Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Os sociólogos vão ter ataques, mas para nós, do lado de cá, temos direito às nossas heresias e sacrilégios. Podemos, por exemplo, dividir a humanidade em dois grupos: dos espertinhos, que julgam poder tirar vantagem em tudo, e dos que humildemente acomodam-se às regras do jogo.
Tome-se o exemplo do trânsito. Convivemos todos os dias com aqueles tarados que colam seu carro na traseira do nosso, exigindo passagem muito acima dos limites de velocidade, cortam todo mundo, ultrapassam pela direita e ameaçam atropelar quem passa pelas faixas de pedestre. Se quiserem, há também o exemplo das filas de cinema.
A imensa maioria respeita a ordem de chegada, chega à bilheteria com o dinheiro na mão e curva-se à longa espera se o filme reúne multidões. Existe, porém, aquele energúmeno que despreza a fila, vai para a sua cabeceira e, mesmo sem conhecer o indigitado cidadão que a lidera, pede ou exige que lhe compre a entrada.
Pois em política é a mesma coisa. Verifica-se no Congresso grande número de deputados e senadores que vivem dos próprios vencimentos, desdobram-se em trabalhos nas comissões, dedicam-se à análise de projetos, acordam cedo, chegam tarde da noite no hotel em que moram em Brasília, viajam com sacrifício para seus estados e hesitam em candidatar-se à reeleição por falta de estímulos e carência de recursos. Junto a eles, porém, encontram-se os espertinhos.
São aqueles sempre envolvidos num bom negócio, na procura de propinas por conta de votos dados ou de projetos apresentados. Quando vão ao gabinete de algum ministro ou diretor de estatal, é sempre para obter um favor que lhes rendará polpudas comissões de grupos econômicos ou de empresas, por sua vez financiadores de tranqüilas reeleições.
Não se deve, porém, tomar a exceção por regra. A maioria do Congresso é, sem tirar nem pôr, o retrato do eleitorado. Com suas virtudes e com seus defeitos. Sem ser luminares e nem bandidos, contribuem com seu trabalho, mesmo sofrível, para que as instituições funcionem.
Por todo esse preâmbulo, extensivo aos partidos, é preciso não nivelar a prática política pelos espertinhos empenhados em levar vantagem em tudo. De vez em quando, eles quebram a cara.
O reverso da medalha
Nada mais certo do que o ministro da Justiça mandar e a Polícia Federal prender os responsáveis pelo tiroteio sobre índios, na reserva Raposa-Serra do Sol, em Roraima. Jagunços e fazendeiros, até seus filhos, acabaram algemados e trazidos presos para Brasília.
Agora tem o reverso da medalha. Teriam os índios o direito de invadir uma fazenda cujo território reivindicam, mas com a decisão pendente de pronunciamento do Supremo Tribunal Federal? Por serem índios estarão acima e além da lei? Não mais pela Constituição e pelo Código Civil, mas pela prática, ainda são tidos como incapazes, mas autorizados a atropelar as mais simples regras de convívio social? A menos que se tenham filiado ao MST, imune a essas bobagens democráticas, dispunham da prerrogativa de avançar sobre propriedade privada, aliás, produtiva? Como todo mundo, cabia-lhes aguardar a palavra do Judiciário.
Mas se são incapazes de absorver os postulados da sociedade que precisa protegê-los, então o dever do ministro da Justiça será mandar investigar quem os estimulou. Que grupos, associações, religiões ou ONGs encontram-se por trás de suas reações infantis? Foram induzidos à invasão, como tem sido introduzido faz muito na prática da contestação, que não entendem o que seja.
Se há fazendeiros envolvidos em ações criminosas, pau neles. Mas se existem interesses escusos por trás da baderna encenada por índios, a recíproca precisa ser verdadeira.
A redenção do cacau
O homem esteve na Bahia, ontem, resgatando o cacau. A partir de agora, está salvo um dos nossos maiores produtos agrícolas, não apenas livre da praga que o assolava, mas com amplos horizontes abertos à sua cultura e à exportação. O 13 de maio chegou quatro dias antes às regiões produtoras da matriz do chocolate. Até agora, só havia o caos e o fracasso dessa cultura. A partir de ontem, é o paraíso.
Convenhamos, o governo anda exagerando com essa história do PAC, cartola mágica da qual se tiram respostas para todas as perguntas. Antes dele, nada. Com ele, a redenção total. Agora, do cacau.
Pretendem impor à opinião pública aquele raciocínio de que, à maneira do Padre Eterno, criaram tudo, uma vez instalados no poder, porque antes era o caos. Por ironia, lembram comentário de um general intelectual dos tempos da ditadura, no caso, o então ministro do Exército, Lyra Tavares. Poeta e historiador de méritos reconhecidos, ele escorregou quando indagado sobre algum episódio da História do Brasil: "Não sei de nada. Nada aconteceu até 31 de março de 1964. Só depois...".
No caso do cacau, é maldade esquecer o quanto de trabalho e sacrifício se fez, desde o Império. Já fomos até o maior exportador mundial do produto. Corrigir erros, compensar defasagens, estimular avanços - tudo bem. É dever do governo. Mas achar que estão começando...
Apelo à Justiça Eleitoral
O senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB de Pernambuco, fez ontem veemente apelo ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral para enquadrarem o presidente Lula pelo uso e abuso de expedientes eleitorais através do PAC. Citou recentes pronunciamentos do chefe do governo em palanques do PAC, quando determinou às oposições "que tirassem o cavalinho da chuva", porque ele ganharia as eleições, e, depois, quando afirmou que fará o sucessor.
Vasconcelos desculpou-se por não haver estado presente, na véspera, na sessão que ouviu a ministra Dilma Rousseff. Elogiou a forma de como a chefe da Casa Civil rebateu questão inoportuna e inadequada "de um dos nossos" (o senador José Agripino), referindo-se à ditadura militar. Mas em seguida acusou a ministra de haver faltado com a verdade, por haver omitido de suas respostas a afirmação feita a empresários paulistas, "de que Fernando Henrique ia ver, se insistisse em atacar o governo".
Lembrou, em seguida, a divergência entre Dilma e o presidente da República, "porque o Lula, agora, vive elogiando a ditadura e os ditadores". Para o ex-governador de Pernambuco, talvez por se encontrar no fundo de uma fábrica, em 1964, o hoje presidente não percebeu a afronta feita à ordem jurídica e democrática quando da deposição do presidente João Goulart.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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