava em Paris quando ele estourou na cabeça das listas dos mais vendidos em toda a Europa. Não pagou um real por isso.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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